Depois de um contra-relógio, o regresso das etapas em linha e logo com uma maratona! Mais de 200 quilómetros, num final bastante complicado, novamente com subidas íngremes e que pode ver a primeira fuga vitoriosa do Tour.
Percurso
Segunda etapa acima dos 200 quilómetros neste Tour e com o aumentar das dificuldades. Os primeiros 138 quilómetros são os mais acessíveis, apesar de duas contagens de montanha ainda na fase inicial, mas que servirão apenas para desgaste. Aí surge o Côte de Mortain Cote (1600 metros a 8,6%) e 15 quilómetros mais tarde o Côte de Juvigny-le-Tertre (2,2 kms a 6,6%). Depois é preciso esperar cerca de 20 quilómetros e, sensivelmente a 20 quilómetros do fim, o Côte de Saint-Michel de-Montjoie (3,7 kms a 4,2%) será a penúltima subida.
Os ciclistas passam uma primeira vez pela meta a 11 quilómetros do fim, antes de terem pela frente mais uma parede, o Côte de Vaudry (1200 metros a 7,1%), uma subida que termina a menos de 3 quilómetros da meta em Vire Normandie. O final também é complicado, com 750 metros a 8,9%.
Táticas
A primeira verdadeira etapa para a fuga! Este é um dia perfeito para os fugitivos, um dia longo, com subidas não muito duras para os homens da geral e duras demais para os sprinters. O pelotão sabe disso e, portanto, esperamos uma luta intensa pela presença na frente, muitos ataques na fase inicial e só vemos a fuga a formar-se numa das duas primeiras subidas do dia, um grupo muito numeroso com muitas equipas representadas.
A segunda parte da etapa também promete. Vão existir tentativas da fuga de la fuga, aqueles ciclistas que sabem que na luta direta com os melhores puncheurs não terão hipótese, veremos se depois há colaboração para fechar estes espaços, pelo que será importante ter dois ciclistas da mesma equipa na frente, um para fechar espaços e outro para atacar e marcar os principais rivais. Quanto há luta pela geral vai-se resumir às últimas subidas e a possíveis diferenças de alguns segundos entre os principais candidatos. Também não seria uma hipótese totalmente descabida ver a UAE Team Emirates e Tadej Pogacar “dar” a camisola amarela a um ciclista sem perigo na classificação geral final.
Favoritos
Neilson Powless veio em busca de vencer uma etapa e tem aqui a primeira oportunidade. O norte-americano anda sempre melhor na fase inicial das Grandes Voltas, terá de aproveitar esse factor. Este é o terreno ideal para si, um ciclista que adora as clássicas e as subidas curtas e um pouco explosivas. Tanto se adapta no cenário de atacar de longe como esperar pela parte final.
Será desta que Julian Alaphilippe vai voltar a vencer no Tour? Longe vão os tempos em que o antigo campeão do Mundo era um dos principais favoritos mas desde a Volta a Suíça que parece ter renascido para as boas exibições. Numa equipa onde terá liberdade e ciclistas focados em ajudar, poderemos ver o ciclismo romântico a triunfar e LouLou a levantar os braços.
Outsiders
Romain Gregoire esteve na luta nas duas etapas com finais duros, amanhã é mais um dia que pode aproveitar para brilhar. Terá mais condições de vitória através de uma fuga, num cenário em tudo idêntico ao que aconteceu quando venceu na Volta a Suíça. Um dos bons puncheurs do pelotão, não vai temer a subida final.
Aurelién Paret-Peintre é um nome que encaixa no perfil de ciclista a entregar a camisola amarela. O francês está a menos de 4 minutos de Pogacar, tem estado bem nos dias mais duros, e a longo prazo não é um perigo. Trepador competente e com uma boa ponta final, vencer e conquistar a liderança do Tour seria a cereja no topo do bolo.
Jenno Berckmoes pode ser um nome mais alternativo mas ainda jovem soma já bons resultados em clássicas e etapas desse género, com destaque para a etapa conquistada na recente Volta a Bélgica. Numa Lotto que procura vitórias em fuga, Berckmoes encaixa neste cenário, ele que tem de aproveitar enquanto as etapas não se tornam mais duras. É um ciclista relativamente explosivo.
Possíveis surpresas
Mathieu van der Poel – teremos o neerlandês na fuga para recuperar a camisola amarela? Não é uma ideia totalmente descabida, não é nenhum perigo para a geral. Este é o terreno de Van der Poel, só que numa fuga será o alvo a abater por tudo e todos.
Quinn Simmons – combativo norte-americano que vem de vencer na Volta a Suíça com um ataque bem longe de meta. O Capitão América não tem medo de arriscar, tem aqui uma excelente oportunidade para brilhar.
Marc Hirschi – fosse o Hirschi dos últimos anos e seria ainda mais favorito, no entanto até está a fazer um Tour razoável para o que apresentou este ano. Talvez tenha focado a sua forma para aqui, é uma hipótese para camisola amarela.
Ben Healy – uma alternativa dentro da EF Education, alguém que poderá fazer a fuga de la fuga, já tem muitas vitórias desse género neste tipo de terreno.
Louis Barré – o jovem francês está a ter um ano muito positivo, um dos poucos destaques da Intermarché-Wanty. Já começa a merecer a primeira vitória da carreira, este é o terreno ideal para si.
Joe Blackmore – o jovem britânico é um enorme talento e já demonstrou ter muito potencial para este tipo de etapas. Numa Israel-Premier Tech sem um líder assumido, Blackmore terá liberdade para atacar e procurar a glória.
Mauro Schmid – o campeão suíço chega em excelente forma, muito combativo nas últimas provas que realizou mas a vitória teima em não aparecer (descontando os nacionais). Nem sempre é o mais inteligente, precisa de saber gerir as forças.
Bastien Tronchon – tem feito boas exibições, inclusive com vitórias, em provas deste estilo no calendário francês, é um ciclista bastante completo. Um nome que não será tão marcado como outros, poderá ser fundamental para o seu sucesso.
Wout van Aert – mostrou-se melhor ontem, hoje poupou-se no contra-relógio, estaria a pensar na etapa 6? Pode ser o caso e, se estiver bem, este é um final que assenta bem ao belga. Atacar de longe, fazer a seleção no grupo e “rematar” na subida final.
Axel Laurance – numa INEOS muito ofensiva, o antigo campeão do Mundo sub-23 é a opção a considerar, um ciclista que passa bem a média montanha e é muito explosivo.
Tadej Pogacar – numa batalha entre os favoritos e com o final tão inclinado, é difícil imaginar outro cenário que não seja o esloveno a vencer. É o mais explosivo dos favoritos e se sentir a oportunidade de ganhar não vai desperdiçar.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Warren Barguil e Dylan Teuns.