Foi uma temporada razoável por parte dos comandados de Matthew White, uma época que valeu sobretudo pela segunda metade do ano. Com alguns dos líderes em subrendimento, houve outros corredores que se chegaram à frente e, para 2025, há mudanças importantes.

 

Os dados

Vitórias: Um total de 25, um número bastante apreciável. Praticamente 2 terços vieram depois de Abril, particularmente após os Nacionais.

Pódios: 56 pódios, é uma equipa bastante eficaz neste racio entre vitórias e pódios.

Dias de competição da equipa: 265 dias, não é uma formação que faça muitas provas, por exemplo, entre o final de Março e meio de Maio só fez corridas WT e ProSeries

Idade média do plantel: 29,1 anos porque teve um total de 14 ciclistas acima dos 30 anos.

Mais kms: Italianos ao poder, Filippo Zana foi o único a fazer mais de 12 500 kms em competição.

Melhor vitória: Por toda a carga emocional que teve para ele, pela prova em que foi e pela concorrência que bateu, escolho a etapa 11 da Vuelta, ganha por Eddie Dunbar.



O mais

É incrível como, ano após ano, Michael Matthews continua a ser um dos mais consistentes e um dos fiéis da balança desta equipa, mesmo aos 34 anos. Faz top 10 na Brabantse Pilj e na Amstel Gold Race, 2º na Milano-Sanremo quando quase ninguém esperava, ganha o G.P. Quebec e 7º na Bretagne Classic, foi muito discreto e extremamente eficaz para fazer quase 2000 pontos UCI para a equipa australiana.

Eddie Dunbar teve muitos problemas físicos, apareceu em grande para voltar a deixar uma grande imagem na Vuelta, onde foi uma das figuras de proa. Também gostei de ver Luke Plapp, fez um bom Giro e um excelente Paris-Nice, estou muito curioso para ver o que vai conseguir fazer em 2025. Primeira época de Davide de Pretto a este nível e gostei bastante, correu muito e acabou o ano ainda fresco com vários top 10 em clássicas italianas, é alguém que passa muito bem as colinas e, atenção, porque fazer top 30 numa corrida com a quilometragem da Milano-Sanremo, aos 22 anos, não é para todos. Anders Foldager começou devagar, devagarinho e de repente fez 4º na Volta a Eslováquia, 3º na Volta a Dinamarca, 6º na Cro Race e 3º na Coppa Sabatini, alguém a ter em conta nas clássicas das Ardenas.

 

O menos

Simon Yates não conseguiu atingir o nível de 2023 e esteve mesmo muitos furos abaixo, foi apenas 12º no Tour, 7º no Tour Down Under, 11º no Tour de Romandie, isto falando de corridas do World Tour. Estes resultados não são de quem é líder de uma estrutura desta dimensão e claramente havia alguma saturação, também justificado a sua saída para a Visma-Lease a Bike. Yates nunca foi um ciclista consistente e fiável, este ano nunca teve aquela grande exibição que costuma ter. Devo dizer que Dylan Gronewegen, apesar dos seus 1400 pontos UCI, também não esteve incrível, principalmente pela sensação de estar muitas vezes mal colocado e nem sempre com a potência dos seus rivais. Falhou no UAE Tour, no Paris-Nice, na Gent-Wevelgem e no Scheldeprijs, só teve aquele raio de luz mesmo no Tour. Sai de 2024 com 5 vitórias e 12 pódios, mas sem impressionar.



Para Caleb Ewan já nem há palavras, um ciclista que parece resignado, quase sempre mal posicionado, que já só é favorito nos sprints em pequenos topos e que está claramente mentalmente abalado nesta fase da carreira, sai de 2024 com 3 pódios, todos eles redundaram em vitória.

A minha desilusão também recai um pouco naqueles jovens que apareceram um pouco e que não conseguiram dar o salto qualitativo em 2024, caso de Mauro Schmid nas clássicas das Ardenas, de Felix Engelhardt e Blake Quick nos sprints e de Jesus David Peña na montanha e uma equipa como a Jayco, que não tem assim tantos recursos como algumas das rivais, precisa deste tipo de elementos.

 

O mercado

Foi das equipas com mais mudanças estruturais dentro destas formações de metade da tabela, muito porque troca de líderes para a classificação geral, sai Simon Yates, um histórico desta estrutura, e entra Ben O’Connor, um dos corredores sensação de 2024 e que espera manter esse nível em 2025, também para bem da equipa. Depois sai Lucas Hamilton, um trepador de qualidade, mas entra Paul Double, um corredor com características semelhantes e que finalmente terá uma oportunidade a este nível.

Craddock, Grondahl Jensen e Scotson eram ciclistas importantes, não sendo perdas irreparáveis, tanto que um dos reforços é Koen Bouwman, alguém parecido a Craddock. Jasha Sutterlin e Patrick Gamper são 2 gregários poderosos e que podem ser importantes do terreno plano e na preparação de sprints. Jelte Krijnsen dá um salto enorme, do escalão Continental para o World Tour, é um perfil interessante na medida que tem uma boa ponta final, é ofensivo e não é um puro sprinter; Hellemose regressa ao World Tour, será mais para participar nos comboios; Robert Donaldson é mais um ciclista de clássicas, 11º no Tour of Britain, 2º no Paris-Roubaix sub-23; e Alan Hatherly é uma contratação um bocadinho estranha, um completo desconhecido a nível internacional.



O que esperar de 2025?

Creio que tudo correndo bem à Jayco é uma equipa que pode perfeitamente entrar no top 10 do ranking, a grande questão aqui vai ser o rendimento de Ben O’Connor, visto que 2024 foi, até agora, uma temporada fora do normal, para o que o australiano tinha feito em termos de desempenho e consistência. Acho que com Harper, Double, Bouwman e possivelmente Zana, O’Connor tem apoio suficiente na montanha para atacar outro top 5 numa Grande Volta, a questão é que estes corredores não se desdobram se Eddie Dunbar também fora com estas ideias. O irlandês é perfeitamente capaz de somar muito mais pontos se não tiver lesões e conseguir estar ao nível da Vuelta.

Depois nos sprints há diversas opções, espero que haja mais espaço para Davide de Pretto nas grande competições, o italiano merece e Caleb Ewan claramente está fora dela. Os comboios parecem muito bons, ciclistas como Walscheid, Mezgec, Sutterlin, Stewart, O’Brien, Hepburn, Durbridge. Para as clássicas do empedrado, parece um alinhamento curto, no entanto para as Ardenas este conjunto de Engelhardt, Matthews, Schmid e Foldager não soa nada mau. Ainda que, com a presença habitual de Tadej Pogacar, estas corridas se tenham tornado para vez mais duras e complicadas para sprinter que passam bem as colinas.

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