Depois de um dia mais calmo, regressam as etapas mais complicadas neste Giro. Um dia com sobe e desce constante, muitas dificuldades no seu miolo, e um final que promete ser animado. Teremos nova fuga a ter o seu sucesso?
Percurso
194 quilómetros numa etapa de média montanha, o estilo de etapas que a RCS Sport gosta, com sequências de curtas subidas. Martinsicuro acolhe a partida da tirada e seguem-se 50 quilómetros planos antes da primeira dificuldade do dia. Mais de 10 subidas no menu do dia, apenas 4 são categorizadas, o que pode enganar os mais desatentos. O mais importante estará nos últimos 45 quilómetros de corrida, fase que terá 3 subidas, por sinal, as mais difíceis.
Ripe coincide com o Intergiro Sprint, uma subida de 2,2 kms a 4,2%, que faz parte de uma subida total com 5 quilómetros a 3,2% até La Croce e é pontuável para a montanha. Rapidamente os ciclistas fazem a descida e voltam a subir para … novo sprint intermédio. 1200 metros a 5,1% até Mondolfo. O topo fica a 32 quilómetros do fim, descida muito rápida, 10 quilómetros de plano e última dificuldade do dia. O Monte Giove são 1100 metros a 9,7%, um verdadeiro muro, com o seu topo localizado a 12,7 quilómetros da meta. Mais uma pequena descida, antes dos 8 quilómetros finais planos até à chegada em Fano. Em caso de sprint, o final é bastante técnico.
Táticas
Podemos dizer que este é um perfil em tudo idêntico ao da etapa 9 no entanto é mais duro no seu miolo o que pode evitar uma chegada ao sprint, como aconteceu no domingo. Segue-se uma etapa plana e um contra-relógio, pelo que os ciclistas mais completos sabem que têm aqui uma oportunidade de lutar pela vitória antes do descanso ativo. Com tudo isto, acreditamos numa etapa muito atacada, talvez nem se forme a fuga nos primeiros 50 quilómetros e só quando surgir a dureza é que a mesma vai cosneguir ter permissão por parte do pelotão.
Muitas equipas ainda não venceram e já estamos na segunda metade da competição, pelo que irão correr com mais pressão e a tentar de tudo para estarem na frente, pois sabem que é numa fuga que têm mais hipóteses de vencer. A etapa pode ser controlada, talvez a Alpecin-Deceuninck o faça para Kaden Groves mas sozinha a equipa belga não terá tarefa fácil e pode ser atacada na fase final, num cenário parecia ao que aconteceu em Nápoles. Uma etapa imprevisível, com vários desfechos possíveis.
Favoritos
Jhonatan Narvaez tem sido um dos grandes destaques deste Giro. O equatoriano venceu a abrir, tem feito um trabalho incrível para os seus líderes e, no domingo, esteve novamente perto de vencer. Ciclista muito explosivo, Narvaez adora estas subidas curtas e inclinadas e será muito complicado ver alguém a segui-lo quando atacar forte. Num sprint em grupo reduzido será, também, dos favoritos. Tanto pode vencer em fuga, como num ataque tardio.
Tem sido muito bom ver Maximilian Schachmann a um nível parecido a quando era um dos destaques do pelotão. Ainda não está nesse nível, mas já o vemos competitivo o suficiente para discutir as etapas. O alemão tem tido alguma liberdade e, se há uma etapa que lhe assenta bem, é esta. Não terá dificuldades neste tipo de subidas e, para além disso, se tiver de atacar de longe não terá receio de o fazer.
Outsiders
A INEOS Grenadiers tem mais que uma opção para esa etapa e Magnus Sheffield é uma delas. O norte-americano tem estado discreto mas, ao mesmo tempo, um dos principais ciclistas no apoio na montanha, o que demonstra o incrível momento de forma. Tendo alguma liberdade para integrar a fuga será um perigo à solta, Sheffield se se apanha na frente sozinho ou num pequeno grupo é complicado de superar.
Quinten Hermans tem aparecido nas etapas de média montanha, amanhã é mais uma grande chance para brilhar. É nestes dias que o belga pode procurar resultados pessoais, um terreno perfeito para o ciclista da Alpecin-Deceuninck que adora estas provas a fazer lembrar as clássicas. Muito combativo e um ciclista rápido em grupos restritos, tudo vai depender do que a sua equipa queira para amanhã, já que pode ficar “preso” a Kaden Groves, algo que sinceramente não vemos a acontecer.
Ver Michael Valgren a destacar-se como tem acontecido neste Giro é algo incrível, depois de tudo o que aconteceu, com uma lesão que podia ter terminado a sua carreira. O dinamarquês está a regressar ao seu nível, um ciclista de clássicas, muito forte no terreno mais ondulante e combativo. Já foi 2º numa etapa em fuga, ontem aguentou muito tempo com os melhores numa subida muito complicada, o seu momento pode estara chegar.
Possíveis surpresas
Amanhã é um dia em que várias equipas têm mais que uma opção para estar na frente e, no final, isso pode revelar-se importante. Desta forma, vamos, primeiramente, analisar essas mesma situações.
A Visma|Lease a Bike está reduzida a apenas 4 ciclistas, hoje tentaram dois amanhã será a vez de outras caras, ou seja, Attila Valter e Jan Tratnik. O húngaro e o esloveno são dois ciclistas que se adaptam muito bem a este tipo de perfil, subidas curtas mas duras, a fazer lembrar as clássicas onde ambos já se destacaram no passado. Valter pode ser guardado para o final e Tratnik para atacar de longe.
A Soudal-QuickStep é uma equipa que vai tentar estar na frente. Julian Alaphilippe e Mauri Vansevenant são as principais apostas para amanhã. O francês deverá estar na frente, já o fez diversas vezes neste Giro, não tem é conseguido finalizar da melhor forma, ou descola demasiado cedo ou há sempre alguém mais forte. Vansevenant pode ser mais resguardado para atacar no final, prefere quebrar a tentar do que não o fazer.
A Israel-Premier Tech tem passado ao lado deste Giro, amanhã é uma boa etapa para Nick Schultz e Marco Frigo, dois ciclistas que se adaptam à média montanha e já deram boas indicações. Schultz é o mais rápido dos dois, o que pode ser mais resguardado.
Henok Mulubrhan e Simone Velasco são duas das boas opções que a Astana tem para amanhã, ciclistas relativamente rápidos em grupos restritos e que passam relativamente bem estas subidas. Mulubrhan já apareceu por diversas vezes em fugas, ainda esta com pernas, Velasco tem estado mais discreto mas, sendo o campeão italiano, terá que aparecer até ao final.
A Decathlon AG2R tem dado liberdade aos seus ciclistas e, num dia em que Ben O’Connor não deverá ter tantas dificuldades, Andrea Vendrame e Aurélien Paret-Peintre podem ser duas setas apontadas para amanhã. Ambos os ciclistas já tiveram sucessos no Giro, é importante lembrar disso pois pode vir a revelar-se decisivo nos momentos mais importantes.
Pelayo Sanchez já venceu uma etapa e pode voltar a sorrir. O espanhol tem estado mais discreto, mas também é certo que ainda não teve mais etapas ao seu jeito. Sem pressão, os resultados até podem ser melhores. Filippo Ganna pode muito bem vencer esta etapa, depende se se vai poupar tendo em vista o contra-relógio de sexta-feira. Por fim, olho em Kaden Groves, Edoardo Zambanini e Giovanni Aleotti.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Ewen Costiou e Nicola Conci.