Sai amanhã para a estrada mais uma edição da “Alentejana”, com um vasto leque de candidatos ao lugar mais alto do pódio.

 

Percurso

A Volta ao Alentejo começa com uma ligação de208,1 kms entre Montemor-o-Novo e Moura. Apesar do terreno ondulante, existe apenas uma contagem de montanha, ainda na primeira metade da tirada, em Portel. A chegada a Moura é bastante técnica, com estradas estreitas, sendo que existe uma curva a 120 graus a 500 metros da chegada e outras duas curvas, estas mais ligeiras a 250 e 100 metros da chegada. Os últimos 500 metros são a 5,4%.

Odemira recebe a chegada da 2ª tirada da Alentejana, após partida de Mértola. Esta é uma etapa mais fácil, quase sem subidas até aos 10 quilómetros finais, onde existem duas duras subidas não categorizadas. A 8000 metros da chegada há 900 metros a 8,2% e, a 1400 metros da chegada existe 1 quilómetro a 6,2%, antes dos últimos 400 metros planos.





As etapas rompe pernas continua e ao 3º dia existem 180 quilómetros entre Santiago do Cacém e Mora, onde quase não se encontra um metro plano. Novamente, o final é feito num falso plano, desta vez menos inclinado que nos dias anteriores. De referir que a aproximação à reta da meta será feita em empedrado.

O sábado volta a dividir-se em duas etapas, tal como aconteceu no ano passado. Pela manhã, o pelotão fará 74,3 kms entre Ponte de Sor e Portalegre. Tudo se vai decidir nos derradeiros 10 quilómetros onde, após uma primeira passagem pela meta, os ciclistas apanham a ascensão ao Cabeço de Mouro, uma autêntica parede de 1,5 kms a 12,5%, à qual se segue uma rápida descida de 5,4 kms.

Pela tarde, será hora do contra-relógio individual em Castelo de Vide. São 8400 metros, mas o perfil não é fácil, tem uma subida de 1800 metros a 7.7%, logo ao início e os 700 metros finais a 6%.

Como já vem sendo hábito a Volta ao Alentejo termina em Évora, com 151 kms que ligam a capital do Alentejo Central a Castelo de Vide. Esta volta a ser uma etapa sem subidas categorizadas mas com um terreno bastante ondulante. Os últimos 500 metros da etapa, no centro de Évora (Praça do Giraldo), têm 6% de inclinação média, sendo feitos em empedrado.

 

Tácticas

O percurso é semelhante a 2018 e algo monótono, 4 chegadas em ligeiros topos, a maioria com aproximações perigosas, e as 2 tiradas que mais diferenças podem fazer para a geral, no mesmo dia. No ano passado tivemos Luis Mendonça a resistir no Cabeço de Mouro e depois a fazer um esforço heroico no contra-relógio para ganhar a prova, no entanto a competição ficou reduzida a uma luta entre 15/20 ciclistas logo no 1º dia, graças a mau tempo e bordures.



Vamos assumir que não existe bonificações, tal como em 2018. Sim, assumir, porque infelizmente no regulamento disponibilizado pela organização no site oficial da prova diz, e passamos a citar, “tendo em conta as bonificações (caso existam)”. Bom, aparentemente nem a organização sabe se vão existir bonificações. Sendo assim, o foco deve estar nas etapas mais acessíveis em não perder tempo nem ficar em cortes, até porque este ano o clima ajudará e o vento não soprará com tanta intensidade.

Tal como já é hábito em provas portuguesas, será muito complicado bater a W52/FC Porto, a equipa tem várias opções e pode jogar com isso na etapa mais dura. Também tem vários roladores bons que podem ajudar os chefes de fila na colocação. Caso haja uma fuga grande também deverão estar representados, portanto todos os departamentos estão bem entregues.

 

Favoritos

Talvez pela primeira vez na carreira Raul Alarcon tem na Volta ao Alentejo um objectivo real, o espanhol já o admitiu e não é normal vê-lo começar tão bem a temporada, mostrou-se competitivo na Volta ao Algarve e foi 2º na Clássica da Arrábida, parece que um pico de forma se está a aproximar.

Uma das revelações da temporada está a ser Sergio Higuita. O jovem colombiano que já tem contrato assinado com a EF Education First, está a fazer a primeira metade da temporada na Fundacion Euskadi e já com excelentes resultados, pois foi 7º na Vuelta a Andaluzia, 13º na Volta a Comunidad Valenciana, 4º no Trofeo Tramuntana e 6º no Trofeo Ses Salines. Ciclista muito explosivo e com uma ponta final excelente, tem tudo para estar na discussão da maioria das etapas e como o contra-relógio é duro adapta-se às suas características na perfeição.




Outsiders

João Rodrigues foi talvez a maior revelação/confirmação do pelotão nacional em 2018 e voltou a mostrar isso no início de 2019, com o top 10 na classificação geral da Volta ao Algarve. Está a provar ser um ciclista bastante completo e isso é necessário para vencer a Volta ao Alentejo, na Clássica da Arrábida esteve ao ataque, desgastou-se, e ainda foi 4º.

Oscar Rodriguez surpreendeu tudo e todos quando ganhou na Vuelta 2018, na chegada a La Camperona e encontrou outra consistência em 2019, 9º na Vuelta a Murcia e 13º na Vuelta a Andaluzia, 2 provas com um nível muito elevado. Rodriguez é bom na luta contra o cronómetro e tem na sua equipa ciclistas que já competiram muito em Portugal.




O estado de forma de Aleksandr Grigorev é uma incógnita, o russo caiu na Volta ao Algarve depois de uma excelente Vuelta a San Juan e na Clássica da Arrábida ainda não pareceu totalmente recuperado. Terá 3 etapas para ganhar algum ritmo, o que é bom, Grigorev é explosivo, sobe bem e anda bem no contra-relógio, tudo ingredientes perfeitos para a Volta ao Alentejo.

 

Possíveis surpresas

Será muito, muito complicado Luis Mendonça repetir um triunfo na geral aqui, principalmente porque o ciclista da Rádio Popular/Boavista tem treinado muito condicionado. A equipa deverá virar-se para Luis Gomes e João Benta (está melhor que em temporadas anteriores nesta altura). A W52/FC Porto ainda tem Ricardo Mestre e Edgar Pinto, que tanto brilharam aqui em 2018, um luxo. O Sporting/Tavira também tem Tiago Machado e Alejandro Marque, 2 bons especialistas em contra-relógio, mas pouco explosivos para o Cabeço de Mouro. A Efapel deixa de fora Joni Brandão e vem com Sérgio Paulinho e Henrique Casimiro, veremos quem se assume como líder da equipa. A Team Wiggins brilhou em 2018 e volta a marcar presença, estamos particularmente curiosos com o que fazem James Fouche e Mark Donovan na geral, cuidado ainda com Gabriel Cullaigh em algumas etapas. O Aviludo-Louletano está praticamente na máxima força, David de la Fuente será o ciclista em melhor forma, mas apresenta debilidades no contra-relógio, veremos como está Vicente de Mateos. Atenção ainda a Alexander Vdovin, Tobias Foss e Jesus del Pino.




Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: António Barbio e Gaspar Gonçalves.

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