É tempo para a atribuição do derradeiro título nacional! A festa do ciclismo não podia terminar sem os elites masculinos batalharem pela camisola de campeão nacional. Será que o título irá continuar na UAE Team Emirates?
Percurso
164,5 quilómetros de prova, com um total de 2250 metros de desnível acumulado positivo, num percurso em torno de Santa Maria da Feira. Algo já tradicional nos Campeonatos Nacionais é a existência de um circuito e, como vem sendo hábito, amanhã não será exceção. O percurso será feito à volta da cidade feirense, só que ao contrário das categorias que já estiveram na estrada (com exceção dos sub-23 masculinos), os elites masculinos iniciarão a prova com uma volta de 45 quilómetros até à entrada no circuito final, a ser percorrido por 6 vezes. Esta parte já apresenta alguma dureza, com algumas subidas que podem ser determinantes no desfecho da prova.
O circuito de Santa Maria da Feira tem alguma dureza, com alguns pequenos topos, com a grande dificuldade a estar situada no final. A chegada ao Castelo de Santa Maria da Feira conta com 600 metros a 7,3%, um final explosivo. A juntar a esta dureza, o final é em empedrado, o que vai dificultar, ainda mais, a vida dos ciclistas.
Táticas e favoritos
A prova de estrada dos Campeonatos Nacionais é sempre uma corrida muito particular em termos tácticos. Um pelotão muito reduzido, blocos geralmente pequenos e das duas uma, ou se destaca relativamente cedo um grupo com 10 a 20 unidades que serve o interesse de muitos blocos, ou a corrida é completamente anárquica e atacada de início ao fim. Desta vez, por lesão ou opção, apenas teremos 4 ciclistas que correm no World Tour, no caso Rui Costa da EF e a armada da UAE composta por António Morgado, Ivo Oliveira e Rui Oliveira. A última vez que uma equipa nacional conseguiu ganhar esta corrida foi com José Neves em 2021, e desde esse ano que um ciclista da UAE está, pelo menos, no pódio, sendo que João Almeida triunfou em 2022 e Ivo Oliveira em 2023, diante do seu irmão Rui Oliveira.
Desta forma, e tendo em conta o percurso que até se adapta às suas características, com algum desnível, mas não demasiado, este trio da UAE tem de ser claramente o alvo a abater do resto do pelotão, não pode sair nenhuma fuga que tenha mais de 1 elemento da equipa World Tour.
Analisando um pouco as equipas nacionais, julgo que a Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua é das mais interessadas numa chegada em pelotão compacto, no entanto vai ser difícil encontrar aliadas no meio dos interesses todos, é que João Matias e César Martingil são dos melhores sprinters a nível nacional. Poderão juntar forças com a formação de Tavira, que vem com 6 ciclistas, um elenco extremamente jovem com Afonso Silva, Ruben Simão, Venceslau Fernandes, Carlos Salgueiro, Diogo Barbosa e Francisco Campos, tudo corredores que gostam deste sobe e desce e da média montanha. Francisco Campos dá garantias num sprint, ele que está a fazer a melhor temporada da carreira e está extremamente motivado.
A GI Group Holding-Simoldes-UDO creio que terá o foco mais em Luís Gomes, alguém que adora terreno selectivo, tem uma boa ponta final, é muito experiente neste tipo de situações e tem vários lugares de honra nesta corrida. Na Efapel, Tiago Antunes é, no papel, quem se adapta melhor ao traçado, mas como se viu pelos contra-relógios, Pedro Pinto e Joaquim Silva também estão em boa forma. A Sabgal-Anicolor, equipa que mais tem ganho em Portugal ao longo de 2024 nas provas por etapas, vem com 5 corredores. André Carvalho, Luís Mendonça, Frederico Figueiredo, José Sousa e Rafael Reis são os elegíveis, os 2 primeiros corredores mencionados serão os mais talhados para a média montanha, ainda que Rafael Reis seja sempre um perigo neste tipo de provas.
A Rádio Popular/Paredes/Boavista tem estado em destaque em provas recentes no calendário nacional, veremos se os problemas de saúde dos ciclistas já estão debelados. Alinham com Daniel Dias, Hugo Nunes, Hélder Gonçalves, César Fonte e Tiago Leal, parecem todos em boa forma e como não têm a força dos números têm de arriscar e estar em todos os ataques. A Credibom/LA Alumínios/MarcosCar, também em virtude do seu plantel, vem com um grande contingente de 7 elementos. Emanuel Duarte tem sido um dos ciclistas mais fortes do pelotão nacional nos últimos meses e tem alguns jovens com boa ponta final com Rodrigo Caixas e Diogo Narciso. A Aviludo-Louletano-Loulé Concelho inscreveu apenas José Dias e Daniel Viegas.
Deixei a ABTF-Betão-Feirense para último precisamente porque penso que são uma das maiores forças a ter em conta. Primeiro porque vêm com 9 ciclistas, o que dá margem de manobra para algumas perseguições e possivelmente para ter superioridade numérica em fugas maiores. Depois têm corredores com muito potencial para este tipo de traçado, bons finalizadores em grupos reduzidos, conferindo uma vantagem táctica em várias ciclistas. Falamos de António Carvalho, que está a entrar na sua altura da temporada, de Fábio Costa e Pedro Silva, 2 enormes talentos com resultados em Nacionais nas camadas jovens, e de Pedro Andrade e Afonso Eulálio, que habitualmente obtém bons resultados em clássicas com este perfil.