Ao mesmo tempo do Paris-Nice, o World Tour continua por terras transalpinas com a “Corrida dos Dois Mares”. Mais um grande teste para os melhores do Mundo em direção a outros grandes objetivos, com um pelotão recheado de estrelas e que promete uma corrida aberta.

 

Percurso

Etapa 1

O Tirreno-Adriatico começa com o habitual contra-relógio individual, pela quarta vez consecutiva em Lido di Camaiore a abrir a corrida em vez de San Benedetto del Tronto a concluir. O traçado é muito simples, ida e volta na mesma estrada, um percurso que favorece médias bastante elevadas.

 

Etapa 2

Os sprinters têm oportunidade de brilhar em Follonica, uma jornada muito simples, apenas 1 contagem de montanha a meio, mas sem grande dificuldade e os últimos quilómetros serão bem planos. Como sempre a colocação será de extrema importância, ainda para mais quando a última viragem está a cerca de 400 metros da meta. Os ciclistas têm oportunidade de reconhecer o final de etapa, passam por lá a primeira vez a 20 kms do final.

 

Etapa 3

Primeiro dia de dificuldades mais sérias na competição italiana, numa maratona de praticamente 240 quilómetros. Os primeiros 215 quilómetros não terão muita história, depois segue-se a subida de Valico di Colfiorito (18,4 kms a 3%). Apesar de longa, esta é uma subida feita em falso plano, não deverá causar diferenças no pelotão. Atingido o topo, restam 5 kms para a meta em Colfiorito.

 

Etapa 4

190 quilómetros com duas longas contagens de montanha, logo a abrir 14 kms e, a meio da etapa 13 kms. Apesar de subidas extensas, as inclinações não são muito elevadas. Para além disso, os 90 quilómetros que distam do topo da última contagem de montanha até à meta em Trasacco não favorecem os ataques e o mais provável é existir uma chegada ao sprint, quer seja em pelotão, ou com uma fuga a triunfar.





Etapa 5

Um estilo de etapa tradicional na competição transalpina, com os clássicos muritos. Maratona de 205 quilómetros com o prato principal a estar nos derradeiros 35 quilómetros, primeiro com Salita di Barbanti (6,2 kms a 4,6%) e, principalmente, Monterelo (3,9 kms a 6,7%). Esta subida fica a apenas 15 quilómetros do fim e tem os derradeiros 300 metros a 8,6%, perfeito para um ataque final. Uma rápida descida e 4 kms planos levam à meta em Pergola.

 

Etapa 6

A única chegada em alto acontece após a etapa mais curta desta edição. “Apenas” 164 quilómetros, num terreno de sobe e desce constante, pequenos topos sem grande inclinação mas que irão servir para desgastar as pernas dos ciclistas em direção à subida final. A escalada de Frontignano tem 7600 metros de extensão com 7,9% de média. Se estes números já são difíceis, é necessário referir que o miolo da subida tem um km a 11,2% e outro a 9,5%, aligeirando na parte final, antes de 1000 metros a 9% antes dos derradeiros 600 metros.

 

Etapa 7

Não deverá haver espaço para surpresas aqui. O Tirreno-Adriático vai terminar com um sprint, chance para os homens rápidos que sobrevivam às dificuldades desta corrida de 1 semana.

Tácticas

À primeira vista este é um traçado que globalmente deixa muito a desejar, creio que todos vão estar à espera da penúltima etapa para ver que diferenças conseguem fazer na classificação geral, visto que os outros dias não são duros o suficiente para isso e mesmo o contra-relógio inaugural de hoje é curto. A receita para ganhar será uma equipa minimamente competente para fazer perseguições sempre que possível, e ser um excelente trepador com um contra-relógio decente.

Favoritos

Juan Ayuso – Fiquei muito impressionado com as últimas semanas de competição do espanhol, parece que o defeso fez milagres e aparece em 2025 com outra disposição e outra capacidade física, com outras bases. Ter apresentando um ciclismo bastante ofensivo, a equipa tem confiado nele e trabalhado sempre para um ataque que tem sido decisivo e creio que aquela chegada em alto é boa para ele.




Simon Yates – Parece que quem desenhou este percurso pensou especificamente no britânico, que tem aqui a primeira chance de liderar a Visma numa competição importante. É que é alguém que gosta muito destes “Unipuertos” e se consegue defender muito bem nos contra-relógios planos mais curtos, curioso que tanto a Visma como a UAE vêm à luta com os líderes “secundários”.

Outsiders

Giulio Ciccone – Começou bem a época com exibições muito sólidas no UAE Tour, onde durante muito tempo foi aquele que mais perto esteve de Tadej Pogacar, está a jogar em casa e todos sabemos que os italianos por vezes se transcendem no seu país, conta com o apoio de Toms Skujins e aquela subida com trechos acima dos 10% é boa para ele.

Adam Yates – Claramente tem perdido algum espaço dentro da UAE, ainda assim continua a ser um ciclista muito capaz, um corredor de top 5 em Grandes Voltas e por isso não pode ser deixado de parte. Ayuso ainda não é um poço de regularidade e segurança, acredito que Yates como alternativa será um pouco poupado.

Valentin Paret Peintre – Tenho muitas expectativas sobre o gaulês, acredito mesmo que esta mudança para a Soudal-Quick Step o vai elevar para um novo patamar e tem aqui um teste muito importante para provar isso mesmo. O contra-relógio é curto o suficiente para minimizar algumas perdas e depois aquela chegada em alto é para puros trepadores que tenham alguma explosão, mesmo à imagem de Paret-Peintre.

Possíveis surpresas

Tom Pidcock – Grande exibição do britânico na Strade Bianche, coroada com um 2º posto que custou a conquistar. Tenho 2 questões sobre ele, a sua capacidade nas subidas superiores a 15/20 minutos tendo em conta que fez uma preparação mais virada para as clássicas e o desgaste que uma corrida como a Strade Bianche fez para alguém que deu tudo para seguir Pogacar, tendo em conta que a etapa decisiva do Tirreno virá ao 6º dia.

Kevin Vauquelin – Longe de ser um puro trepador, mas por alguma razão está aqui em vez do Paris-Nice, este traçado mais acessível abre as portas e a esperança para um bom resultado, apenas com 1 etapa de alta montanha e um esforço individual conde o francês é bom.

Pello Bilbao – Um poço de regularidade que ano após ano continua a entregar bons resultados à equipa onde está, é incrível. Não vejo o espanhol a ganhar a corrida, mas claramente tem um top 5 ao seu alcance, no UAE Tour viu-se toda a sua experiência e inteligência na última chegada em alto, tem vindo a perder alguma explosão ao longo dos anos.

Antonio Tiberi – Foi uma desilusão na Volta ao Algarve, parte aqui com o dorsal 1 da equipa, mas terá a mesma protecção de Pello Bilbao. A Bahrain tem Afonso Eulálio, Damiano Caruso e Robert Stannard, é dos melhores blocos para a montanha, apoio não faltará e é daqueles que pode ganhar uns segundos no contra-relógio.




Mikel Landa – É um corredor que costuma aparecer mais nos grandes momentos, nas Grandes Voltas e que claramente gostaria de ter mais montanha, mais desnível acumulado para tentar fazer diferenças, é um percurso curto para o veterano espanhol que foi 7º aqui em 2023.

Jai Hindley – Nos seus dias o australiano é ciclista para brilhar numa orografia destas, é explosivo em chegadas em alto, a questão é que há algum tempo que não temos a melhor versão de Jai Hindley, veremos como correu a preparação para esta temporada.

Derek Gee – O canadiano parece apostado em enveredar por um caminho de provas por etapas, mais precisamente a procura de bons lugares na classificação geral, ganhou confiança no Gran Camino, aqui a concorrência é outra, espero um top 10.

David Gaudu – Caiu e abandonou na Strade Bianche, a equipa mencionou que o gaulês não sofreu lesões graves e por isso mesmo está aqui presente. É uma grande incógnita, já vimos a melhor versão de Gaudu em Março, no Paris-Nice e o traçado até é bom para ele.

Richard Carapaz – O equatoriano continua a falar mais fora da bicicleta do que em cima dela, uma imagem que não lhe fica bem. Tem de mostrar mais, a equipa espera mais dele, mas é alguém que normalmente nesta altura do ano está longe da melhor forma, aliás começou mal a época.

Romain Gregoire – Alguém um pouco mais virado para a clássicas, mas que também se adapta à montanha. De uma forma surpreendente foi 4º na Volta ao Algarve e depois foi ganhar a Faun-Ardeche Classic.

Laurens de Plus – Creio que vai ser o melhor elemento da Ineos-Grenadiers nesta corrida, tem recuperado aos poucos da grave lesão sofrida há alguns anos e quando a estrada começa a empinar tem sido dos mais regulares da equipa.

Roger Adriá – Alguma expectativa para ver o que o espanhol consegue, não creio que a Red Bull-Bora o vá “queimar” quando Hindley não dá garantias.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Isaac del Toro e Filippo Ganna

 

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