Está na hora de uma das mais espetaculares clássicas da temporada, a Strade Bianche! A combinação de sterrato e subidas curtas e inclinadas fazem desta prova uma das mais esperadas do ano.

 

Percurso

213 quilómetros de extensão e 71,8 quilómetros em “estradas brancas”, é o menu do ano de 2025 da Strade Bianche! O primeiro sector de gravilha surge logo ao quilómetro 14 (Vidittra), sendo que se segue o setor de Bagnaia, este com 5,8 quilómetros de extensão, e que tem rampas a 10%. O setor de Radi, com 4,4 quilómetros, é o que se segue, antes de um setor muito longo (La Piana), com um total de 5500 metros. A subida de Montalcino (6,5 kms a 4,8%), que não é em terra batida, é o obstáculo seguinte. No miolo da prova, temos três longos setores de sterrato, com 11,9 quilómetros (Lucignano d’Asso), 8 quilómetros (Pieve a Salti) e 9,5 quilómetros (San Martino in Grania), no entanto são feitos em estradas planas.



O sector seguinte de gravilha pode vir a ser importante, pois junta ao sterrato, inclinações terríveis. Mas tudo se vai começar a decidir no Monte Sante Marie, um troço de gravilha de 11,5 quilómetros do mais difícil que há, também pelas curtas e duras subidas que o intermedeiam e que está situado a pouco mais de 70 kms da meta. Após uma fase bem dura, vêm 17,8 kms mais fáceis, antes de uma sequência de 4 setores. O primeiro surge a 50 quilómetros do fim, Monteaperti (apenas 600 metros mas com com inclinação média de 7,5%). Colle Pinzuto (2,4 quilómetros e rampas a 10%), Le Tolfe (1100 metros onde está incluída uma colina com 11,4% de inclinação média) e Strada del Castagno (1300 metros).

Seguem-se 14 quilómetros planos surge o 13º setor – Vico d’Arbia (3300 metros) -, sendo feito em ligeira descida. O Colle Pinzuto volta a aparecer no menu, antes de nova passagem por Le Tolfe. Ficam a faltar apenas 12 quilómetros. Como se esta dureza toda não chegasse, ainda teremos uma chegada absolutamente épica a Siena, na Piazza del Campo, que é antecedida por uma descida de alguns quilómetros algo técnica. Serão 700 metros a uma inclinação média de 9,1%, mas com fases a 16% já na parte histórica da cidade e é normalmente aqui onde tudo se decide, se ainda restar um grupo na frente da corrida.

Táticas

Nos últimos dias temos assistido a algumas declarações muito curiosas por parte de equipas e ciclistas. No lado das equipas, uma espécie de justificação para a ausência de alguns corredores, nomeadamente Mathieu van der Poel e Wout van Aert, em forma de crítica à organização porque tem endurecido progressivamente o percurso e a corrida com isso tem perdido algum do seu ADN. E realmente creio que a maioria das formações pensa dessa forma pela tipo de start list que temos este ano e há uma coisa factual, em 2025 o desnível acumulado é de 3700 metros, há 5 ou 10 anos rondava os 3000 metros, e isso faz diferença no resultado final.

No lado dos corredores, partindo de Alberto Bettiol, uma espécie de levantar de bandeira branca, dizendo que num dia normal Pogacar é imbatível e em condições normais estão a lutar pelo pódio, isso muda um pouco a génese da corrida e é um choque de realidade grande. O que o italiano diz tem muita razão de ser, é factual, e possivelmente a teoria de que o esloveno vai arrancar novamente muito longe da meta para evitar riscos e ter qualquer problema está certa. Ainda por cima a UAE tem uma equipa boa o suficiente para lançar Pogacar quase quando ele quiser, até dá para Wellens ou Del Toro ainda tentarem o pódio.



Favoritos

Tadej Pogacar – Não há muito a dizer sobre o seu favoritismo, o melhor ciclista de 2024 ganhou esta corrida arrancando a 80 kms da meta e terminou com mais de 2 minutos de vantagem. Acredito que vai tentar repetir a façanha e é preciso não esquecer que arrancou 2025 também em boa forma e que o esloveno adora corridas deste género.

Thomas Pidcock – Esta prova assenta que nem uma luva ao britânico que agora corre pelas Q36.5 e o seu director desportivo acredita nas possibilidades de bater Pogacar. Foi 5º em 2021, ganhou em 2023 e 4º em 2024, mesmo num ano em que não teve grandes sensações. Gosta dos tramos de terra, deste sobe e desce constante e da natureza explosiva do traçad e mesmo o quilómetro final assenta-lhe bem.

 

Outsiders

Pello Bilbao – Participou 3 vezes nesta prova e por 3 vezes fechou no top 10: 10º em 2021, 5º em 2022, 7º em 2023. Na teoria , o facto do traçado favorecer agora mais os trepadores até pode ser positivo para o espanhol. Bilbao começou o ano com 2 pódios, está a andar bem e é um ciclista que normalmente lê muito bem o que a corrida tem para lhe oferecer.

Christian Scaroni – Não há histórico de presenças dele na Strade Bianche, mas está a fazer uma temporada fenomenal e pode continuar a surpreender, neste momento é o líder do ranking anual da UCI. Só para se entender o que tem feito, aguentou os ataques de Juan Ayuso em Laigueglia, mais até do que Powless e Storer, e resistiu a Buitrago e Lenny Martinez nos Alpes Marítimos, isto são rivais de alto nível.



Romain Gregoire – Para mim é um forte candidato ao pódio, o francês tem um potencial tremendo e acho que vai ser a época de afirmação dele. Tem de ser inteligente e esperar que o seu terreno chegue, não pode ir ao choque na parte mais dura da corrida, ele que começou a época a ser 4º na Volta ao Algarve e 1º na Faun Ardeche Classic. O gaulês da Groupama-FDJ foi 8º na sua estreia aqui e certamente aprendeu com os erros de 2024, chega aqui em grande forma e com o apoio de uma boa equipa.

 

Possíveis surpresas

Michal Kwiatkowski – Já ganhou por 2 vezes a Strade Bianche, há cerca de 10 anos, ainda assim o polaco consegue surpreender de vez em quando, tanto em grandes corridas, como na Classica Jaen, onde conseguiu o triunfo. Olhando para a Ineos-Grenadiers é mesmo a melhor carta da formação britânica.

Isaac del Toro/Tim Wellens – Aquele que se expuser menos e for o último do comboio da UAE tem boas chances de ainda ficar no pódio, depois de Pogacar sair a dinâmica da corrida vai mudar e eles podem resguardar-se um pouco mais com a desculpa de que têm o seu líder mais à frente. Wellens já fez top 10 aqui por 3 vezes.

Toms Skujins – 2º em 2024, precisamente quando a corrida ficou mais dura, o letão é uma força da natureza e adora quando as provas ficam assim mais rijas e anárquicas. A importância dele na equipa de clássicas da Lidl-Trek é por vezes desvalorizada, falamos de alguém que foi 4º nos Mundiais e 5º nos Jogos Olímpicos.

Richard Carapaz – O equatoriano tem destas tiradas, disse antes da prova que não acha Pogacar imbatível e que o consegue seguir. Surreal como pode dizer uma coisa destas quando não tem grandes resultados neste tipo de provas, não parece em grande forma pelo que fez até agora em 2025 e quando explode quando tenta seguir ataques de Pogacar. Acredito mais em Archie Ryan ou Ben Healy.

Marc Hirschi – Um dos grandes prejudicados por este aumento de dureza do percurso, as suas características são muito mais para 3000 de acumulado do que para 3700. Não acho que tenha uma grande equipa com ele por causa da falta de experiência nesta prova, até está em boa forma, mas vai ter de resistir à parte mais dura do traçado.

Lennert van Eetvelt – Trepador, jovem, ainda em fase de evolução, e que em 2024 faz 11º aqui, 3º em San Sebastian e 7º na Lombardia, ele gosta das clássicas. Não se importa com dureza e com distâncias longas, o seu resultado no UAE Tour ficou muito prejudicado pelo vento.

Ben Tulett – Creio que será a principal cartada da Visma para esta corrida, o britânico tem subido de forma nas últimas corridas e dado boas indicações e creio que este perfil adapta-se bem a ele, mais até do que a Attila Valter, que tem um bom histórico nesta corrida.



Alberto Bettiol – A Astana está a ser uma das melhores equipas do ano, quase todos os ciclistas andam a fazer top 5 e pódios, não é só Scaroni. E o italiano, antigo vencedor do Tour des Flandres, pode aparecer quando menos se espera, no entanto tem de acalmar os seus ímpetos ofensivos, por vezes lança-se em missões impossíveis.

Matej Mohoric – Nem sempre a aventura na Strade Bianche correu bem, mas nos últimos anos parece ter encontrado a forma certa de conseguir bons resultados, 5º em 2023, 6º em 2024 mesmo com o percurso mais duro, quando o esloveno está nos seus dias tem um motor muito grande.

Roger Adrià – Olhando para a Red Bull-Bora é o nome que me salta mais à vista, tem evoluído bem depois de sair da Kern Pharma, foi importante na vitória de Roglic na Vuelta, faz 11º nos Mundiais e 11º na Lombardia, gosta de clássicas e sobe bem.

Kevin Vauquelin – Tenho gostado imenso da sua evolução e continua esse caminho consistente, deu sinais positivos no início do ano e chega aqui tendo já feito a corrida em 2024, o seu 21º lugar foi uma aprendizagem que pode colocar em prática agora.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Mathias Vacek e Attila Valter.

 

Tips do dia

Muito tempo depois, voltamos ao ativo no canal Telegram! Já lá deixamos uma aposta para a prova de amanhã, no entanto podem sair durante o decorrer da corrida. Também outras provas que não tenham acompanhamento na página poderam ter tips.

Link de acesso ao canal de apostas: https://t.me/joinchat/AAAAAEPNkd3AtPPJiZ6gUQ

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