O World Tour está de volta com o aquecimento primordial para a Volta a França, o Criterium du Dauphiné! Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard e Remco Evenepoel têm pela frente a primeira batalha dos próximos meses. Que irá sair a sorrir?
Percurso
Etapa 1
A abrir uma das etapas mais acessíveis da competição francesa. 196 quilómetros sem grandes dificuldades, 7 contagens de montanha mas todas de 4ª categoria, a última delas a 8 quilómetros do fim. Apesar de curta, 600 metros a 8,8% podem fazer mossa e levar a ataques. Os sprinters vão ter de sofrer para lutar pela vitória em Montluçon.
Etapa 2
As dificuldades aumentam mas os sprinters devem voltar a sorrir no final em Issoire. Mais uma maratona, esta de 205 quilómetros, com tudo para se decidir nos difíceis 20 quilómetros finais. Duas colinas, 1800 metros a 5,9% e 810 metros a 4,3%, podem proporcionar ataques, principalmente a última que fica a apenas 5 quilómetros do fim. No entanto, uma chegada ao sprint é o mais plausível.
Etapa 3
Nova etapa acima dos 200 quilómetros e que começa com 18 quilómetros muito complicados, com duas contagens de montanha consecutivas, o que pode levar à formação de uma fuga perigosa. O miolo da etapa é sinuoso, mas sem grandes dificuldades, ao contrário dos derradeiros 20 quilómetros. O Côte du Château Jaune (1200 metros a 9,5%) abre as hostilidades, seguindo-se 880 metros a 5,3% a 10 quilómetros do fim. Um grupo seletivo pode isolar-se nestas dificuldades e discutir a vitória ao sprint em Charantonnay.
Etapa 4
Contra-relógio individual de 17 400 metros de extensão. Este esforço individual pode ser dividido em várias fases: os primeiros 6 quilómetros são planos, seguem-se 1800 metros a 8,5%, cerca de 2 quilómetros em plano, antes do terreno se tornar muito rápido para os últimos 7 quilómetros, sempre em ligeira descida até ao risco de meta.
Etapa 5
Mais uma etapa de média montanha, esta com as dificuldades todas guardadas para a segunda metade, com 4 contagens de montanha. A última delas, o Côte des Quatre Vents (5,4 kms a 4,6%) será a mais decisiva, mas ainda fica longe da meta, a mais de 30 quilómetros. Num dia com 1700 metros de desnível acumulado positivo, os homens rápidos que passem bem a média montanha têm uma oportunidade de ouro para lutar pela vitória.
Etapa 6
Chega a montanha! Apenas 127 quilómetros mas que deverão ser feitos a alta velocidade. Até ao Côte du Mont-Saxonnex (5,5 kms a 8,6%) existem duas contagens de montanha que servirão para endurecer a corrida, o mesmo acontecendo com esta, que termina a 40 quilómetros do topo. Um longo vale leva o pelotão para a sequência de subidas final, com o Côte de Domancy (2,5 kms a 9,3%) e o Côte de la Cry (2,7 kms a 8,7%) a estarem de forma consecutiva nos derradeiros 10 quilómetros.
Etapa 7
Uma etapa digna do Tour de France! 3 categorias especiais em 133 quilómetros, 3 subidas míticas! A abrir o Col de la Madeleine (24,7 kms a 6,1%), a meio do Col de la Croix de Fer (22,4 kms a 7%) e a terminar o Montée de Valmeiner (16,2 kms a 6,8%). Por incrível, a subida final é a menos dura e menos longa das três mas a dureza do dia irá fazer-se sentir nas pernas, uma subida bastante regular e sem grande descanso.
Etapa 8
Para terminar mais uma etapa relativamente curta, com 133 quilómetros. Os primeiros 15 quilómetros têm duas contagens de montanha mas a primeira grande dificuldade surge apenas ao quilómetro 60 com o Col de Beaune (6,7 kms a 6,7%). O Côte de Saint-André (2,5 kms a 7,5%) e o Côte d’Aussois (6,3 kms a 6,1%) antecedem a grande dificuldade do dia. A última montanha do Dauphiné 2025 é o Col du Mont-Cenis, uma subida com 9,7 kms a 7%. Atingido o alto, os ciclistas atingem um planalto para os últimos 5 quilómetros.
Táticas
Esta é uma prova que vai de menos a mais em termos de dificuldades. Os primeiros 5 dias serão para os homens da classificação geral sobreviverem a cortes, tendo o contra-relógio individual para criarem as primeiras diferenças. Não sendo um esforço muito longo e com uma subida, não é de esperar grandes diferenças entre os principais candidatos, apenas pequenos ajustes. A partir daqui será preciso esperar pela etapa 6, um dia mais explosivo. Os puros trepadores quererão fazer diferenças na etapa 7 e, por fim, a etapa 8 pode ser bastante armadilhada mas o facto de não terminar em alto não ajuda os ciclistas ofensivos.
Tadej Pogacar é o grande favorito mas a UAE Team Emirates não traz um grande bloco, digamos que Pavel Sivakov, Marc Soler, Tim Wellens e Jhonatan Narvaez estão longe de ser o apoio ideal para as grandes dificuldades mas deve ser suficiente já que Pogacar é um ciclista ofensivo e pode atacar de longe. A Visma com Jonas Vingegaard, Matteo Jorgenson e Sepp Kuss pode fazer um trio capaz de ombrear com a equipa árabe, principalmente os dois primeiros. Remco Evenepoel tem Valentin Paret-Peintre e Max Schachmann, no entanto os restantes homens da geral estão um pouco isolados: Lenny Martinez e Santiago Buitrago são uma dupla perigosa na Bahrain mas Movistar, Red Bull-BORA, INEOS Grenadiers e Lidl-Trek vêm com blocos mais fracos e divididos em várias ambições.
Favoritos
Pela segunda vez na carreira, e primeira desde 2020, Tadej Pogacar está presente. O esloveno é um animal de competição, sempre que está presente é para ganhar, não sabe estar mal preparado. Para além disso, estará motivado para acrescentar mais uma prova ao seu palmarés e, para além disso, tem pela frente os seus rivais do Tour. Vencendo aqui, a confiança estará ainda mais em alta e irá colocar mais pressão nos seus rivais. Este é um percurso ideal para Pogacar, ele que conta com Pavel Sivakov e Marc Soler como principais apoios.
Jonas Vingegaard regressa à competição pela primeira vez desde que abandonou o Paris-Nice. Praticamente 3 meses sem pedaladas oficiais, muito treino, vários estágios em altitude e primeiro grande duelo contra Pogacar. Se há ciclista capaz de o derrotar é o dinamarquês mas todos sabemos que Vingegaard é um ciclista de grandes objetivos, ainda não estará a top, mas se conseguir dar um golpe na moral do esloveno vai fazê-lo. As etapas de montanha são perfeitas, Sepp Kuss e Matteo Jorgenson são gregários de luxo, terá de aguentar nas chegadas mais explosivas.
Outsiders
Remco Evenepoel é o terceiro mosqueteiro presente. Fresco de estágio em altitude, o belga quererá testar-se contra os seus grandes rivais antes do Tour. Ainda com pouca competição este ano, o ciclista da Soudal QuickStep já deverá estar melhor que nas Ardenas, onde ainda se notou falta de ritmo. O contra-relógio será o seu ponto forte mas não irá ganhar assim tanto tempo aos seus rivais, caberá defender-se na montanha, onde ainda tem mostrado certas fragilidades.
Se há ciclista que pode aproveitar a marcação entre os 3 nomes já referidos é Matteo Jorgenson. O norte-americano está cada vez melhor a subir, prova disso são os 2 triunfos consecutivos no Paris-Nice e o Tour do ano pasasdo. Ter duas opções será importante para a Visma, Vingegaard mais na defensiva e Jorgenson para colocar pressão nos rivais.
2025 está a ser o ano de afirmação de Florian Lipowitz, 2º no Paris-Nice e 4º no País Basco. Após um período de descanso, o alemão tem uma merecida oportunidade de liderar a Red Bull-BORA e mostrar que continua a evoluir. Ciclista muito ofensiva, é daqueles que não terá medo de atacar cedo e dinamitar a corrida. Não tem nada a perder, sabe que só assim pode conseguir um grande resultado.
Possíveis surpresas
Lenny Martinez – não fosse o contra-relógio, onde vai perder tempo importante, e poderia estar mais acima na lista. O pequeno francês será um dos trepadores em maior evidência, tem sido um dos destaques este ano e quererá aproveitar a oportunidade.
Enric Mas – o espanhol vem de uma Primavera com bons resultados, estará motivado para um bom Tour. Este será um bom teste para ver o seu estado. Nunca rendeu no Dauphine, é sempre um ciclista que demora a carburar, para sua “sorte” ter as etapas de montanha no final da prova.
Carlos Rodriguez – não está a ser a temporada ideal para o espanhol, ainda não fez melhor que 6º em gerais. Apesar de tudo, tem tido algum azar e, agora com o Tour à porta, acreditamos que estará melhor. É sempre um corredor muito regular.
Santiago Buitrago – a outra alternativa da Bahrain-Victorious, ele que tem tido um ano bastante mais discreto nas competições importantes. Costuma aparecer nos grandes momentos, um corredor combativo que gosta de agitar com a corrida.
Mattias Skjelmose – numa Lidl-Trek que respira confiança, o dinamarquês é sempre um corredor fiável. Longe de ser um trepador, Skjelmose é um ciclista muito completo que tentará aproveitar o contra-relógio e as chegadas mais explosivas para depois se defender nas últimas etapas.
Guillaume Martin – costuma apresentar um bom nível a correr em França, ele que não tem tido a melhor das temporadas na estreia na Groupama-FDJ. Sempre um ciclista fiável nas provas por etapas.
Max Poole – vem de fazer o Giro, onde foi 11º e poderá acusar algum desgaste. Apesar de tudo, acabou bem a prova e aproveitar as últimas balas para conquistar um bom resultado e dar pontos UCI importantes à equipa
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Mathys Rondel e Harold Tejada.