Está de regresso o World Tour! O pelotão internacional volta a viajar até à Austrália para a abertura oficial da temporada. Com um percurso bastante variado, e com oportunidades para todos, os candidatos à vitória são muitos.

 

Percurso

Etapa 1

A competição começa com uma etapa para os sprinters. É certo que o circuito final em Gumeracha (a ser ultrapassado por 2 vezes) tem uma subida de 1500 metros a 6,6% no entanto a mesma fica longe da meta. Mesmo que alguém descole tem 30 quilómetros para voltar ao pelotão e lutar pela primeira vitória da temporada.




Etapa 2

Mais um dia em circuito, este em torno de Tanunda. Um circuito com 3 passagens pela meta e o mesmo número de passagens por uma contagem de 1ª categoria com 2800 metros a 6,6%, que na última passagem fica a 25 quilómetros da chegada. Em princípio, mais uma chegada para os sprinters, como vem sendo o histórico mas não com todos, devido às dificuldades e ao ritmo que diversas equipas deverão impor.

 

Etapa 3

As dificuldades continuam a aumentar, com os finais em circuito a manterem-se. Uraidla é o palco de todas as decisões, numa etapa que deverá ser resumida aos últimos 10 quilómetros, por culpa da Pound Reserve (2,7 kms a 7,7%). Já será um teste sério para a classificação geral, com o topo localizado a menos de 6 quilómetros da chegada, um final que será muito rápido, quase sempre em ligeira descida após a contagem de montanha.

 

Etapa 4

Tradicional chegada a Victor Harbor, com um percurso que pode causar surpresas. Ainda assim, só com uma corrida super atacada não deverá haver sprint ainda com pelotão relativamente bem composto. Parawa Hill (3 kms a 6,9%) ainda está bem longe da meta, as diferenças terão de ser feitas em Nettle Hill, que está a 22 kms do final. São 1800 metros a 8,4%, em que os últimos 500 metros serão acima dos 11%, o problema é a distância até ao risco de meta e é possível que se organizem perseguições. A 10 quilómetros do fim ainda há uma pequena colina com 2400 metros a 3,3%.

 

Etapa 5

Chega a etapa rainha, no clássico final em Willunga Hill! Com uma dupla passagem por esta complicada subida de 3300 metros a 7,4% de inclinação média, a luta final pela classificação geral vai ser feita neste local. Esforço curto mas muito intenso e a alta velocidade, é preciso saber gerir muito bem a capacidade física e preparar o ataque para a hora e local certos.




Etapa 6

É na cidade de Adelaide que a 25ª edição do Tour Down Under terá o seu final. Uma etapa em estilo de critério, apenas 90 quilómetros, num circuito de 4,5 quilómetros a ser percorrido 20 vezes.

 

Tácticas

À primeira vista parece uma edição um pouco mais dura e aberta do que em 2024, para além da tradicional chegada a Willunga Hill, que também irá ocorrer este ano, apenas houve o Mount Lofty, que também não fez diferenças por aí além. Nesta edição há a passagem por Pound Reserve, com o cume a 6 kms da meta, os corredores vão encarar o topo da subida como o final da etapa e depois, na descida, caso não haja uma organização na perseguição pode exponenciar um pouco as diferenças. Depois a jornada 4 é algo armadilhada, aí pode entrar em acção a profundidade do alinhamento, Nettle Hill pode fazer algumas diferenças e uma equipa como a Israel ou até a Jayco podem tentar alguma coisa.

 

Favoritos

Jhonatan Narvaez – Já esteve muito próximo no ano passado e é alguém que se adapta na perfeição a este tipo de percursos. Muito explosivo, capaz de ir às bonificações, um trepador competente e que está muito motivado pelo facto de ter mudado de equipa, terá Jay Vine e Marc Soler para fechar espaços e desta forma poder aplicar o seu poderoso sprint.

Stephen Williams – Vencedor de 2024 num exibição algo surpreendente pelo seu domínio, viria a demonstrar ao longo da temporada que não foi por acaso e que de facto deu 2 passos à frente na sua afirmação como puncheur e principalmente na consistência como ciclista. Parece ser um grande objectivo para ele, até pela equipa bastante forte que a Israel trás, das mais fortes aqui presente com Woods, Bennett, Strong, Clarke e Schultz.

 

Outsiders

Mauro Schmid – Esta é uma corrida muito importante para a Jayco, que vem com uma armada composta por Plapp, Harper e precisamente Mauro Schmid. Considero que o suíço tem as características necessárias para estar aqui entre os melhores, não sendo um dos melhores trepadores, é algo explosivo e tem mostrado sinais constantes de progressão, se está no alinhamento é porque está em forma. Foi 5º aqui em 2023.




Oscar Onley – Conhece bastante bem a subida de Willunga, ganhou aqui no ano passado, claudicando posteriormente no Mount Lofty. Precisa de repetir a exibição em Willunga e depois estar mais consistente no resto da prova. Globalmente foi muito sólido nas corridas de 1 semana em 2024 e espero que assim se mantenha.

Jay Vine – Um corredor capaz de estar desaparecido muito tempo e depois surgir com grandes vitórias, foi o grande vencedor do Tour Down Under em 2023 batendo um Simon Yates muito forte, se replicar uma exibição dessas então é bem possível que volte a levar o título para casa.

 

Possíveis surpresas

Luke Plapp – Como sempre, andou muito bem nos Nacionais, tanto no contra-relógio como na prova de estrada, mas também tinha acontecido o mesmo em anos anteriores e depois o rendimento não é o mesmo no Tour Down Under. Fica sempre aquela sensação que estas subidas entre os 5 e 10 minutos, bem explosivas não são a praia de Plapp, ele nunca ganhou uma corrida profissional fora dos Nacionais.

Finn Fisher-Black – Uma das grandes incógnitas, mudou este ano de equipa, da UAE Team Emirates para a Red Bull-Bora para tentar ter mais oportunidades, no papel tem condições para andar bem aqui. Conhece bem o clima e as estradas, é explosivo, no ano passado fez 10º em Willunga Hill.

Corbin Strong – Acho sempre que um ciclista com estas características pode, no momento de forma perfeito, surpreender aqueles que sobem melhor, um pouco à medida de Daryl Impey há uns anos. Strong tem melhorado aos poucos neste terreno e somando bonificações depois pode tentar aguentar-se em Willunga caso aconteça alguma coisa com Williams.

Laurence Pithie – Com características semelhantes às de Strong, potente finalizador, especialista em clássicas, tem tudo para obter algumas bonificações. Em 2024, perdeu cerca de 50 segundos em Willunga e depois andou com os melhores no Mount Lofty, apenas tem de se defender melhor na mais emblemática subida desta corrida.




Paul Lapeira – Deu claramente um grande passo em frente na sua evolução em 2024 e quer confirmar isso aqui. Brilhou nas clássicas francesas, fez 5º na Amstel Gold Race e 11º na Liege-Bastogne-Liege, estas subidas são um pouco mais longas, mas penso que dentro do alcance do gaulês.

Magnus Sheffield – Ainda não se percebeu muito bem para onde o talentoso norte-americano quer ir com o seu perfil como ciclista. 4º aqui em 2023, gostaria se houvesse aqui um contra-relógio, acho que o top 5 é o limite para ele aqui.

Dylan van Baarle – Será o líder da Visma aqui, ainda que haja que ter cuidado com o jovem Tijmen Graat. Van Baarle é um sólido candidato ao top 10, já foi 16º em 2019 e 5º em 2020.

William Junior Lecerf – Por vezes o Tour Down Under é palco para a afirmação dos mais jovens depois de uma boa preparação onde evoluíram bem, pode ser esse o caso do talentoso belga da Soudal-Quick Step, que na fase inicial de 2024 esteve muito bem em provas de menor dimensão.

Sergio Higuita – Se a Astana conseguir recuperar a melhor versão do pequeno colombiano, vejo-o a voar nestas subidas e a ser um perigo para a classificação geral, mas parece claramente ser aquele corredor que faz pódio ou nem se vai ver na corrida.

Andrea Bagioli – Tenho muita expectativa para ver o que consegue fazer o italiano depois de uma época claramente desapontante para as suas aspirações. Alguém que já fez pódio na Lombardia, estas subidas não estão acima das suas capacidades, já vi surpresas maiores no circuito.

 

Super-Jokers

Os nossos super-Jokers são: Albert Philipsen e Lukas Nerurkar.




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