A primeira chegada em alto surge logo na 2ª etapa desta Vuelta, um final que coincide com uma contagem de 2ª categoria que vai trazer uma nova liderança, quem será?

Percurso

Um clássico da Vuelta, uma chegada “unipuerto” logo à 2ª jornada da competição para abrir as hostilidades e separar desde já o trigo do joio. A tirada não tem literalmente qualquer dificuldade até à subida final em Limone Piemonte, com 9,9 kms a 5,1%, é uma ascensão progressiva em que a parte mais complicada são precisamente os 1900 metros finais a cerca de 8%.

Tácticas

Sei que é muito cedo na competição, mas neste cenário é bem possível uma fuga a resultar. Em primeiro lugar é uma chegada relativamente acessível, ou seja, não vai haver lugar a grandes diferenças, creio que nenhuma equipa vai desgastar-se para ganhar 10/15 segundos à concorrência na geral, até porque a UAE quer primeiro ver como estão Ayuso e João Almeida. Fora desse espectro só vejo 2 equipas que eventualmente estejam interessadas em perseguir, a Lidl-Trek para Ciccone e a Q36.5 para Pidcock, sendo que ambos podem terminar batidos por Vingegaard. Veja-se o que aconteceu em 2021, na primeira chegada em alto, na 3ª etapa, foi a fuga a resultar e Rein Taaramae a assumir a liderança. Na 6ª etapa em 2023 foi a fuga que deu boa vantagem na geral a Sepp Kuss.

Eu acho que a poupança de energias vai ser ainda mais evidente este ano porque vamos ter contra-relógio colectivo daqui a 3 dias, um esforço de 24 kms importante para a geral e onde é preciso toda a gente ao seu melhor. Creio que nenhuma equipa da geral quer a liderança até porque nas etapas 3 e 4 é provável vermos a Lidl-Trek a trabalhar para Pedersen e eventualmente a Alpecin para Philipsen, portanto dou 70% de hipóteses para uma fuga chegar, vamos então jogar um pouco de “bingo da fuga”

Favoritos

Javier Romo – É talvez a corrida mais importante do ano para a Movistar e a estrutura comandada por Eusebio Unzue vai querer certamente dar nas vistas, nada melhor do que ganhar 1 etapa e liderar a corrida tendo em conta que não tem ninguém para a geral. Javier Romo iniciou muito bem o ano, depois apagou-se um pouco e ganhou algum ritmo em Burgos. É alguém que gosta de subidas com esta extensão e inclinação.




Gianmarco Garofoli – Parece que o chip mudou na Soudal com a saída de Remco Evenepoel, está de volta o espírito ofensivo e de matilha, ainda hoje Reinderink foi para a fuga. Garofoli é um jovem italiano que fez um excelente Giro, esteve próximo da vitória por 2 ocasiões, estreou-se na Vuelta em 2024 e na altura já fez um top 10.

Outsiders

Giulio Ciccone – Caso os favoritos discutam a vitória de etapa julgo que o italiano é aquele que reúne o maior favoritismo pelo que temos visto nas últimas semanas. Derrotou a armada da UAE na Clássica San Sebastian, voltou a derrotar Isaac del Toro na Vuelta a Burgos, parece ter vindo em grande forma do estágio em altitude.

Jesus Herrada – Andou relativamente desaparecido durante o ano, inclusivamente ficou fora da equipa do Tour, no entanto o espanhol costuma ser matador quando tem a oportunidade para isso. Nos últimos meses tem obtido melhores resultados, foi 2º na Vuelta a Castilla y Leon num final explosivo e olhando para o perfil da etapa é um possível vencedor.

Rudy Molard – Está na sua 16ª Grande Volta, experiência e conhecimento não lhe falta e já tem alguns top 10’s em etapa ao longo dos anos. Costuma estar neste tipo de fugas e a chegada é boa para as suas características, vem de fazer top 15 na Volta a Polónia.

Possíveis surpresas

Jonas Vingegaard – Parece que não tem grande explosão e grande ponta final, mas é somente comparado com Tadej Pogacar, de resto o dinamarquês é extremamente completo também neste tipo de chegadas, viu-se no Tour como conseguiu de forma consistente bonificar nas primeiras etapas, se for “levado ao colo” creio que a Visma não terá problemas com a vitória na etapa e a liderança porque os próximos 2 dias são acessíveis.

Thomas Pidcock – Não vai ter muitos finais melhores do que este para ele, ainda por cima no início de uma corrida de 3 semanas, veremos se a Q36.5 tem capacidade para controlar não só a fuga como os movimentos na parte final. Não se compreende porque é que britânico foi gastar energias hoje no sprint ao fazer 9º.




Juan Ayuso – A sua condição física é uma pequena incógnita, no entanto no início da época quando estava em grande forma brilhou nas clássicas onde era preciso bastante explosão, tinha colinas parecidas com os últimos 2 quilómetros da etapa.

Leo Bisiaux – No ano passado foi 6º no Baby Giro e 4º na Volta a França do Futuro, estreia-se aqui em Grandes Voltas depois de ter feito um brilharete na Vuelta a Burgos. É talentoso e explosivo, ainda não é muito vigiado e creio que terá tendência a perder gás com os dias derivado da sua juventude.

Abel Balderstone – A Caja Rural não vence na Vuelta desde Antonio Piedra e esta pode ser uma oportunidade única de fazer algo muito especial. Creio que Balderstone é aquele que mais se adapta a este nível, campeão nacional de contra-relógio de forma surpreendente depois andou bem no Troféu Joaquim Agostinho.

Sergio Chumil – Um ciclista bastante enigmático e que vai tentar imitar Angel Madrazo em 2019, quando deu um grande triunfo à Burgos. Vimos o que Chumil consegue fazer no ano passado na Volta a Portugal, é alguém explosivo e bom trepador.

Archie Ryan – Muito curioso para ver o que o jovem irlandês vai conseguir fazer porque é muito talentoso e parece em boa forma depois de fazer 2º na Volta a Austria e mesmo na Vuelta a Burgos fez uma boa subida a Lagunas de Neila.

Raul Garcia Pierna – Esteve em bom plano no Tour na ajuda a Kevin Vauquelin, presente em 3 fugas e ao lado do seu líder em alguns dos momentos mais importantes, é alguém que já tem vitórias este ano e alguns bons resultados em provas por etapas como o Paris-Nice, onde fez top 20.

Kevin Vermaerke – 6º na recente Arctic Race, é alguém que normalmente obtém bons resultados nesta fase do ano, creio que a subida final é muito boa para as suas características.

Marco Frigo – Foi uma bela surpresa no Giro 2024, entretanto obteve a primeira vitória como profissional, através de uma fuga, foi 5º na Volta a Bélgica muito por causa de uma fuga e fechou top 10 na Volta a Polónia, pode não vir a ter outra chance destas.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Victor Langellotti e Sergio Higuita

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