Um elenco novo e excitante que teve uma temporada razoável com as habituais flutuações de desempenho, normais num plantel com este tipo de ciclistas. O projecto de jovens talentos que sobem da equipa de formação perde elementos fundamentais como Laurence Pithie ou Lenny Martinez e torna a estrutura mais fraca para 2025.
Os dados
Vitórias: 15 triunfos, 3 deles no World Tour e um terço conquistado por Lenny Martinez
Pódios: 54 pódios, o que significa que não foi uma formação muito eficaz neste aproveitamento de bons resultados em triunfos.
Dias de competição da equipa: 254 dias de provas para a Groupama-FDJ, é uma daquelas formações que não está desesperada pelos pontos UCI e que por isso não faz grandes digressões fora da Europa.
Idade média do plantel: 27,3 anos, um plantel relativamente jovem, composto por muitos ciclistas que passaram pela equipa de formação
Mais kms: O sempre combativo Quentin Pacher realizou 13 186 kms em competição
Melhor vitória: Não foi a mais espectacular, mas no último dia possível Stefan Kung assinou a única vitória da Groupama-FDJ nas Grandes Voltas em 2024.
O mais
De um modo geral os jovens da Groupama-FDJ estiveram muito bem e até tomaram um papel de liderança que este ano Gaudu e Madouas não conseguiram cumprir. Romain Gregoire comprovou que, de facto, é um puncheur muito perigoso, ganhou 1 etapa no País Basco, fez uma campanha decente nas Ardenas, faltou fazer um Tour mais visível, mas depois ainda foi 4º na Volta a Polónia e fez 3 pódios em clássicas italianas para fechar o ano. Lenny Martinez ganhou 5 clássicas do circuito europeu, Trofeo Laigueglia, Classic Var, Tour du Doubs, Mercan’Tour Classic e Tour Besançon, para além de ter feito 2º no Gran Camino. Também impressionou pela regularidade em corridas do World Tour, 7º na Volta a Catalunha, 8º na Strade Bianche e 8º no Tour de Romandie.
Depois gostei muito de ver a primeira metade do ano de Laurence Pithie, vence a Cadel Evans Race, faz 2 pódios no Paris-Nice, 15º na Milano-SanRemo e 7º no Paris-Roubaix, mostrou ter muita capacidade nos sprints em grupos mais reduzidos e esta polivalência nas clássicas é sempre de realçar. Quentin Pacher voltou ao seu melhor nível, fez 760 pontos UCI, ninguém diria isso no início do ano, 8º na Amstel Gold Race, pódio de etapa no Tour e na Vuelta.
O menos
Sem Thibaut Pinot e Arnaud Demare, a estrada estava mais do que livre para vermos um David Gaudu em todo o seu esplendor, mas como sempre nunca sabemos muito bem o que esperar do enigmático francês. E na verdade o gaulês foi uma sombra de si mesmo até à Vuelta, falhou no Paris-Nice, nas Ardenas e no Tour e, de certa forma, salvou a temporada com o 6º posto na Volta a Espanha, continuando depois o bom momento para fazer top 10 na Lombardia. Ainda assim, Gaudu já tem o estatuto e a obrigação de fazer mais e melhor ao longo do ano, ainda para mais quando teve condições para isso.
Metade dos pontos obtidos por Valentin Madouas foi nos Jogos Olímpicos, em representação da selecção nacional, sem ser isso o francês só se viu nas Ardenas porque faltou o habitual espírito combativo, bem como a consistência, até nas clássicas da Flandres. Paul Penhoet teve uma relativa estagnação na sua evolução, uma lesão impediu-o de competir até Abril e depois a equipa não o levou a quase nenhuma corrida World Tour, excepto o Renewi Tour, onde fez 2 top 5, isto é uma opção que não se percebe tendo em conta a sua qualidade e que já não tinha Demare no plantel. Também era expectável que Lewis Askey e Sven Erik Bystrom fizessem mais e melhor.
O mercado
Perder 2 grandes talentos como Lenny Martinez e Laurence Pithie, numa estrutura que tem tido a estratégia clara de promover jovens talentos desde a base até aos elites é um rude golpe porque este caminho não é, de todo, sustentável. Para além deles, também Reuben Thompson e Samuel Watson vão embora da estrutura francesa, isto tudo para entrarem veteranos como Guillaume Martin e Remi Cavagna, que nos últimos anos não têm tido os melhores resultados.
Contrataram 3 jovens, apenas Rolland vem da equipa de formação e realmente é outra jovem promessa, vencedor do Giro di Lombardia sub-23 e da Corrida da Paz, é um dos melhores sub-23 desta geração, a questão é que rubricou apenas um contrato de 2 temporadas. Braz Afonso é outro trepador, mas sem grandes resultados ainda, Donnenwirth foi uma grande surpresa no Tour of Britain ao fazer 3º, é mais um puncheur.
O que esperar de 2025?
De todas as equipas feitas até agora, esta foi a mais difícil de fazer nesta secção, muito por causa da juventude do plantel. Isso leva a muita incerteza na evolução dos ciclistas porque há imensa dúvida sobre o potencial máximo dos mesmos, será que alguém como Paul Penhoet tem capacidade para batalhar com os melhores do World Tour? Creio que há condições, mesmo perdendo Martinez e Pithie, para a Groupama-FDJ subir ao top 10 do Ranking UCI, muito porque David Gaudu tem mais do que capacidade para fazer mais pontos do que este ano, é alguém que já andou muito bem no Paris-Nice, Ardenas e Tour, se repetir o que fez no passado e juntar a isso a boa Vuelta deste ano já seria uma boa temporada. Guillaume Martin dá outra opção e alternativa para top 10 em provas por etapas e certamente que nas provas internas será um protagonista. Tirando Madouas, Pacher e Molard não há muita ajuda comprovada na alta montanha.
Para os sprints, a equipa vai apostar tudo em Paul Penhoet e talvez no surgimento de um segundo nome como Matthew Walls. Para as clássicas das Ardenas, o grande nome é Romain Gregoire, creio que o jovem francês tem tudo para fazer pódio neste tipo de corridas, também pela sua potente ponta final/explosão, a questão é para isso precisa também da ajuda de Stefan Kung e Valentin Madouas, que terão como objectivo maior as clássicas do empedrado. Em relação a jovens relativamente anónimos a aparecer, apostaria em Eddy Le Huitoize e Thibaud Gruel.