Ainda por França, chegou a altura de analisarmos a temporada da pro team francesa Nippo Delko One Provence. Apesar de ter sido um ano diferente, com menos dias de competição, a equipa gaulesa, que conta com os portugueses José Azevedo (diretor-desportivo) e José Gonçalves (corredor), conseguiu um número interessante de vitórias, equiparando-se a outras épocas.
Os dados
Vitórias: 9 triunfos, incluindo um título nacional
Pódios: 31 pódios, cinco deles em provas da categoria Pro
Dias de competição da equipa: 122 dias de competição, apresentando-se em várias frentes, com provas do calendário africano e asiático.
Idade média do plantel: 27,9 anos, com cinco ciclistas acima dos 34 anos, sendo que o japonês Fumiyuki Beppu é o ciclista mais velho com 37 anos.
Mais kms: José Manuel Díaz, com 7176 km percorridos em 49 dias de competição.
Melhor vitória: O triunfo de Simon Carr na Prueba Villafranca-Ordiziako Klasika, em Espanha. Com um ataque a 10 quilómetros do fim, o jovem de 22 anos arrebatou a sua primeira vitória como profissional. A equipa apenas conseguiu um triunfo em provas da categoria Pro, por intermédio de Hideto Nakane, mas a concorrência não era propriamente a mais forte.
O mais
De um leque de 25 corredores, temos de destacar o eritreu Biniam Ghirmay, como o ciclista mais bem-sucedido da temporada. O jovem de 20 anos triunfou por duas ocasiões no início do ano, na La Tropicale Amissa Bongo, vencendo também a camisola dos pontos. Nas sete etapas que compunham a prova, apenas ficou arredado do top dez por uma ocasião. Esteve perto de vencer o Trofeo Laigueglia, em Itália, perdendo apenas para Giulio Ciccone. Fez resultados interessantes ainda no Tour do Ruanda, Volta a Burgos, Settimana Internazionale Coppi e Bartali, Tour du Doubs e no Giro della Toscana. No total, alcançou 18 top dez nesta época, em 40 dias de competição.
O romeno Eduard Grosu foi outra figura da equipa, como já vem sendo habitual por onde passa, ao alcançar 23 top dez! Venceu por duas ocasiões e levou a geral, no Tour da Roménia. O ciclista sentiu, claramente, a ausência de provas, especialmente na Ásia/Europa de Leste, onde costuma ser bem-sucedido.
Uma das sensações, nos poucos dias de competição, foi o britânico Simon Carr. Em outubro, foi coroado o vencedor da juventude na Volta a Portugal Edição Especial, com destaque para a sua segunda etapa, onde terminou em quarto lugar no alto da Senhora da Graça. Passado uma semana, correu a sua última prova da época, a Prueba Villafranca-Ordiziako Klasika, em Espanha, que veio a vencer com distinção.
Referir ainda as prestações de Alessandro Fedeli e de Riccardo Minali. O primeiro conseguiu alguns resultados interessantes, com uma vitória no Tour du Limousin, onde bateu Rui Costa pelo primeiro lugar. Minali fez vários top dez, estando muito perto da vitória por duas ocasiões. Hideto Nakane andou bem nas provas do calendário asiático, onde conquistou a sua primeira vitória da carreira.
O menos
Esperava-se mais de nomes como Mauro Finetto, Julien El Fares e Justin Jules. Os ciclistas experientes, todos com uma idade acima dos 34 anos, não tiveram uma época desejável, comparativamente ao que fizeram em outras temporadas. O nome que melhor representa o insucesso de 2020 é o de El Fares, com apenas dois top dez, com um 8.º lugar como melhor prestação. No ano transato, o corredor conseguiu 20 top dez, incluindo provas como o Paris-Nice e o Tour do Luxemburgo.
Justin Jules, a correr em 2019 pela Wallonie-Bruxelles, alcançou 11 top dez, quatro pódios e um triunfo na Volta ao Aragão. Esta temporada, ficou a zeros, muito derivado à lesão que teve no Saudi Tour, onde partiu o perónio. O português José Gonçalves esteve muito desaparecido, na sua primeira época na equipa francesa.
O mercado
O lituano Ramunas Navardauskas irá retirar-se do ciclismo no final deste ano, após duas temporadas na equipa francesa. Competiu oito anos no World Tour, com vitórias no Giro de Itália e no Tour de França. Romain Combaud irá rumar para o World Tour, para a equipa da Sunweb. Hideto Nakane irá para a EF Pro Cycling, enquanto que Rémy Rochas segue para outra equipa francesa, a Cofidis.
Quanto a entradas, foram buscar seis corredores até ao momento, quatro deles franceses. Yakob Debesay vem da equipa continental da FDJ, corredor eritreu de 21 anos, com bons resultados em sub-23 e em provas africanas. Eduard Prades é uma contratação importante, vindo da Movistar, com uma ponta final capaz de dar bons resultados à equipa. Os outros nomes são Clément Carisey, Alexandre Delettre, Clément Berthet e Axel Zingle. Especial atenção para Zingle, campeão nacional francês de estrada, na categoria de sub-23.
O que esperar de 2021?
Uma equipa que vai, sobretudo, competir no calendário europeu, tendo sempre em vista as provas do calendário francês, do Africa Tour e Asia Tour. É uma formação que está habituada a competir fora do continente europeu. Nos últimos dois anos (2018 e 2019), a equipa competiu em 12 competições fora da Europa, com especial atenção para Ásia e África, de onde vêm muitos pontos UCI.
Alguma curiosidade sobre os possíveis desempenhos dos jovens Simon Carr, Mulu Hailemichael, Yakob Debesay e Axel Zingle. Os melhores resultados da equipa deverão aparecer por Biniam Ghirmay, Grosu e Pierre Barbier nos sprints. Para a geral, nas provas por etapas, a equipa continuará com o veterano Délio Fernández como figura principal, enquanto que José Manuel Díaz também poderá aparecer.