Amanhã haverá uma etapa curta e interessante, com algumas subidas à mistura, será que Mads Pedersen vai conseguir o “hat-trick” e manter a camisola rosa?
Percurso
Depois de 30 quilómetros relativamente ondulados, mas sem grandes dificuldades seguem-se 90 quilómetros de terreno rolante, até aqui é uma etapa plana. Até que a 28 kms da meta aparece a única contagem de montanha do dia, bem dura por sinal, 2900 metros a 8,4%. Até ao final há mais 3 subidas, nenhuma delas categorizada, primeiro 5600 metros a 4,5%, depois 2900 metros a 3,3% e por fim uma possível rampa de lançamento para ataques, 700 metros a 8,6%, mesmo à entrada dos 2 kms finais. A aproximação à meta tem uma ligeira descida até que os 500 metros finais empinam novamente.
Tácticas
Circulam no ar muitas dúvidas sobre o que acontecerá amanhã, temos de analisar os interesses das várias equipas. Julgo que a Lidl-Trek vai querer conservar a liderança, não vejo porque não, até porque caso a consiga manter amanhã é quase certo que a vai ter mais 1 dia depois, é uma etapa simples ao sprint. A jornada de amanhã é relativamente fácil de controlar caso os primeiros quilómetros corram bem, é curta, não é assim tão dura, não tem um grande desnível acumulado, o problema é que Soren Kragh Andersen não acabou a etapa de hoje em bom estado e não convém expor Ciccone e Pedersen, restam Jacopo Mosca, Daan Hoole, Carlos Verona, Patrick Konrad e Mathias Vacek.
Então e relativamente à etapa? Bom, julgo que a Lidl-Trek também está interessada nisso, é uma boa oportunidade e devido ao sistema de pontos da Maglia Ciclamino pode ser mesmo um dia decisivo para essa classificação caso Pedersen ganhe e os seus rivais mal pontuem, é um objectivo declarado. Há outros possíveis interessados na etapa, é mal provável bater o dinamarquês num sprint em subida destes do que num sprint em terreno plano num grupo reduzido, vamos ver o que fazem Movistar, Bardiani e Astana. As equipas sem homens da geral e sem grandes nomes para esta etapa têm de atacar logo de início.
A Lidl-Trek vai tentar fazer a definição, tal como nos outros dias, na subida mais dura da jornada, dificilmente Kooij, Groves e Magnier vão aguentar aí, depois o terreno até final, apesar de não ser tremendamente complicado, não é fácil, é aí que pode surgir um ataque e podem faltar ciclistas de trabalho. Eu diria que distribuiria as probabilidades para esta etapa da seguinte forma, vitória de Pedersen ao sprint 60%, vitória de outro ciclista ao sprint 10%, fuga a resultar 10% e ataque nos últimos 10 quilómetros 20%.
Favoritos
Mads Pedersen – Seria hipocrisia não o colocar nesta categoria se acho que ele tem 60% de probabilidades de ganhar, o facto é que o dinamarquês é mais forte num sprint em grupo reduzido em terreno plano, mas não podemos esquecer que é alguém que já fez pódio em Flandres e é explosivo neste terreno. Pode ter falta de companheiros no final e aí vai ter de jogar bem poker.
Quinten Hermans – A jornada hoje foi rápida, mais rápida do que se esperava e no final vimos um pelotão bem esticado e reparei que Hermans se desligou muito cedo hoje, para poupar energias e perder ainda mais tempo. É um corredor que não sobe mal e é explosivo, está quase sempre em bom plano nas Ardenas.
Outsiders
Orluis Aular – Reforço da Movistar para esta temporada, esteve entre os melhores nos 2 sprints disputados, ambos em pelotão reduzido. Espero o mesmo cenário amanhã e considero que o venezuelano é mais forte nestes sprints em subida do que nos sprints planos, pode surpreender os tubarões.
Diego Ulissi – Já não tem a explosão de outros tempos, mas ainda está aqui para as curvas, o veterano italiano sabe posicionar-se nestas chegadas como poucos e nas colinas ainda pode fazer alguma diferença, quem sabe surpreender ainda longe da meta.
Dorian Godon – Ao longo do Giro acho que o francês não vai ter assim tantas hipóteses de vitória, nas etapas planas tem Sam Bennett e na montanha não é capaz de resistir perante os trepadores, portanto pode ter esta etapa marcada com um “x” no livro de prova, é muito bom nas colinas.
Possíveis surpresas
Davide de Pretto – É um puncheur com algum potencial, tem mostrado sinais disso ao longo da sua estadia na Jayco principalmente em competições menores, falta-lhe aquele momento de confirmação a nível internacional.
Andrea Vendrame – Ciclista muito completo que tem tendência a melhorar com os dias de competição, hoje nem sequer se meteu na confusão do sprint porque amanhã pode ser objectivo.
Corbin Strong – No último dia da Albânia agarrou-se com unhas e dentes ao grupo, fez uma grande recuperação e ainda foi fazer 2º, isto deixa um ciclista muito moralizado e é alguém com um bom sprint em subida.
Filippo Fiorelli – Impressionou nos finais em subida durante o Giro d’Abruzzo, perante uma concorrência bastante competente, a Bardiani sabe que tem aqui uma boa chance de um bom resultado e a equipa apesar dos modestos recursos tem feito boas aproximações e boas colocações.
Marco Brenner – Candidato da fuga nº1
Nick Schultz – Candidato da fuga nº2
Quentin Pacher – Candidato da fuga nº3
Mikkel Honoré – Candidato da fuga nº4
Cristian Scaroni – É quase certo que vai tentar a sua sorte na parte final, é um corredor ofensivo, que hoje perdeu alguns segundos e poupou alguma energia e que já está algo longe na geral.
Thomas Pidcock – Tem a explosão habitual do ciclocrosse consigo, uma equipa que vai trabalhar para ele e para o seu posicionamento, já provou que consegue exibições muito especiais.
Primoz Roglic – Já vi coisas mais improváveis, o esloveno tem obtido sempre excelentes colocações e vai ter uma armada consigo durante toda a etapa, para além disso continua a ser muito bom nestes finais em subida e pode querer tentar uma bonificação no final para alargar a diferença, cuidado com Roglic.
Luke Lamperti – Já vi surpresas maiores a acontecer, o norte-americano tem algumas parecenças a Peter Sagan, que também gostava destes finais, o problema é resistir à 4ª categoria, atenção que no ano passado foi 11º em Quebec.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Pello Bilbao e Marco Frigo.