A expectativa era muita e os rumores confirmaram-se. Vamos ter uma Volta a França como há muito não se via, uma autêntica festa para quem gosta de montanha. No entanto o desequilíbrio no percurso é evidente, só há 1 etapa com mais de 200 quilómetros e com tanta dureza quem pode sair a ganhar é o Giro caso tenha um traçado equilibrado.
Ora vejamos, as primeiras montanhas a sério aparecem logo na 2ª etapa nos arredores de Nice, um traçado semelhante à última etapa do Paris-Nice, com o Turini e o Col d’Eze. É muito raro haver 2 ascensões com mais de 10 kms logo a abrir o Tour Antes disso temos a grande partida em Nice, um dia que pode ver um sprinter vestir a camisola amarela, tal como em 2019.
A primeira chegada em alto é logo à 4ª jornada, numa subida que não é ultrapassada há mais de 30 anos. Falamos de Orcieres-Merletee, 7,1 kms a 6,7% de média, em 1971 Luis Ocaña fez uma grande exibição e derrotou Eddy Merckx. Depois de uma etapa para os roladores com chegada a Gap temos um dia de estreias, o Col de la Lusette (11,7 kms a 7,3%) e o Mont Aigoual (8 kms a 4,3%). No entanto são quase 35 kms a subir.
A 7ª etapa volta a ser para os sprinters, outra rara oportunidade já que a montanha está de volta na 8ª tirada, uma sequência com o Col de Menté, o Port de Balès (11,7 km a 7,7%) e o Col de Peyresourd (9,7 kms a 7,8%)e, que fica a cerca de 10 kms da meta. Segue-se a ligação entre Pau e Laruns, num perfil que parece ser perfeito para uma escapada, o Col de la Hourcere et du Soudet está ainda muito longe da meta e o Col de Marie Blanque fica a 19 kms.
Com tanta montanha não ficaríamos admirados que a 10ª etapa, em secções muito expostas, fizesse mais diferenças que muitas chegadas em alto. Os sprinters devem reinar supremos em Poitiers antes da média montanha entre Chauvigny e Sarran, a etapa mais longa desta edição, com 218 kms. O interregno de montanhas acaba ao 13º dia, o Col de Neronne e o Pas de Peyrol estão nos últimos 20 kms, uma chegada em alto com pendentes terríveis, os últimos 2,5 kms a 11,5%.
A etapa 14 chega a Lyon com um final muito complexo, 3 pequenas subidas nos últimos 15 kms. A partir daí oss sprinters só podem brilhar nas etapas 19 e 21, na tradicional chegada a Paris. Resta saber que sprinters resistiram a tanta dureza, se não fugirem do Tour a sete pés mesmo antes dele começar. E o único contra-relógio está na penúltima etapa, 28 kms planos antes da subida à Planche des Belles Filles. Entre as jornadas 15 e 18 há então 4 incursões à alta montanha.
Na etapa 15 temos a chegada ao Grand Colombier, com 17,4 kms a 7,1%, no dia seguinte com final em Villard de Lans há uma ascensão duríssima a 20 kms da meta e na tirada 17 surge a etapa rainha. Passagem aos 2000 metros pelo Col de la Madeleine (17,1 kms a 8,4%) e final no Col de la Loze (21,5 kms a 7,8%), com os últimos 5 kms sempre acima dos 9%. Por fim, na etapa 18 são 4 as contagens de montanha, incluindo o Cormet de Roseland. Não há chegada em alto, mas há um perfil ofensivo que pode favorecer quem ataca de longe
Percurso etapa a etapa
1ª etapa, Sábado 27 de Junho: Nice – Nice, 170 kms. Colinas
2ª etapa, Domingo 28 de Junho: Nice – Nice, 190 kms. Montanha
3ª etapa, Segunda 29 de Junho: Nice – Sisteron, 198 kms. Plana
4ª etapa, Terça 30 de Junho: Sisteron – Orcières-Merlette, 157 km. Montanha
5ª etapa, Quarta 1 de Julho: Gap – Privas, 183 km. Plana
6ª etapa, Quinta 2 de Julho: Le Teil – Mont Aigoual, 191 km. Montanha
7ª etapa, Sexta 3 de Julho: Millau – Lavaur, 168 km. Plana
8ª etapa, Sábado 4 de Julho: Cazères – Loudenvielle, 140 km. Montanha
9ª etapa, Domingo 5 de Julho: Pau – Laruns, 154 km. Montanha
Descanso, Segunda 6 de Julho. La Charente-Maritime
10ª etapa, Terça 7 de Julho: Ile d’Oléron – Ile de Ré, 170 km. Plana
11ª etapa, Quarta 8 de Julho: Châtelaillon-Plage – Poitiers, 167 km. Plana
12ª etapa, Quinta 9 de Julho: Chauvigny – Sarran, 218 km. Colinas
13ª etapa, Sexta 10 de Julho: Chatel Guyon – Puy Mary, 191 km. Montanha
14ª etapa, Sábado 11 de Julho: Clermont-Ferrand – Lyon, 197 km. Colinas
15ª etapa, Domingo 12 de Julho: Lyon Grand Colombier, 175 km. Montanha
Descanso, Segunda 13 de Julho. Isère
16ª etapa, Terça 14 de Julho: La Tour du Pin – Villard de Lans, 164 km. Montanha
17ª etapa, Quarta 15 de Julho: Grenoble – Méribel (Col de la Loze), 168 km. Montanha
18ª etapa, Quinta 16 de Julho: Moutiers – La Roche sur Foron, 168 km. Montanha
19ª etapa, Sexta 17 de Julho: Bourg en Bresse – Champagnole, 160 km. Plana
20ª etapa, Sábado 18 de Julho: Lure – La Planche des Belles Filles, 36 km. Contra-relógio Individual
21ª etapa, domingo 19 de Julho: Versailles – Paris, 122 km. Plana
Resumo deste Tour 2020:
1 CRI (36 kms, mas com chegada em alto)
10 etapas de alta montanha (5 chegadas em alto)
3 etapas de média montanha
7 etapas “planas” (dificilmente os sprinters conseguirão discutir todas)
1 etapa acima dos 200 kms