Estava complicado para Tobias Foss acreditar quando Stefan Kung chegou à meta com mais 3 segundos que ele. É que o suíço era o único que estava à frente dele no último ponto intermédio, parecia a caminho de um incrível título Mundial, mas perdeu 15 segundos entre o último registo e a meta para ficar atrás do surpreendente norueguês, que foi pulverizando os tempos à sua passagem, visto que saiu antes dos grandes favoritos.
Parou o relógio em 40:02, mais de 51 km/h de média e não mais saiu da cadeira do poder, nem Stefan Kung, nem Remco Evenepoel, nem Filippo Ganna o bateram, para conquistar um dos mais chocantes títulos mundiais dos últimos anos. Poucos eram os que davam Tobias Foss como candidato às medalhas, quanto mais como novo campeão do Mundo de contra-relógio. Aos 25 anos, o norueguês estava a fazer uma temporada bem abaixo das expectativas depois de em 2021 ter sido 9º no Giro, esta época excluindo Nacionais tinha feito 3 contra-relógios (1 na Volta ao Algarve e 2 na Volta a Itália) e em todos eles tinha ficado fora do pódio. Mesmo historicamente em escalões mais jovens foi 6º e 12º nos Mundiais, que não são grandes registos para estes eventos de 1 dia, mas o que conta são estes 34 kms que permitem a Tobias Foss envergar a camisola arco-íris nos próximos 12 meses.
Preparou este dia com a participação nas clássicas canadianas e essa preparação colheu hoje os frutos, para amargo de boca de Stefan Kung. Colocando em perspectiva, Kung ao longo dos últimos anos tem sido um dos contra-relogistas mais consistentes e que mais vezes tem batido na trave, ficando à beira de grandes títulos. Quando parecia que tudo se iria alinhar para ele hoje, quando finalmente bateu Remco Evenepoel e Filippo Ganna, aproveitando também a ausência de Wout van Aert, é Tobias Foss a retirar-lhe um título mundial por apenas 3 segundos.
Remco Evenepoel provou que recuperou bem do desgaste de uma dura Volta a Espanha para ficar com a medalha de bronze, ainda ameaçou com uma parte final fulminante e terminou a somente 9 segundos da vitória. Ethan Hayter não só ficou num dos piores lugares possíveis para um ciclista, o 4º posto, como também ficou mais decepcionado por ter conquistado este resultado trocando de bicicleta, que o fez perder preciosos segundos e muito ritmo. Stefan Bissegger, um dos primeiros a partir, fechou o top 5.
Nelson Oliveira fez um excelente contra-relógio, muito ponderado no ritmo como é seu apanágio, foi subindo lugares e aproveitando azares e quebras de outros corredores para concluir num grande 8º posto, segundos atrás de Filippo Ganna. Foi a sua melhor prestação desde 2019, quando também foi 8º nesses Mundiais. João Almeida não alinhou na prova por estar doente, o ciclista português também estava escalonado.