A despedida da Albânia faz-se com o regresso das dificuldades montanhosas e com uma etapa bastante traiçoeira. Será que ao 3º dia teremos a primeira fuga vitoriosa no Giro? Conseguirá Mads Pedersen recuperar a liderança?

Percurso

O último dia na Albânia faz-se com uma etapa em torno de Vlorë. Um dia de sobe e desce constante, basta notar que os primeiros quilómetros têm algumas pequenas colinas apesar da primeira contagem de montanha surgir apenas ao quilómetro 60, com 5,3 kms a 4,2%. A meio da etapa 5100 metros a 6,8% numa subida não categorizada já será importante para separar as águas, no entanto o menu principal será servido mais adiante na etapa.

Será em Qafa e Llogarase (10,5 kms a 7,4%), uma subida muito regular, praticamente sempre a rondar os 7-8%, com o seu topo a ser a 39 quilómetros do final. Descida de 20 quilómetros para os últimos 19 quilómetros planos no regresso a Vlorë. Final totalmente plano, com uma reta da meta a ter 800 metros de extensão.

Táticas

3000 metros de desnível acumulado logo ao terceiro dia de uma Grande Volta e não estamos a falar de uma grande etapa de montanha. A etapa não é muito longa, apenas 160 quilómetros e toda a dureza está em 121 quilómetros, como já referimos os restantes ou são em descida ou em plano. A subida de Qafa e Llogarase será dura demais para os sprinters, a única questão é saber se Mads Pedersen vai conseguir aguentar. O dinamarquês aguentou ao 1º dia mas a subida não era tão longa e tão dura mas a Lidl-Trek sabe que tem aqui uma chance de recuperar a liderança.

Pela Red Bull-BORA, acreditamos que não se importam de perder a liderança para alguém que esteja atrasado na classificação geral e não seja um perigo no final das 3 semanas. Ainda é muito cedo, quanto menos desgaste Roglic e a equipa tiverem melhor e vemos muitas vezes isto acontecer no início das Grandes Voltas. Desta forma, esperamos uma corrida rapidíssima nos primeiros quilómetros, muita luta pela presença na fuga, que pode vir a ser vitoriosa. Sabendo que sozinha será complicado controlar a corrida, a Lidl-Trek pode optar por colocar ciclistas na fuga. Uma etapa muito interessante em perspetiva.

Favoritos

Christian Scaroni – Começou extremamente bem o ano, foi uma das sensações do início da época, depois caiu e regressou nas Ardenas a um bom nível. Ainda não é visto como uma ameaça pela concorrência para a geral e como já está a quase 2 minutos da rosa pode ter mais liberdade. A Astana amanhã tem de fazer alguma coisa diferente para tirar proveito da jornada e de ter várias opções para ela.




Marco Frigo – Com o ligeiro atraso de Derek Gee na geral pode ter um pouco mais liberdade. Está a mais de 2 minutos na geral e vem de uma moralizadora vitória no Tour of the Alps, a primeira da carreira como profissional, para além disso na Vuelta do ano passado foi um dos grandes animadores, esteve em 6 fugas, ficando perto da vitória por uma ocasião.

Outsiders

Romain Bardet – Não tenho grandes dúvidas que vai tentar a sua sorte na subida principal, resta saber se vai conseguir fazer diferenças, sendo que todos sabem que o francês é perigoso se lhe derem tempo para a descida. Bardet já é naturalmente ofensivo, nesta despedida tende a ser ainda mais.

Filippo Zana – Campeão nacional em 2022, vencedor de etapa em 2023 e depois esteve novamente perto na Vuelta 2024. Zana é uma das muitas opções da Jayco para este tipo de terreno e parece ter perdido algum tempo de propósito estando já a mais de 3 minutos na geral. É um ciclista perigoso em grupos de 5/6 em caso de sprint em grupo reduzido.

Mads Pedersen – Depois do que vimos o dinamarquês fazer no Paris-Nice não seria uma surpresa vê-lo não só a passar bem a subida como a ganhar a etapa, depois da 5ª etapa não tem mais chances para vestir a rosa novamente, é a derradeira oportunidade, mas acho que mais do que isso, uma etapa bem conseguida por parte da Lidl-Trek como ontem e é quase o garantir de outra vitória em etapa.

Possíveis surpresas

Orluis Aular – 3º no dia inaugural vai querer repetir esse resultado e globalmente está a subir melhor do que Wout van Aert. Não acredito que ataque, a estratégia deve passar por seguir ao máximo Mads Pedersen.

Mattia Cattaneo – Liberto da responsabilidade de trabalhar para Mikel Landa agora que o basco foi para casa mais cedo vai ser sempre um perigo neste tipo de etapas, para a Soudal envergar a camisola rosa já seria muito bom.

Davide Formolo – Primeira oportunidade para um ciclista que nos últimos tempos tem sido uma sombra de si mesmo, a Movistar não está a andar mal este ano e quer recuperar o melhor nível do transalpino, já perdeu algum tempo e isso dá mais liberdade.




Wout Poels – Pode eventualmente ter algumas desculpas para atacar, primeiro já está um pouco atrasado na geral e mesmo que ganhe 3/4 minutos não é dramático, segundo porque pode ter a desculpa de lutar pela classificação da montanha e uma ofensiva passar um pouco mais despercebida.

Remy Rochas – Um corredor pequeno e destemido que não tem medo de atacar, é um dos nomes que pode estar em destaque na subida, o problema é que não tem grande ponta final e num grupo reduzido deve sempre sair a perder.

Andrea Vendrame – O polivalente italiano já surpreendeu por vezes no que toca à sua resiliência em situações de escapada, quando se pensava que era duro demais para ele, é um corredor que num sprint entre 60 a 70 também pode estar presente.

Isaac del Toro – Há aqui 2 abordagens alternativas que podemos encontrar por parte da UAE, primeiro seria tentar manter Roglic na liderança, para isso era preciso Pedersen ficar para trás na subida e não bonificar, a UAE tem equipa para forçar o ritmo na subida. Uma segunda via é usar os possíveis números que tenha para atacar à vez (Ayuso, Vine, McNulty, Yates, Majka e del Toro) e aí o mexicano pode ter uma liberdade extra.

Gijs Leemreize – Creio que a Picnic amanhã pode ser uma das equipas mais ofensivas, tem de jogar com as cartas que tem e sabem que se esperarem pela Lidl-Trek vão perder para Mads Pedersen ao sprint. Leemreize tem um excelente histórico no Giro, já esteve perto de ganhar etapas.

Nicolas Prudhomme – Recente vencedor de etapa no Tour of the Alps está a cerca de 2 minutos na geral e parece por isso ser um bom candidato a envergar a camisola rosa visto que a Red Bull-Bora não estará muito interessada em mantê-la para já. Ninguém o vê no top 10 final, não tem nenhum líder para trabalhar, reúne as condições necessárias.

Tom Pidcock – Dentro dos potenciais ciclistas para top 10 diria que mesmo assim é dos menos marcados, veremos como encara esta etapa, principalmente a descida após a principal subida do dia.

Marco Brenner – O germânico fez um belo início de temporada, andou muito bem no Giro d’Abruzzo e nestas 2 primeiras etapas do Giro fez sempre dentro dos últimos lugares. Isto quer dizer que ou está doente ou perder muito tempo de propósito, tanto ele como a equipa diziam que a conquista de uma etapa era o principal objectivo.

Super-Jokers

Os nossos super-jokers são Edoardo Zambanini e Georg Steinhauser

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