Muitos ciclistas escolhem o final de uma determinada época para terminar a sua carreira, mas até nisto Mathew Hayman é especial. O australiano quis despedir-se em casa, junto dos seus, e numa competição onde sabia que a equipa tinha hipóteses de ganhar.




Durante todo o Tour Down Under vimos Mathew Hayman a proteger Daryl Impey, e com a carreira de ciclista profissional a escassos quilómetros do fim ainda fez um último esforço antes de Willunga Hill para deixar o seu líder bem colocado. Algo que conseguiu de uma forma eficaz e profissional, 2 atributos que teve toda a carreira. Foram mais as alegrias de outrem do que alegrias próprias, mas é mesmo assim o ciclismo, para uns ganharem outros têm de trabalhar.

Foi em 2016 que Hayman teve o seu momento de glória, aquele épico Paris-Roubaix atacado quase desde o quilómetro 0 em que o australiano, na altura com 37 anos, bateu ao sprint Tom Boonen e Ian Stannard depois de ter estado quase todo o dia em fuga. Quando cruzou a linha de meta nem queria acreditar, ainda em estado de choque perguntou várias vezes se tinha mesmo ganho, e na hora de festejar agradeceu aos seus companheiros, aqueles pelos quais tantas vezes tinha deixado tudo na estrada.




O vídeo filmado pela Orica Greenedge (agora Mitchelton-Scott), tornou-se viral e ultrapassou o meio milhão de visualizações. Todos queriam ver como é que tinha sido os bastidores da vitória de um ciclista que semanas antes nem sequer sabia se poderia competir no Inferno do Norte e que fez grande parte da sua preparação em casa, utilizando o “Zwift”. Os vídeos mostravam que Hayman era um exemplo para os mais novos, um pai ou irmão mais velho dentro da equipa.

A lealdade sempre foi uma das características do ciclista de 1,90 metros. Em 19 anos de ciclista profissional passou por 3 equipas, a Rabobank de 2000 até 2009, a Sky de 2010 até 2013 e por fim o projecto caseiro da Mitchelton-Scott, de 2014 até 2019, onde se sentiu que estava finalmente em casa. Não era um homem de Grandes Voltas, só participou em 11, mas era um ciclista de clássicas, marcando presença em 41 Monumentos, finalizando 37 deles.




Na sua carreira só teve 3 triunfos, mas 1 deles tem o sabor especial da terra do Norte de França, e poucos corredores podem terminar o seu pecúlio no ciclismo profissional e dizer que ganharam o Paris-Roubaix. Depois de deixar Impey bem colocado, ajudando mais um companheiro, descaiu no grupo, sendo cumprimentado por muitos corredores de equipas “rivais”, o que diz bem da sua unanimidade dentro do pelotão.

Por fim, aqui fica um vídeo de tributo que a sua ex-equipa, Mitchelton-Scott fez:

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