A Mitchelton-Scott teve, em certos aspectos, a sua melhor temporada de sempre. Foi a confirmação da mudança na tipologia da equipa.Aquela que começou por ser uma formação que apostava nas clássicas e nos sprints, passou a apostar quase tudo nas classificações gerais das Grandes Voltas e afirmou-se precisamente aí. Pela primeira vez na sua história,triunfou numa prova de 3 semanas.
O autor desse feito foi Simon Yates. Já em Maio o ciclista britânico tinha ameaçado, ao dominar durante 2 semanas o Giro, somando mesmo 3 vitórias em etapas. No entanto, com tantos contra-relógios, o desgaste à procura de ganhar vantagem sobre Chris Froome e Tom Dumoulin foi demasiado. No entanto, na Vuelta, tanto Simon Yates como a Mitchelton-Scott mostraram que aprenderam a lição, que é necessário gerir muito bem as forças e as energias e fizeram uma Vuelta praticamente sem falhas. Simon Yates também foi 2º no Paris-Nice, 4º na Volta a Catalunha e 2º na Volta a Polónia. Foi claramente um dos ciclistas do ano.
Houve mais ciclistas em muito bom plano. Tanto no Giro, como na Vuelta, Simon Yates bem pode agradecer a ajuda de Jack Haig. O australiano,2º na Volta a França do Futuro em 2015, foi incansável e muito consistente. Nãotanto na alta montanha, mas Damien Howson também trabalhou imenso, e de uma forma muito visível. Daryl Impey também conseguiu a sua melhor temporada,ganhou no Tour Down Under, sagrou-se duplo campeão nacional e ainda ganhou 1 etapa no Criterium du Dauphine. E Roman Kreuziger andou muito apagado, mas como é seu apanágio, apareceu sempre nas maiores competições, ao ser 2º na Amstel Gold Race, 4º na Fleche Wallonne e 8º na Liege-Bastogne-Liege.
No entanto, alguns corredores pioraram o seu rendimento face a anos anteriores e face ao esperado. Matteo Trentin foi muito irregular,esteve muito mal nas clássicas e só somou 2 triunfos ao longo do ano, 1 deles o campeonato europeu de estrada ao serviço da selecção italiana. Adam Yates falhou nos momentos decisivos, ficou com a liderança no Tour e não conseguiu corresponder, após ter estado bem nas provas de 1 semana. Esteban Chaves continua uma sombra de si mesmo, e desapareceu psicologicamente e fisicamente após o brilharete de 2016. Luke Durbridge estagnou e não conseguiu apresentar a evolução que se lhe augurava nas clássicas. Por fim, 3 vitórias, só 1 delas no World Tour, para um sprinter com os pergaminhos de Caleb Ewan é manifestamente pouco, e o sprinter australiano acabou por ser dispensado.
E essa é mesmo a principal mudança, Caleb Ewan saiu, saindo também o principal sprinter da equipa, sendo que agora Matteo Trentin e LukaMezgec ficam com essa responsabilidade (apesar de estarem num patamar inferiora Ewan). A política de contratações foi muito clara, uma renovação a pensar no apoio aos homens da classificação geral. Primeiro, 2 jovens contrarrelogistas,com muita margem de progressão (Callum Scotson e Edoardo Affini), depois outro jovem, Nick Schultz, mais virado para a média montanha. E ainda 2 corredores experientes como Dion Smith e Brent Bookwalter, muito completos,para ajudar em todo o tipo de terreno. Tsgabu Grmay é uma contratação que não entendemos muito bem, pois aos 27 anos já passou por muitas equipas sem grandes resultados de referência.