A alta montanha continua no Giro! Mais um dia muito importante para as contas finais da Grande Volta transalpina, num final de etapa que promete espetáculo.

 

Percurso

A montanha não para e mal se dê o tiro de partida em Ponte di Legno os corredores começam logo a subir o Passo del Tonale (8,6 kms a 6,3%). Esta subida não categorizada leva a mais de 70 quilómetros muito rápidos, quase todos em descida, mais ou menos pronunciada, até ao início de Giovo (5,9 kms a 6,8%). O terreno muda de feição e até ao sprint intermédio que fica localizado no sopé de Valico del Vetriolo, existem alguns pequenos topos.



Neste momento, restam 45 quilómetros para o fim mas onde se encontra a maior parte da dureza. A subida já referida tem 11,8 kms a 7,7%, sempre muito regular. Passada esta escalada e a respetiva descida, há um sprint bonificado mesmo antes da derradeira subida do dia, que se inicia a menos de 20 quilómetros da chegada a Lavarone. Monterovere serão 8 kms a uns impressionantes 9,6% de inclinação média, uma subida que, nos derradeiros 4 quilómetros tem 3 deles acima dos 11,5% de inclinação.

A etapa não termina em alto e, no seu topo distam 7900 metros para a chegada. Um pequeno topo, nada demais depois de toda a dureza já passada, separa os ciclistas da descida até à meta, num quilómetro final plano e que até termina em ligeira subida.

Táticas

Mais um dia decisivo no Giro d’Itália, uma etapa com uma parte final bastante idêntica à de hoje, com duas duras contagens de montanha na parte final e uma fase final em descida/plano até à meta. O início em subida é perfeito para a fuga, os principais trepadores terão maior facilidade em integrar a frente de corrida do que se a etapa se iniciasse com largos quilómetros de plano.

Tudo vai depender da atitude de Bora-Hansgrohe, Bahrain-Victorious e Astana, as equipas que assumiram a perseguição no dia de hoje. Acreditamos que as duas primeiras formações se irão meter ao trabalho, pode é ser já tarde para a vitória em etapa. As oportunidades para se fazerem diferenças na montanha começam a escassear e terão que ser aproveitados todos os metros a subir. Para além disso, a etapa 18 será relativamente tranquila para os homens da geral, pelo que os ataques podem surgir mais cedo.

 

Favoritos

Jai Hindley tem estado a um grande nível neste Giro, o melhor desde 2020 também na prova transalpina e é, neste momento, a grande ameaça à liderança da Richard Carapaz. Aos poucos, o australiano vai-se aproximando mas sabe que tem que ganhar mais do que as bonificações pois no contra-relógio poderá não ser suficiente. Hindley deverá tentar atacar a subir mas se não o conseguir, sabe que é muito forte ao sprint.



A luta pela montanha está ao rubro e, hoje, Giulio Ciccone mostrou-se como o mais sério rival de Koen Bouwman. O italiano ficou para trás cedo mas talvez sentindo que não tinha pernas para a discussão da etapa decidiu começar a poupar valiosa energia para amanhã, onde também estarão muitos pontos em disputa. Estando ao mesmo nível do passado domingo, será um corredor complicado de bater numa fuga.

 

Outsiders

Richard Carapaz tem estado no controlo do Giro mas a aproximação de Hindley pode começar a assustar. É certo que o equatoriano não tem passado por dificuldades mas os seus ataques não têm feito descolar os seus principais rivais e é sempre preferível estar na liderança do que correr atrás dela. Carapaz tem muita experiência, sabe o que tem de fazer para ganhar e, quando menos se esperar, poderá atacar.

Hoje vimos Mikel Landa de regresso ao seu melhor, ele bem avisou que o seu Giro começava mais seriamente na etapa 17. Estamos na praia do ciclista basco, é neste tipo de dias que Landa poderá fazer diferenças. Sabe que tem de atacar bastante uma vez que no contra-relógio será um dos mais prejudicados. Para vencer terá de chegar isolado.



Nos últimos dias, Antonio Pedrero tem tido mais liberdade para procurar a vitória e, depois de Valverde ter tentado hoje, o espanhol deve ser a aposta da Movistar amanhã. Pedrero é ciclista bastante discreto mas tem muita qualidade, é um excelente trepador e, se estiver na fuga certa, pode conseguir o grande triunfo da sua carreira.

 

Possíveis surpresas

João Almeida defendeu-se muito bem no dia de hoje, uma etapa bastante dura, onde sofreu a bom sofrer. Amanhã o final é idêntico mas chegará mais fresco, pelo que terá mais possibilidades de aguentar com os melhores. O facto de depois da última subida existirem mais quilómetros até à meta também o beneficia. Num grupo reduzido será dos mais rápidos. Veremos como a queda afetou Domenico Pozzovivo, estava a realizar um grande Giro e, apesar da perda de tempo de hoje, continua na luta e, agora, talvez com mais liberdade para procurar vencer uma etapa. Vincenzo Nibali também procura vencer uma etapa, amanhã é mais uma oportunidade para o Tubarão de Messina. Novamente olhando para a fuga, chegamos à altura de uma Grandes Volta onde os “cromos” começam a ser repetidos pois a dureza é tanta que só quem esteja bem poderá estar na discussão. Nomes como Koen Bouwman e Diego Rosa têm que ser mencionados devido à luta pela montanha. Thymen Arensman, Guillaume Martin, Simon Yates, Lucas Hamilton, Lorenzo Fortunato, Hugh Carthy e Davide Formolo são outros ciclistas que têm andado bem e à procura da vitória em etapa.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Rein Taaramae e Santiago Buitrago.



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