O momento pelo qual todas as equipas portuguesas e os grandes apaixonados do ciclismo nacional esperavam está a chegar! A Volta a Portugal começa já amanhã e prolonga-se durante 12 dias, num dos percursos mais duros dos últimos anos.
Percurso
Como iremos realizar antevisões diárias, fazemos somente destacar aqui as etapas que à partida serão mais decisivas, tendo a noção que todas podem fazer diferenças.
O traçado parece-nos o mais duro dos últimos anos, muita montanha, e principalmente montanha muito dura, e até o contrarrelógio não tem praticamente um metro plano. Os puros trepadores deverão sobressair nesta Volta a Portugal.
Após o prólogo, 1 etapa para os sprinters e 2 tiradas de média montanha, surge o primeiro grande teste, a ligação entre a Guarda e as Penhas da Saúde, com passagem pela Torre. Essa primeira passagem, a meio da etapa, será feita por Seia e são cerca de 30 kms a 5%. Ao contrário do ano passado a jornada não termina na Guarda, acaba sim com uma subida duríssima de 12 kms a 7%, que certamente irá marcar grandes diferenças.
Logo depois do dia de descanso há uma etapa mais acessível, temos a dura ligação entre Sernancelhe e Boticas. É um daqueles dias armadilhadas, onde quase não vai haver um metro plano e a subida a Torneios, que está a 18 kms da meta tem quase 5 kms a 8%, sendo que grande parte do terreno até à meta é a descer.
É preciso manter a atenção na chegada ao Santuário de Santa Luzia, mas ainda mais na chegada a Braga, que tem dupla passagem pelo Sameiro, se a primeira passagem é longa e acessível, a 2ª é bem explosiva, tendo 5.5 kms a 6.5%, fica a 9 kms da meta e depois é uma descida até ao centro de Braga. Tem quase 3300 metros de acumulado.
Tempo de todas as decisões e de uma das jornadas mais duras que já vimos na Volta a Portugal. A organização conseguiu empacotar mais de 5000 metros de acumulado em 155 quilómetros. Os duros Alto da Barra e a subida do Barreiro vão já fazer uma selecção importante antes da mítica Senhora da Graça.
Por fim, o contrarrelógio final, que não tem quase um metro plano e tem zonas de 500 metros a 9%, 600 metros a 8%, um esforço muito explosivo e ainda mais complicado com o desgaste acumulado de vários dias de competição.
Táticas
Olhando para as equipas, o seu respectivo alinhamento e o percurso, a W52-FC Porto tem aqui o bloco mais forte, coeso e consistente, não é por acaso que conta com 4 vencedores desta prova (Ricardo Mestre em 2011, Gustavo Cesar Veloso em 2014 e 2015, Rui Vinhas em 2016 e Raul Alarcon em 2017). Resta saber se os comandados por Nuno Ribeiro vão esperar pelas etapas decisivas, ou vão tentar partir a corrida antes, lançando-se ao ataque, tal como no ano de Rui Vinhas. Vemos possível, por exemplo, César Fonte a poder ter um papel semelhante este ano. O Sporting/Tavira também tem um bloco forte, com Joni Brandão, Frederico Figueiredo, Alejandro Marque e Rinaldo Nocentini, ainda assim, Joni Brandão deverá ser o líder com tanta montanha que há nesta Volta. O Sporting não pode jogar demasiado na defensiva, como já aconteceu este ano, ficando depois com os encargos da perseguição. As restantes equipas não têm tantas individualidades de peso da montanha, a Vito-Feirense-Blackjack e a Aviludo-Louletano Uli confiarão em Edgar Pinto e Vicente de Mateos, enquanto a Efapel e a Rádio Popular-Boavista partem com lideranças partilhadas e tentarão aproveitar uma possível guerra na estrada entre W52-FC Porto e Sporting-Tavira, precisando para isso de astúcia táctica. As restantes equipas estarão mais focadas na luta por vitórias em etapa. Posto isto, parece-nos que o rumo da corrida estará dependente principalmente da tática imposta pela W52-FC Porto.
Favoritos
Com a saída de Amaro Antunes para a CCC e a quebra de Gustavo Veloso na Volta a Portugal do ano passado abriu-se uma porta para a subida na hierarquia interna de António Carvalho. O ciclista da W52-FC Porto mostrou-se em 2018 mais focado que nunca na Volta a Portugal. Venceu o Grande Prémio Jornal de Notícias com uma exibição impressionante e foi uma peça fundamental na vitória do seu colega José Neves no Troféu Joaquim Agostinho. Confesso fã de culinária, António Carvalho quererá colocar a cereja no topo do bolo de uma carreira já recheada de sucessos.
Joni Brandão falhou a Volta a Portugal no ano passado por problemas de saúde, questão que já parece completamente debelada. O ciclista do Sporting/Tavira competiu muito, foi 3º no G.P. Beiras, 3º no G.P.J.N. (depois de andar de amarelo), vice campeão nacional de estrada e ficou no lugar mais baixo no Troféu Joaquim Agostinho. Ainda não ganhou este ano, mas este é o grande objetivo do ano e caso fique logo bem colocado na classificação depois da jornada da Torre, terá a equipa toda a trabalhar para ele. Se Joni Brandão estiver ao nível que apresentou em 2016, é complicado de parar.
Outsiders
Raul Alarcon ganhou e encantou em 2017, brilhou em Espanha e depois selou uma grande temporada ganhando a Grandíssima. Mas 2018 foi diferente, uma lesão impediu-o de treinar e competir como queria e ainda não nos convenceu totalmente que está ao nível de 2017. Vingou-se da paragem forçada ganhando de forma isolada a 2ª etapa do G.P. Abimota e a 1ª tirada o G.P. Nacional 2, prova que viria a ganhar. Temos algumas dúvidas que esteja a 100% para defender o seu título.
Gustavo Veloso teve um dia mau, deitando tudo a perder em 2017, mas não o podemos descartar. É verdade que o espanhol não teve uma temporada fenomenal em termos de resultados, sendo consistente acima de tudo, só que a Volta é a Volta. Veloso gostaria de menos alta montanha e mais contrarrelógio, mas porque não pensar nele como mais uma peça do puzzle da W52-FC Porto que pode ser usada nas etapas de média montanha, e caso ganhe uma boa margem com um ataque numa dessas etapas, cuidado com ele.
Edgar Pinto terá como objectivo primordial não ter azares, ele que talvez seja o ciclista mais azarado na Volta a Portugal. Caso isso aconteça, é um sério candidato, principalmente pelo excelente rendimento este ano. Ganhou a jornada mais dura na Volta ao Alentejo, triunfou numa etapa e na geral da Volta a Madrid, foi 2º num competitivo G.P.J.N., tudo resultados de alto nível. É verdade que a Vito não tem grandes estrelas, Edgar Pinto contará com Hugo Sancho e o muito talentoso Xuban Errazquin para o apoiar nas etapas mais duras.
Possíveis surpresas
O que dissemos a Gustavo Veloso aplica-se na mesma medida a Alejandro Marque (um ciclista com características muito semelhantes, sendo até grandes amigos) e a Rinaldo Nocentini, que passou por problemas físicos sérios este ano, mostrando estar recuperado nos nacionais italianos. A montanha pode ser demasiado para ciclistas que não são puros trepadores. Frederico Figueiredo é um dos melhores puros trepadores do pelotão, tem experiência e geralmente anda sempre com os melhores. Vicente de Mateos liderará o Aviludo-Louletano Uli depois de levantada a sua suspensão provisória, espera-se que o espanhol brilhe na média montanha e se defende nas grandes subidas, devendo constar do top 10 ou mesmo top 5. A Efapel partirá com 2 líderes, Sérgio Paulinho e Henrique Casimiro, mas dado as características de ambos, Henrique Casimiro parece-nos aquele com mais hipóteses (fez uma temporada ótima e consistente, 3º nos Nacionais, 2º no Troféu Joaquim Agostinho ganhando no Montejunto e 4º no G.P. Beiras). João Benta teve um ano mais complicado, mas espera recuperar as melhores sensações, ele que lidera a Rádio Popular Boavista a par do regressado Daniel Silva (veremos se estará com ritmo competitivo suficiente) e o duplo campeão nacional Domingos Gonçalves, um perigo à solta que tem progredido na alta montanha. Joaquim Silva está de volta a competir em Portugal pela Caja Rural, terá a liderança da equipa e apontará ao top 10. Das equipas estrangeiras, para a classificação geral (pois os sprinters ficarão para quando as etapas lhes assentarem) apontamos somente Matteo Badilatti, que tudo indica irá fazer a sua estreia como estagiário da Israel Cycling Academy, e Eliot Lietaer, talentoso belga, mas que vem de lesão.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são Xuban Errazquin e Ricardo Mestre.

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