Os corredores da formação espanhola liderada por Eusebio Unzué tiveram um desempenho, em 2020, muito aquém do esperado. A transformação e contratações que a Movistar teve, devido às muitas saídas, não se revelaram suficientes, para uma formação que está habituada a ganhar.



Os dados

Vitórias: Apenas 2 vitórias, ambas do espanhol Marc Soler

Pódios:  12 pódios, seis deles no WorldTour

Dias de competição: 154 dias de competição, com quase todas as provas na Europa

Idade média do plantel: 28,8 anos, com Alejandro Valverde a aumentar a fasquia, com os seus 40,6 anos.

Mais kms: Valverde, com 10738 km percorridos.

Melhor vitória: Marc Soler na etapa 2 da La Vuelta

O mais

O ciclista em destaque foi, claramente, o espanhol Enric Mas. O corredor de 25 anos fechou várias vezes no top dez em etapas, na Volta a França e na Vuelta, concluindo ambas as provas no quinto lugar da geral. Para além disso, o maiorquino conseguiu vencer a camisola da juventude na Vuelta. Foi quem conseguiu amealhar mais pontos UCI para a equipa, acabando a temporada com 926.

A longa paragem que o ciclismo teve que enfrentar não foi boa para ninguém, especialmente para os ciclistas mais velhos, que tendem a ter uma recuperação de ritmo mais demorada. É normal que se esperasse mais de Alejandro Valverde, que não teve uma época recheada de vitórias como é habitual, com um segundo lugar na segunda etapa da Volta à Comunidade Valenciana como melhor classificação. Fechou no top cinco em 3 etapas da Vuelta e esteve perto de ganhar uma clássica espanhola. Ainda assim, o corredor veterano, de 40 anos, terminou a Vuelta no 10.º lugar, e o Tour na 12.ª posição. A aliar a isto foi o corredor que mais vezes teve perto da discussão das etapas, acabando por 15 vezes no top dez. Provavelmente, não voltaremos a ver o “Bala” com os níveis exibicionais de 2019, mas a experiência e sabedoria que passa para a equipa é inegável.



Marc Soler conquistou os únicos triunfos da equipa espanhola. A astúcia e determinação que mostrou, principalmente na Vuelta, foi de louvar. Não é um corredor regular para a geral, mas caso ataque, já se sabe que o perigo é iminente. Nota ainda para o trabalho do anadiense Nelson Oliveira, em prol dos seus líderes. O ciclista português fez ainda alguns bons resultados, com um terceiro lugar no contrarrelógio da Vuelta, e quarto no esforço individual da Vuelta a San Juan, onde terminou no sexto lugar da classificação geral. A equipa venceu ainda as classificações por equipas do Tour e da Vuelta.

O menos

No cômputo geral, os reforços pouco trouxeram à equipa. As saídas de nomes como Nairo Quintana, Mikel Landa, Carapaz e Amador, revelaram-se difíceis de colmatar. Enric Mas foi quem sobressaiu dos catorze reforços, Davide Villella e Dario Cataldo estiveram apagados de resultados individuais, focando-se no trabalho de equipa. Sergio Samitier ainda teve alguns momentos no Giro de Itália, onde acabou em 13.º lugar.  Dos restantes ciclistas, pouco ou nada se viu. Dos corredores, que já transitavam de 2019, o sprinter espanhol Eduard Prades esteve a léguas do seu melhor, com a equipa a dar-lhe poucas oportunidades também. O argentino Eduardo Sepulveda e o colombiano Carlos Betancur estão a enfrentar um abismo na carreira.

O mercado

Saídas já confirmadas de Eduard Prades para a Delko One Provence e de Eduard Sepúlveda para a Androni-Giocatolli. Jurgen Roelandts abandona o ciclismo no final do ano, enquanto que Betancur não voltou a competir após o período de confinamento, e não viu o seu contrato renovado. A contratação sonante e mais que bem-vinda é a de Miguel Ángel López, um trepador puro que trará qualidade para a alta montanha. Será mais um nome para liderar nas provas de três semanas.

Um nome interessante para a Movistar é o de Iván García Cortina. O espanhol de 25 anos, fixou um contrato de três anos com a equipa, sobretudo para conquistar bons resultados nas clássicas e no pavé. As qualidades como sprinter são visíveis, apesar de não ser dos mais velozes, consegue intrometer-se várias vezes no top dez. Conquistou um triunfo no Paris-Nice, à frente de nomes como Sagan, Cees Bol, Bouhanni e Nizzolo.



O austríaco Gregor Muhlberger, vindo da Bora-Hansgrohe, é outra adição à equipa, um ciclista com qualidades de trepador, mas que se adapta, no geral, a todo o tipo de terreno. O espanhol Gonzalo Serrano chega da Caja-Rural, mais um corredor espanhol, em quem se acredita ser um nome promissor para as próximas épocas. Esteve em evidência este ano, ao conquistar uma etapa na Volta a Andalucia e a camisola da montanha na Volta à Comunidade Valenciana. Por fim, o porto-riquenho de 20 anos, Abner González, assinou um contrato de três anos com a equipa. Será um neo-pro em 2021, e envergará a camisola de campeão nacional de estrada de Porto Rico. É um ciclista que obteve bons resultados no calendário amador espanhol e nas provas dos escalões mais jovens. São-lhe atribuídas características de um all-rounder, com perspetivas de progressão no futuro.

O que esperar de 2021?

Uma equipa que está habituada a não ter “cão e a caçar com gato”, se o plano da geral não der resultados em 2021, vão atirar-se de cabeça para as fugas e para as outras classificações secundárias. Miguel Ángel López, Enric Mas e Valverde serão os líderes da equipa para as provas por etapas. Marc Soler será um nome importante, mas provavelmente com menos oportunidades de liderar.



O bloco para a montanha será composto por Davide Villella, Dario Cataldo, Héctor Carretero, Antonio Pedrero, Carlos Verona e Muhlberger. Uma equipa que mistura experiência à juventude, com Valverde, Imanol Erviti e Joaquín Rojas a liderarem os mais novos. Nélson Oliveira permanece como o nome principal para o contrarrelógio. Ivan García Cortina tentará conquistar resultados nas provas de um dia, sobretudo no pavé, enquanto que Valverde assumirá as despesas nas clássicas acidentadas. As classificações por equipa deverão ser objetivos atingíveis, como já é habitual.

 

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