O dia pelo qual muitos corredores e muitos adeptos da modalidade ansiavam, está aí o Angliru! Com os 3 primeiros ainda separados por menos de 1 minuto esta subida promete fazer grandes diferenças na geral!

Percurso

Uma das etapas mais duras desta edição da Vuelta com chegada ao Alto L’Angliru, esta jornada tem tudo para fazer grandes diferenças porque tem mais de 200 quilómetros, um dos finais mais difíceis do calendário internacional e desta vez a organização decidiu colocar também 2 contagens de 1ª categoria em sequência que vão maximizar os intervalos de tempo. Temos portanto 6,4 kms a 8,2%, mas com rampas a 2 dígitos, seguidos de 5,5 kms a 8,9%, em que os 1500 metros finais são a 11,4% e atenção, do topo desta subida ao início do Angliru são apenas 8 quilómetros em descida, será num instante.

Como sempre, o Angliru é uma subida em que os números enganam imenso, 12400 metros a 9,8% e o surreal é que isto engana porque são 4 kms a rondar os 8%, um quilómetros praticamente plano e depois nos últimos 6900 metros a média é de 13,4%, mesmo com os últimos metros em ligeira descida.

Tácticas

A grande questão é se vamos ter os favoritos a disputar o triunfo na etapa ou vamos ter outra fuga a resultar, porque eu creio que mesmo com a inclusão destas 2 subidas bem duras antes do Angliru vai sempre haver o medo de rebentar nas duras rampas deste monstro. Do lado da UAE creio que amanhã vão ser, aliás, têm de ser mais conservadores, apenas Jay Vine pode ir para a fuga, até porque pode ser útil mais tarde e tem a questão da montanha e há a noção que têm de tentar ganhar tempo a Vingegaard, 50 segundos começa a ser uma margem muito considerável nesta fase da Vuelta. A Q36.5 pode ser uma equipa a trabalhar na perseguição da fuga, pelo menos no terreno mais plano e isso seria mais ou menos suficiente para dar esperanças de vitória na etapa porque os favoritos podem tirar muito tempo à fuga só no Angliru, neste momento reina a confiança aí.




Na Visma a escolha é complicada, é natural que o desejo de Vingegaard seja vencer num sítio mítico como este, mas já vimos que quando as coisas apertam a equipa não está para romantismos. É que Zingle faz muita falta e se virmos Campenaerts esteve na fuga hoje, van Baarle e Kelderman trabalharam muito e mesmo Tulett desgastou-se. Se querem fazer um endurecimento no Angliru não podem usar o britânico tão cedo, veremos qual é a opção.

Olhando para o histórico, nos últimos 2 finais aqui venceu sempre um dos favoritos, a questão é que foi em etapas mais acessíveis e com menos quilometragem, ambas abaixo dos 130 kms.

Favoritos

Jonas Vingegaard – Do top 3 é globalmente o mais equilibrado, aquele com mais pergaminhos e currículo, o que tem mais apoio e melhor equipa. Vingegaard não parece a 100% e isso parece chegar de momento, foi o único até agora capaz de fazer uma diferença relativamente grande na geral com um ataque, conhece bem a subida pois foi 2º há 2 anos e tem de ser encarado como o maior favorito.

Thomas Pidcock – Neste momento reina a confiança na Q36.5 com as últimas performances do britânico e atenção, continuo a ter grandes dúvidas sobre Pidcock em altitude e na 3ª semana de uma Grande Volta. É inevitável colocá-lo como um dos candidatos aqui porque estas rampas assentam-lhe muito bem, ele gosta de subir “em pé”, é um peso pluma e parece estar em grande forma. Vamos ver se a Visma não acelera o ritmo nas subidas anteriores para anular um pouco a explosão do britânico e sufocá-lo antes do Angliru.

Outsiders

João Almeida – Creio que há alguns factores a jogarem contra João Almeida aqui, o facto de ele ser um ciclista muito completo é prejudicial nestas rampas porque para ter essa polivalência tem mais 5 kgs que Vingegaard, por exemplo. Também não ajuda o seu estilo de subida muito sentado e o facto dele por vezes não estar bem colocado nos momentos chave, no entanto tem uma vantagem, é alguém muito habituado a sofrer no limite e que conhece muito bem o limite do seu corpo, raramente o vimos a partir o motor e quebrar de forma dramática.

Wout Poels – Ainda não vimos o veterano de 37 anos nesta Vuelta, é altura para aparecer e logo numa subida em que tem grandes recordações, em 2017 foi decisivo para levar Chris Froome Angliru acima, nesse dia esteve mesmo mais forte do que o seu líder. Ainda não esteve em fugas, pode estar mais fresco do que os seus rivais numa possível fuga.




Jefferson Cepeda – Outro corredor que esteve praticamente anónimo nesta Vuelta e que tem condições para brilhar, é um puro trepador que não tem tido muito desgaste extra e que adora subidas inclinadas, esteve bem na última semana do Giro e considerado que o nível aqui é possivelmente mais baixo.

Possíveis surpresas

Jai Hindley – Nos últimos dias tem impressionado com a sua capacidade de resposta às ofensivas, quer seja indo ao choque ou colocando o seu ritmo, Hindley gosta destas rampas empinadas e é alguém que não é muito marcado pelo top 3.

Matthew Riccitello – Tem subido lentamente e paulatinamente nos rankings e hoje em dia é considerado uma ameaça ao top 10. Com debilidades no contra-relógio e na descida tem amanhã um dia crucial para as suas ambições na geral, vai precisar de uma boa ajuda dos seus colegas para entrar no Angliru no grupo principal, mas se o conseguir tem tudo para fazer um bom resultado devido ao seu peso pluma.

Giulio Pellizzari – Tem estado sólido nesta Vuelta e já no Giro pareceu subir e ganhar confiança ao longo da competição, como é mais alto do que a média para um trepador, também tem ligeiramente mais peso, no entanto tem tudo para se defender bem.

Sepp Kuss – O norte americano parece cada vez melhor e cada vez mais próximo do melhor nível após uma fase bem complicada, tem uma fisionomia boa para uma subidas destas e em 2023 defendeu-se bem contra…os seus companheiros de equipa.

Felix Gall – O austríaco é capaz do 8 ao 80, já o vimos fazer exibições de top 5 nesta Vuelta e depois perder tempo quando menos se espera, pode fazer um bom resultado amanhã dependendo da versão que apresenta.

David Gaudu – Venceu 1 etapa e quando se pensava que até poderíamos ter um Gaudu a lutar por um bom lugar na geral veio por aí abaixo, talvez pensando também numa nova emboscada e amanhã é um bom dia para isso.

Kevin Vermaerke – É um puro trepador, já foi 6º em Cerler, esteve presente em mais 2 fugas e hoje desligou-se muito cedo da corrida, creio que é um nome a ter em conta amanhã.

Eddie Dunbar – Se não tivesse estado na fuga hoje e com o desgaste inerente estaria mais acima nesta antevisão, ainda assim é um ciclista eficaz a entrar em escapadas e com características físicas muito boas para vingar aqui.

Ben O’Connor – Tem perdido muito tempo nos últimos dias, talvez doente, talvez sentindo que não podia lutar por um bom lugar na geral e está agora focado em etapas. Nesse caso, será sempre um nome a ter em conta amanhã, é capaz de grandes exibições.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Sergio Higuita e Leo Bisiaux

By admin