Alpecin-Deceuninck
Mais um ano com a equipa belga a apostar tudo nas suas grandes figuras para vencer etapas e conquistar a camisola verde. Jasper Philipsen é o homem para os sprints, não está a fazer uma grande temporada com apenas 2 triunfos mas já no ano passado foi igual e chegou aqui para brilhar. Acreditamos que volte a aparecer em grande, numa equipa muito focada em si, com um comboio composto por Gianni Vermeersch, Jonas Rickaert e Kaden Groves.
Mathieu van der Poel também irá ajudar quando for preciso, só que terá muito mais oportunidades que o normal. A primeira semana é perfeita para o neerlandês, ele que se tem queixado de falta de etapas ao seu jeito no Tour, tem finalmente oportunidades para brilhar. Tem trabalhado muito em direção a este objetivo, já esteve a um grande nível no Dauphine. Emiel Verstrynge faz a estreia em Grandes Voltas, um ciclista de muito trabalho a par de Xandro Meurisse e Silvan Dillier.
Previsão: A equipa belga não falha nos grandes momentos e os seus líderes também não. Jasper Philipsen vai vencer uma etapa e Mathieu van der Poel duas etapas, andando ambos na luta pela camisola verde.
Arkéa-BB Hotels
Quem sabe talvez não seja o último Tour desta histórica equipa e, como tal, esperamos muita combatividade. Kevin Vauquelin já disse que não vem a pensar na geral, o que na nossa opinião é o correto. Tem muitas etapas ao seu jeito, escolhendo as fugas certas, poderá vencer tal como em 2024. Cristian Rodriguez não é um ciclista tão ofensivo mas é um trepador mais puro, deverá ser o homem para a geral.
Ewen Costiou está a ter uma temporada interessante, deverá ser um ciclista muito combativo na média montanha a par de Mathis le Berre e Raul Garcia Pierna. Longe vão os anos em que Arnaud Demare era candidato a vencer etapas ao sprint no Tour, o francês está numa fase diferente da carreira, lugares honrosos já será positivo. Amaury Capiot e Clement Venturini serão o seu comboio mas não nos admiramos que também sprintem, a luta pelos pontos UCI pode levar a esse cenário.
Previsão: A correr em casa, esperamos muita combatividade. Kevin Vauquelin chega em grande forma e vai conseguir vencer uma etapa a partir de uma fuga.
Bahrain – Victorious
Uma equipa com vários objetivos. Santiago Buitrago é a aposta para a geral, o colombiano procura melhorar o 10º lugar do ano passado, no entanto os indícios deste ano não são positivos, tem tido uma temporada bastante irregular. Lenny Martinez será o seu apoio, o francês irá focar-se em vencer etapas, como tão bem tem feito nas provas World Tour desta época. Jack Haig, muito mais experiente, é a restante peça do bloco de montanha.
Para os sprints há Phil Bauhaus, alemão bastante possante que num dia perfeito até pode vir a conseguir surpreender, só que com o nível tão alto não se avizinha tarefa fácil. Será guiado por Robert Stannard e Fred Wright. Este último terá, também, as suas chances nas etapas de média montanha, a par de Matej Mohoric, dois caça-etapas de muita qualidade que andam afastados dos melhores resultados. Talvez falte o click para voltar às boas exibições. O veterano Kamil Gradek completa o elenco.
Previsão: Lenny Martinez está a ter um ano recheado de vitórias e vai acabar por vencer uma etapa de montanha. Santiago Buitrago vai estar discreto mas, mesmo assim, terminar no top 10 final.
Cofidis
A formação francesa está embrulhada na luta pela manutenção e traz grande parte dos seus pesos pesados. Apesar de tudo, não esperamos muito, já são ciclistas veteranos que apenas têm aparecido a espaços, será preciso muita “magia”. Dylan Teuns e Ion Izagirre já brilharam em Tours passados mas têm tido temporadas horríveis. Emanuel Buchmann melhorou os seus resultados em 2025, mas o trepador alemão já não é o mesmo de quando foi 4º, um top-20 é o melhor que pode conseguir.
Bryan Coquard tem tido oportunidades todos os anos, mas tem ficado sempre perto e, com o passar dos anos, a tarefa torna-se mais complicada. Damien Touzé e Alexis Renard farão o pequeno comboio, mas não seria de estranhar ver Renard ter as suas chances, o francês está a ter um 2025 muito positivo. Esperamos muita combatividade mas também sem efeitos práticos por parte de Benjamin Thomas.
Por fim há Alex Aranburu, que pode vir a ser o salvador. O basco teve uma primavera de grande nível, venceu no País Basco, mas desde aí que se eclipsou um pouco. Existem muitas etapas de média montanha perfeitas para as suas características e sendo Aranburu uma caixinha de surpresas, andar a lutar pela vitória não ser de todo descabido.
Previsão: Ataques, ataques e mais ataques mas sempre sem resultados práticos. Alexis Renard será o elemento mais da equipa gaulesa.
Decathlon AG2R La Mondiale Team
Após uma excelente Volta a Suíça, Felix Gall chega motivado para conseguir um resultado, pelo menos, igual ao de 2023 quando venceu uma etapa e fez top-10 final. O austríaco terá de sofrer na primeira semana, aquelas etapas serão muito difíceis para si. Na alta montanha consegue transformar-se num dos melhores trepadores. Clément Berthet, Bruno Armirail, Callum Scotson e Aurelien Paret-Peintre serão o apoio de Gall mas será possível todos terem as suas oportunidades em fugas, são corredores muito combativos e a AG2R não corta as pernas aos seus ciclistas.
Stefan Bissegger e Oliver Naesen serão fundamentais para guiar Gall nas primeiras etapas, muito experientes em clássicas, os dois classicómanos foram trazidos a pensar nesse momento. Por fim, Bastien Tronchon tem o merecido prémio devido ao grande 2025 que está a fazer. O puncheur francês tem tido excelentes resultados no World Tour e numa fuga ideal para sonhar com a vitória.
Previsão: Felix Gall retomou a confiança e isso será fundamental neste Tour, o que lhe vai valer o top 10 final.
EF Education – EasyPost
Richard Carapaz era para ser o líder, no entanto problemas estomacais afastaram o equatoriano da Grande Boucle. Com ou sem Carapaz, o objetivo seria sempre vencer etapas e é com um elenco muito talhado para isso que chegam a França. Neilson Powless para as etapas de média montanha e Ben Healy para os dias mais duros são as principais peças, dois dos melhores caça-etapas do pelotão internacional, principalmente o irlandês com aqueles solo brutais.
Alex Baudin mostrou boas pernas nas subidas do Dauphiné, também é alguém a ter debaixo de olho. Vincenzo Albanese venceu aí mas o Tour é outra história e com Marijn van den Berg na equipa, deverá ser o neerlandês o sprinter de serviço. Depois sobram 3 caça etapas para as tiradas planas/pequenas dificuldades, falamos de Harry Sweeney, Kasper Asgreen e Michael Valgren. Estes dois últimos são dos mais experientes do pelotão, duas raposas velhas. O destaque vai para Asgreen, ainda há menos de dois meses venceu de forma inesperada no Giro e já o fez no Tour.
Previsão: O all-in nas fugas vai valer muitos pódios em etapa. A desejada vitória vai surgir por intermédio do inconfundível Ben Healy, depois de mais um brilhante solo.
Groupama – FDJ
Marc Madiot não vem com a ambição de outros anos, Guillaume Martin não está ao nível de Thibaut Pinot e David Gaudu, é irrealista pensar num top 5 final e até vencer uma etapa. O francês irá fazer a sua corrida, ficar na cauda do top 10 é possível mas muito improvável devido a este traçado e à forma como corre. Seria mais sensato focar-se nas fugas das etapas de montanha, numa equipa que também tem Valentin Madouas, que ainda está a ter um ano mais fraco.
Romain Gregoire estreia-se no Tour e é a aposta mais séria para vencer uma etapa. Apesar de tudo, terá muitos rivais e com mais qualidade, será preciso antecipar os ataques dos favoritos. O apoio de Quentin Pacher será importante, um puncheur muito mais experiente. Para os sprints há Paul Penhoet, mais um jovem que faz a estreia e tem sido uma das apostas sérias de Madiot. Com um crescimento sustentado, Penhoet poderá almejar alguns top-10 mas mais que isso é demais. Lewis Askey será a alternativa, principalmente para as etapas mais duras. Cyril Barthe e Clement Russo serão os gregários de serviço.
Previsão: Romain Gregoire vai conseguir alguns lugares honrosos mas nada mais que isso. A restante equipa estará discreta e vai passar ao lado da corrida.
INEOS Grenadiers
Antigamente a equipa britânica era vista como uma das principais ameaças para a geral, estamos numa fase diferente, a INEOS teve que se adaptar e, em 2025, tem estado muito mais ofensiva. Carlos Rodriguez volta a ser a aposta para a geral, 5º em 2023 e 7º em 2024, parece ter estagnado um pouco quando se pensava que ia dar o salto. O espanhol tem muita qualidade, veremos se não volta a quebrar na terceira semana, tem pecado por isso.
A fazer o último Tour, Geraint Thomas deverá ser um dos principais gregários de Rodriguez mas também terá as suas oportunidades. Thymen Arensman e Tobias Foss vão ser ciclistas para ser usados de forma mais ofensiva, tal como aconteceu no Giro com o neerlandês, a equipa britânica tem conseguido colher os frutos destas táticas.
Filippo Ganna estará focado no primeiro contra-relógio, a partir daqui terá um papel mais livre, e até pode vir a ter mais protagonismo aí que na sua especialidade. Axel Laurence e Samuel Watson, dois ciclistas com boa ponta final em dias mais duros e finais mais complicados, terão as suas chances mas não terão tarefa fácil. Connor Swift completa o elenco, um ciclista de equipa e muito trabalho.
Previsão: Carlos Rodriguez é um ciclista de Grandes Voltas e vai acabar por terminar no top 10 final. Veremos uma versão muito ofensiva da equipa com Filippo Ganna a roçar a vitória em várias etapas.
Intermarché – Wanty
Tem sido uma temporada muito penosa para a equipa belga, as grandes figuras não estão a corresponder e poucos são os ciclistas que têm rendido. Biniam Girmay fez um brilharete em 2024, venceu 3 etapas e a camisola verde, os indícios deste ano apontam para o oposto. Tem sido um ano muito fraco, as vitórias ainda não apareceram e mesmo os pódios são escassos. Vito Braet e Hugo Page vão guiar o eritreu mas este é um comboio relativamente fraco, será fácil Girmay perder-se do mesmo.
Louis Barré tem tentado remar contra a maré, o jovem francês está a ter um ano de afirmação no pelotão internacional, um corredor que se adapta muito bem ao terreno ondulante, pelo que terá muitas oportunidades. Georg Zimmermann vem de ganhar os nacionais da Alemanha, a confiança está em alta e para este tipo de ciclistas é fundamental. O combativo alemão vai tentar muitas vezes, está a subir muito bem em 2025, o milagre da equipa pode estar aqui. Laurenz Rex, Jonas Rutsch e Roel van Sintmaartensdijk serão, essencialmente, gregários.
Previsão: A toada negativa da equipa belga vai-se manter, será um Tour em contraste com o do ano passado, com resultados escassos.
Israel – Premier Tech
Pascal Ackermann ganhou uma nova vida no Tour do ano passado, vários pódios quando menos se esperava. Conseguirá o mesmo este ano? Apenas 19 dias de competição, uma temporada muito discreta, algo se passa com o alemão. Não seria de estranhar ver Jake Stewart assumir o papel de sprinter, o britânico venceu no Dauphine (é certo contra concorrência mais fraca), gosta de correr em França e estará muito motivado. Guillaume Boivin será o guia nos finais planos.
Depois há o foco nas etapas de média e alta montanha. Michael Woods e Alexey Lutsenko são os ciclistas com mais currículo mas não são os mesmos de outros anos, não esperamos muito. Krists Neilands é muito combativo mas há sempre alguém mais forte. O talento Joe Blackmore faz a estreia em Grandes Voltas, muita qualidade mas terá de aprender bastante, será essencial ganhar experiência neste tipo de competição mas não nos admiramos se conseguir resultados interessantes. Matis Louvel irá desdobrar-se em muito trabalho.
Previsão: Com um elenco destes não se podem esperar milagres. Será um Tour relativamente discreto para a formação israelita.
Lidl – Trek
Após um Giro brilhante a equipa norte-americana vai tentar o mesmo no Tour, com um elenco focado em várias frente. Mattias Skjelmose é a aposta para a geral, o dinamarquês passou por problemas de saúde recentemente, regressou com vitória em Andorra mas as dúvidas devem ser muitas pois o seu apoio é pouco. Quinn Simmons e Toms Skujins podem ajudar mas estão longe de ser trepadores. Posto isto, não seria de estranhar ver estes 3 focarem-se nas fugas das etapas de média e alta montanha onde, com toda a certeza, seriam dos principais candidatos.
Jonathan Milan estreia-se no Tour e logo com vários objetivos: vencer etapas, envergar a camisola amarela e a classificação por pontos. O possante italiano terá muita pressão nos seus ombros mas não costuma falhar nos grandes momentos, ainda para mais com um comboio tão forte e com tanta química com Jasper Stuyven, Edward Theuns e Simone Consonni. Por fim, ainda há Thibau Nys. O talento belga tem muitas etapas ao seu jeito na primeira semana, já fala disso há muitos meses e é daqueles corredores que costuma preparar os seus objetivos meticulosamente, não vai querer desapontar a sua equipa.
Previsão: Será mais uma Grande Volta de muito nível! Jonathan Milan vai vencer 2 etapas e Mattias Skjelmose também vai vencer uma tirada, depois de ficar de fora da geral.
Lotto
Uma equipa que está por mérito neste Tour mas pelo que fez na última temporada, se fosse contar 2025 nunca estaria à partida. Tem sido um ano horrível para a formação belga, nenhum ciclista tem estado à altura dos acontecimentos. Entre lesões, doenças e fracas exibições, Arnaud de Lie tem apenas 1 triunfo em 2025, uma época abaixo do esperado para o “Touro de Lescheret”. Mesmo bem seria difícil ombrear com os puros sprinters, assim ainda mais difícil se torna. Jarrad Drizners e Jasper de Buyst farão o comboio.
Lennert van Eetvelt é o ciclista para as etapas de montanha. Não está a ter um ano muito vistoso, mesmo assim foi 8º na Catalunha e 15º na Romandia. Focando-se em determinadas etapas, principalmente nas chegadas de montanha mais explosivas, a vitória não é uma miragem. Edoardo Sepulveda é o seu único apoio. Jenno Berckmoes vem de uma Volta a Bélgica, jovem puncheur que tem conseguido algum destaque no Europe Tour mas o Tour de France é outro nível. Brent van Moer é muito combativo, tentará nas etapas mais planas e Sebastian Grignard será o gregário de serviço nas etapas planas.
Previsão: Um Tour fraco, à imagem da temporada de 2025.
Movistar Team
A equipa espanhola está a fazer uma temporada positiva e coloca aqui a carne toda no assador. Enric Mas esteve bem na Catalunha e no País Basco, mais discreto nesta preparação para o Tour tanto no Dauphiné como em Andorra, o top 10 será o objectivo e não será fácil alcançar. Quando Enric Mas faz este calendário, há a sensação que está no Tour quase como preparação para a Vuelta e nesse sentido quase seria mais sensato ir à procura de vitórias em etapa até porque esta primeira semana cheia de vento e colinas não é a sua imagem.
Existe muito entusiasmo e expectativa em redor de Ivan Romeo, novo campeão nacional de estrada, com as suas capacidades vai ser um ciclista muito perigoso nas fugas porque não lhe podem dar 10 metros de vantagem dentro dos quilómetros finais. Nelson Oliveira, Gregor Muhlberger e Will Barta são corredores muito experientes, Pablo Castrillo tem aqui uma primeira aventura no Tour e Einer Rubio vem de um bom Giro para tentar ajudar Enric Mas no que puder. Ivan Garcia Cortina pode tentar algo nos sprints em grupo reduzido.
Previsão: Enric Mas nunca teve no Tour a sua grande prova e vai voltar a falhar, perdendo muito tempo nos primeiros 10 dias. Irá focar-se nas fugas mas não é um ciclista ofensivo, mais depressa Ivan Romeo vai estar perto de triunfar.
Red Bull – BORA – hansgrohe
Este alinhamento é o assumir que a equipa não está aqui para lutar pela vitória, nem sequer pelo pódio, há uma descrença em redor de Primoz Roglic que se sente no ar. Quando uma equipa vem com (supostamente) 2 objetivos, a geral e os sprints e depois vem com 3 ciclistas para a montanha e 5 para os sprints a mensagem que passa aos seus trepadores é claramente aguentem-se na roda e logo vemos o que conseguimos na geral.
Roglic não está ao nível de Pogacar e Vingegaard, nem mesmo ao nível de Remco Evenepoel e a equipa sabe disso, ainda por cima depois das mazelas do Giro, daí não perceber a sua presença aqui quando podia estar a preparar a Vuelta com mais afinco, deixando Lipowitz liderar no Tour com todo o mérito. O alemão precisa dessa experiência e foi 2º no Paris-Nice, 4º no País Basco e 3º no Dauphine, mostrou uma evolução tremenda e é um sólido candidato ao top 10. Quando o terreno empinar só mesmo Vlasov poderá estar com ele para além de Roglic em certos momentos.
O outro vector de liderança é Jordi Meeus, um sprinter dos grandes momentos, já venceu no Tour quando festejou em 2023 em Paris, não é alguém que seja extremamente vencedor durante a época e aparece nas grandes competições. Uma coisa é certa, não se pode queixar do comboio, que vai ter como lançador Danny van Poppel, acabado de bater Olav Kooij e Dylan Groenewegen ao sprint para ganhar os Nacionais.
Previsão: Primoz Roglic vai voltar a falhar no Tour e será Florian Lipowitz a salvar, ao terminar no top 10 final, muito perto do top 5. Jordi Meeus vai estar perto do triunfo várias vezes.
Soudal Quick-Step
Se no ano passado o foco estava somente em Remco Evenepoel, o ano que Tim Merlier está a fazer levou a que a formação belga tivesse de trazer o poderoso sprinter ao Tour, está a ser dos melhores, senão o melhor sprinter do ano. Ainda assim, ao contrário da Red Bull-Bora, a aposta aqui é mais clara, Merlier tem com ele Bert van Lerberghe e Pascal Eenkhoorn e terá de ser suficiente para alcançar os seus objetivos, possivelmente com a ajuda de Max Schachmann na aproximação aos 3 kms finais.
Depois Valentin Paret-Peintre, Mattia Cattaneo e Ilan van Wilder estarão focados na protecção a Remco Evenepoel, cujo objectivo é repetir o pódio de 2024 e talvez aproveitar alguma desatenção ou marcação de Pogacar e Vingegaard para melhorar o resultado. Remco fez um Dauphiné onde deslumbrou no contra-relógio e desiludiu na montanha, mas se formos a comparar com 2024 até foi melhor que esse Dauphiné, quando foi derrotado copiosamente perante Roglic e Jorgenson, este ano ao menos perdeu para os seus rivais directos, mostrando menos fragilidade na montanha.
Previsão: Remco Evenepoel vai vencer uma etapa e a classificação da juventude, mas ao contrário do ano passado vai falhar o pódio, terminando em 4º. Tim Merlier para vencer três chegadas ao sprint e conquistar a camisola verde.
Team Jayco AlUla
Os dados refletem a sensação que temos tido, tem sido uma temporada desapontante da equipa australiana, que neste momento é 19ª do ranking UCI em 2025. No entanto, tudo pode mudar de repente e em 2024 tivemos, por exemplo, DSM, Arkea e TotalEnergies a ganhar no Tour. Dylan Groenewegen é figura de cartaz nos sprints, só que o neerlandês tem feito uma época mesmo muito fraca, não tem qualquer pódio no World Tour e viu-se no último fim-de-semana o quão débil fisicamente está. É verdade que é aquele corredor capaz de um bom resultado quando menos se espera, mas seria para mim uma enorme surpresa se vencesse uma etapa perante Philipsen, Merlier e Milan.
A equipa apresenta um trio de ciclistas ofensivos para as fugas, Eddie Dunbar (7º no Giro 2023 e vencedor de etapa na Vuelta 2024), Luke Plapp (vencedor de etapa no Giro) e Mauro Schmid, um corredor sempre perigoso na média montanha, recentemente campeão nacional e que vai ter algumas jornadas ao seu jeito. Ben O’Connor não impressionou rigorosamente nada até agora, o 7º lugar na Volta a Suíça não é grande referência e com a quantidade de subidas explosivas na primeira semana não me admirava se perdesse muito tempo logo aí.
Previsão: Vão tentar muito a partir das fugas e será Mauro Schmid a dar a desejada vitória à equipa australiana.
Team Picnic PostNL
Tradicionalmente é uma equipa que surpreende e que nas Grandes Voltas costuma maximizar o que tem. No Giro foi Casper van Uden a deslumbrar, desta vez trazem Pavel Bittner e Tobias Lund Andersen, mas é hora de descer com os pés à terra, já seria muito bom alguns top 5, não creio que tenham capacidade para replicar o que o neerlandês fez.
No meio de alguns jovens a ganhar experiência e do capitão Warren Barguil temos o britânico Oscar Onley, que vem de uma brilhante Volta a Suíça. Não creio que venha com intuito de discutir a geral, não há uma estrutura montada para isso, portanto a ideia é vencer uma etapa. Agora Onley tem de ponderar bem e ver qual será a sua melhor hipótese, ele é um ciclista explosivo e com boa ponta final, o problema é que se esperar até à meta no pelotão e não atacar antes ou entrar em fugas corre o risco de ser sempre batido por Pogacar. Vai ser preciso ler muito bem as circunstâncias de corrida, em caso de fuga Frank van den Broeck já mostrou que pode ser uma grande ajuda.
Previsão: Oscar Onley vai focar-se em determinadas etapas e não vai ficar longe de vencer, naquele que erá um Tour discreto por parte da equipa.
Team TotalEnergies
Em 2024 conseguiram o milagre, será que o raio atinge o mesmo sítio 2 vezes? Bom, será muito complicado devido aos escassos meios que a formação gaulesa tem. Steff Cras é o ciclista para a geral, o azarado belga espera conseguir pelo menos um top 15 com a sua consistência. Emilien Jeanniere creio que será o corredor designado a imiscuir-se nos sprints, alguns top 10 já seria bastante bom.
O resto terá liberdade plena para entrar em fugas, já se sabe que Anthony Turgis é alguém muito perigoso pela sua experiência, inteligência e boa ponta final. Alexandre Delettre é um ciclista em boa forma e a mostrar claros sinais de melhoria, teria cuidado com ele nas etapas de média montanha.
Previsão: Muitas fugas, muita combatividade e alguns lugares honrosos mas nada mais que isso.
Team Visma | Lease a Bike
As “abelhas” estão prontas para entrar a toda poderosa UAE novamente comandadas por Jonas Vingegaard, que teve a sorte de poder preparar esta competição nos seus termos. Os adeptos da modalidade estão ansiosos para ver mais um duelo entre Pogacar e Vingegaard, depois do esloveno ter saído por cima em 2021, o dinamarquês ter ganho em 2022 e 2023 e o esloveno ter reconquistado o título em 2024. Gostei de o ver no Dauphiné, impressionou no contra-relógio e depois na montanha foi minimizando as perdas para Pogacar, terminando a 1 minuto. Temos de pensar que Vingegaard tem tendência a melhorar com o passar dos dias, no ano passado foi excepção porque não se pôde preparar na plenitude das suas capacidades, e com a montanha concentrada na 3ª semana creio que isso é bom para o dinamarquês, que espera entrar perto de Pogacar nessa sequência.
Edoardo Affini e Victor Campenaerts, a par de Wout van Aert (novamente com muitos problemas de saúde antes do Tour, falhou inclusivamente os Nacionais) são os homens indicados para o proteger no terreno plano, Simon Yates não competiu entre a vitória do Giro e o Tour, espera-se que vá ganhando ritmo competitivo e vá melhorando com o passar dos dias, Tiesj Benoot é um corredor polivalente e no Dauphiné finalmente viu-se um vislumbre do que é Sepp Kuss como trepador, espera-se que melhore um pouco. Por fim, Matteo Jorgenson será o braço direito de Vingegaard, o norte-americano é um corredor ambicioso que ficou certamente desiludido com o seu rendimento no Dauphiné, quebrando nas últimas 2 etapas de montanha, principalmente quando quer fazer top 5 no Tour.
Previsão: Jonas Vingegaard vai conseguir vencer uma etapa mas não será suficiente para vencer o Tour pela 3ª vez na carreira, vai terminar em 2º. Matteo Jorgenson vai terminar no top 5 e Wout van Aert também vai conquistar um triunfo parcial.
Tudor Pro Cycling
Estreia absoluta da estrutura helvética na Volta a França! Um prémio merecido e a Tudor promete espectáculo com este alinhamento comandado pelo emblemático Julian Alaphilippe. O francês finalmente voltou ao seu melhor na Volta a Suíça, o que aumenta as expectativas para este Tour, já há muito tempo que não estava aquele nível e há muitas chegadas ao seu jeito, tem de medir muito bem o ponto de partida do seu ataque, até porque Tadej Pogacar não vai perdoar nessas chegadas duras.
Acredito que Michael Storer também venha com a ideia de conquistar etapas, até pelo alinhamento que a equipa apresenta, o australiano até deve perder algum tempo nos primeiros dias para depois ter liberdade para entrar em fugas. De Marc Hirschi não espero muito, o nível está muito alto e não tem dado grandes indicações. Para os sprints o comboio é bastante bom, com Lienhard, Trentin, Mayrhofer e Dainese, sendo que o italiano é daqueles sprinters inconsistentes, mas muito rápidos quando bem colocados, já vi surpresas maiores. Mayrhofer será a opção nos sprints mais duros, com grupos mais reduzidos.
Previsão: Na estreia, a equipa helvétiac vai dar muito espetáculo. Julian Alaphilippe vai deixar tudo na estrada, está muito motivado, mas a vitória não vai surgir.
UAE Team Emirates – XRG
Uma das melhores equipas que alguma vez estiveram à partida de uma Grande Volta. Tadej Pogacar chega ao Tour repleto de confiança depois das demonstrações de capacidade física que fez no Dauphiné, distanciando Jonas Vingegaard na montanha depois de um contra-relógio muito estranho, onde perdeu muito tempo. O esloveno tem feito uma temporada perto da perfeição, no entanto este é o duelo que está na cabeça dele há alguns meses e a batalha que todos esperavam, um Pogacar vs Vingegaard com os 2 na máxima força e com as respectivas equipas bem dotadas.
João Almeida é o braço direito e a alternativa caso aconteça algo com Pogacar, com a temporada que está a fazer é cada vez mais realista o sonho de fazer pódio no Tour, ganhou o Paris-Nice, a Romândia e a Volta a Suíça, solidificou a sua posição também internamente. Adam Yates já assumiu completamente a sua posição de gregário, um ciclista que poderia perfeitamente fazer top 10 e o mesmo se pode dizer de Pavel Sivakov. Marc Soler faz parte do núcleo duro e também já meteu na cabeça que não vai ter grandes oportunidades, enquanto Tim Wellens e Jhonatan Narvaez têm tudo para ser corredores fundamentais nas 2 primeiras semanas, no seu terreno predilecto, o belga está em grande forma, foi recentemente campeão nacional e o equatoriano impressionou no Dauphiné. Nils Politt será o ciclista designado para proteger Pogacar no terreno plano e percebe-se esta opção da UAE, o esloveno costuma estar sempre bem posicionado, eu apenas teria levado Bjerg em vez de Soler pela sua polivalência aqui também.
Previsão: Depois do brilharete do ano passado, Tadej Pogacar vai conquistar o 4º Tour da carreira, juntando mais uma mão cheia de etapas e a classificação da montanha, o esloveno adora vencer! João Almeida vai estar no apoio e ainda vai conquistar o 3º lugar, um merecido pódio.
Uno-X Mobility
É sempre um prazer ver a estrutura norueguesa no Tour, tem sido uma lufada de ar fresco nos últimos anos pela identidade e combatividade. Com Alexandre Kristoff de fora no seu último Tour a responsabilidade recai mais em Soren Waerenksjold, um corredor enigmático, tanto é capaz de ganhar uma corrida duríssima como a Omloop, como falha quase todos os sprints como no Dauphiné, ainda não deu o salto de consistência e confiança que se esperava dele. O lugar de Kristoff foi ocupado por Stian Fredheim, um jovem de 22 anos, velocista, que deu um passo em frente este ano, tem 1 vitória e 2 pódios e ganhou a vaga por mérito.
Existem vários ciclistas completos e combativos, sempre à procura de oportunidades, o polivalente Magnus Cort, o poderoso Jonas Abrahamsen, que vem de lesão recente, o próprio Andreas Leknessund e também Markus Hoelgaard, que será mais um lançador. Para a montanha estão os irmãos Johannessen, ambos deram um passo em frente em 2025. Gostaria de ver Tobias a tentar algo na geral, principalmente porque é um corredor explosivo que pode ganhar tempo importante a alguns rivais na primeira semana, pode haver uma oportunidade de um top 10 final.
Previsão: Está aqui a surpresa do top 10, com Tobias Halland Johannessen a fechar o mesmo. Será o prémio merecido para uma equipa que vai estar sempre ao ataque.
XDS Astana Team
Uma estrutura a fazer um ano incrível, está no top 5 do ranking UCI e que procura aproveitar oportunidades mesmo guardando ciclistas importantes para outras corridas. Não trazem propriamente um sprinter mas sim 3 corredores rápidos, Davide Ballerini, Cees Bol e Mike Teunissen, Bol mais para os sprints planos e Teunissen para os finais em subida.
Depois o foco será nas etapas de montanha com um conjunto de ciclistas muito ofensivos, Clement Champoussin, Sergio Higuita, Harold Tejada (um eventual candidato a um top 15 final) e até Simone Velasco. O problema que vejo para a Astana é que depois na 3ª semana haverá trepadores melhores disponíveis para as fugas e na primeira semana, com dias bons para os ciclistas da Astana, as escapadas poderão não resultar.
Previsão: A equipa cazaque tem sido uma das revelações do ano mas o Tour é outro patamar e, para além disso, o elenco não é o melhor. Muita combatividade para Champoussin e Velasco.