Simon Gerrans é um ciclista que fica na história, principalmente na história da Orica Greenedge, ou Mitchelton-Scott, como se chama agora. O australiano, agora com 38 anos, deu uma volta enorme à sua carreira quando se mudou para a estrutura chefiada por Matthew White em 2012. Antes disso tinha 6 vitórias no WT, terminou a carreira com um total de 21(!!).




Curiosamente Simon Gerrans iniciou carreira em Portugal, no Carvalhelhos – Boavista, em 2003. Em 2005 foi para a Ag2r La Mondiale e rapidamente impressionou, sendo 7º no Tour Down Under e 1º no Tour du Finistere, no Herald Sun Tour e no G.P. Industria. Em 2006 conquistou a primeira de 4 vitórias no Tour Down Under e 2 anos mais tarde mudou-se para a Credit Agricole. Pela equipa francesa foi fortíssimo precisamente em França, com triunfos no Criterium Internacional, na Route du Sud e no Tour de France. Depois passou pela Cervelo Test Team, onde foi dos melhores da equipa, fez top 10 nas 3 clássicas das Ardenas, venceu etapas no Giro e na Vuelta e ainda conquistou o G.P. Plouay.

Isso fez com que a Team Sky o chamasse em 2010, o nível de resultados baixou, o que o levou a ir para a Orica Greenedge em 2012. Aí foi quase sempre o líder nas clássicas e entrou na história por conquistar as primeiras grandes vitórias da equipa, são épicos os triunfos de Gerrans na Milano-San Remo e na Liege-Bastogne-Liege, poucos são os ciclistas que podem dizer que ganharam 2 Monumentos. Nos 7 anos da equipa também ganhou o Tour Down Under por 3 vezes, foi campeão nacional, venceu por 2 vezes o G.P. Quebec e o G.P. Montreal por 1 vez e ganhou etapas na Volta a Catalunha, Volta ao País Basco e no Tour. Claramente o nível de resultados baixou (também fruto de um conflito interno com Michael Matthews), foi dispensado no final de 2017 e a BMC aproveitou para contratar um “capitão de estrada” para 2018.

Agora vamos falar de um ciclista que fez essa função de “capitão de estrada” durante muitos anos. Trata-se de Bram Tankink, holandês que deixa de ser ciclista profissional aos 38 anos, após uma carreira de 19 temporadas, onde fez 17 Grandes Voltas e participou em 41 Monumentos. Para além de corredor de trabalho, foi alguém que sempre foi leal e cumpriu sempre que lhe foi pedido, começou a carreira da Tegeltoko e na Domo – Farm Frites, passou para a Quick Step em 2003, ingressou na Rabobank em 2008 e ficou lá um total de 11 temporadas.




Tankink sempre foi um ciclista completo, que esteve mais em destaque nas clássicas do que nas Grandes Voltas, prova disso é que ainda fez top 5 na E3 Harelbeke e na Brabantse Pijl. Fez 41 Monumentos, finalizou 31 deles, conta com 15 presenças na Liege-Bastogne-Liege e o seu melhor resultado é um 26º posto no Paris-Roubaix em 2014 e na Milano-Sanremo em 2017. O holandês vai deixar saudades, principalmente dentro da Team LottoNL-Jumbo e não seria uma surpresa vermos Tankink como director-desportivo em breve, até porque tem perfil para isso.

Borut Bozic teve uma carreira curiosa, um verdadeiro “GlobeTrotter” que deixou uma imagem de ficar entre a genialidade e a discrição. O esloveno de 38 anos termina a carreira com excelentes números, participou em 24 Monumentos, em 7 Grandes Voltas (número reduzido tendo em conta os anos que esteve ao mais alto nível) e 21 vitórias como profissional (curiosamente a última em 2012, tendo estado as últimas 6 temporadas sem ganhar).




As suas funções foram mudando, como jovem impressionou na Perutnina Ptuj, ganhando etapas na Volta a Eslovénia ou no Tour de l’Avenir e foi para a Team LPR em 2007, onde levou para casa o Tour de Wallonie, continuou a ganhar corridas ao sprint e em 2009 mudou-se para a Vacansoleil, onde teve a melhor fase da carreira. Triunfos na Volta a Bélgica, na Volta a Polónia, a Volta a Suiça, e mesmo 1 etapa na Vuelta. Quando foi para a Astana, em 2012, deixou de ser tanto um sprinter e passou a ser mais um ciclista de clássicas, tendo ainda conseguido ser 2º na Gent-Wevelgem. Passou pela Cofidis, em 2016, e terminou a carreira com 2 temporadas na Bahrain-Merida, onde se notou claramente que o rendimento já não era o mesmo, também fruto de muitas lesões.

Outro veterano rolador que se retira este ano é Gregory Rast, ele que tem alguns aspectos em comum com Bram Tankink, já que não passou por muitas equipas e tem 38 anos. As 3 estadias foram na Phonak entre 2003 e 2006, na Astana entre 2007 e 2009 e na estrutura da Trek-Segafredo desde 2010 até este ano. Em 2004 teve a sua primeira grande vitória, ao ser campeão nacional e em 2005 foi 14º nos Mundiais. Foi novamente campeão nacional em 2006 e no ano seguinte levou para casa a Volta ao Luxemburgo e 1 etapa dessa prova. Voltou a ganhar no Luxemburgo em 2009 e em 2013 somou a vitória mais importante da carreira, na 6ª etapa da Volta a Suiça, fica assim completo o currículo de triunfos de Gregory Rast.

O suíço sempre teve no terreno plano e nas pequenas colinas o seu terreno predilecto, um bom contrarrelogista devido a ser possante, e acompanhou Fabian Cancellara na parte final da sua carreira, sendo essa a memória mais recente que fica dele. Tanto que durante a carreira alinhou em 10 Grandes Voltas e em 51 Monumentos. Desses 51 Monumentos tem um fabuloso 4º lugar no Paris-Roubaix em 2010, no ano em que ganha Johan van Summeren.

Por fim, temos um jovem de 25 anos, Truls Engen Korsaeth, que abdicou de ser ciclista profissional por falta de motivação, com a ambição de se dedicar aos estudos. O jovem norueguês começou a sua carreira de ciclista profissional na Team Joker, onde se destacou particularmente em 2015, ao ser 3º no Tour des Flandres para sub-23 e 4º nos Mundiais de contrarrelógio sub-23. Ficou na equipa norueguesa em 2016, até que foi contratado pela Astana para 2017.

Teve uma época e meia de calendário recheado, mas sem grandes resultados, é certo. Ainda que o 20º posto na Strade Bianche tenha dado boas indicações. Em 2018 competiu até início de Maio, depois inscreveu-se nos Nacionais em Junho, mas nem sequer alinhou na prova, dando indicações da decisão que viria a efectivar-se no final do ano.




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