Após um merecido dia de descanso, o pelotão do Tour de France regressa para uma etapa bastante traiçoeira. Com uma parte final bastante complicada, teremos uma fuga a ter sucesso?

 

Percurso

Dia em torno de Toulouse, uma etapa rompe-pernas para começar a 2ª semana de competição. Os primeiros 110 quilómetros são os mais acessíveis, apenas 1 contagem de montanha e poucas colinas a dificultar a vida aos ciclistas, antes de 45 quilómetros muito mais complicados. O Côte de Montgiscard (1600 mtros a 4,9%) abre as hostilidades, seguindo-se o Côte de Corronsac (900 metros a 6,9%). Serão quase 30 quilómetros sem contagens de montanha mas não signfiica que não existam subidas.



Praticamente sem descanso, o sob e desce continua com 1400 metros a 5,2%, 1800 metros a 3,2% e 1600 metros a 4,8% a antcederem o Côte de Vieille-Toulouse (1400 metros a 6,9%). Rápida descida até à subida mais dura do dia, o Côte de Pech David (800 metros a 9,8%). No topo, ficam a restar apenas 9 quilómetros num terreno muito rápido até ao regresso a Toulouse.

 

Táticas

Regressados após o dia de descanso, o pelotão tem pela frente uma etapa bastante traiçoeira. À primeira vista até podia parecer que as equipas dos sprinters tentariam controlar, mas nem Tim Merlier nem Jonathan Milan dão garantias suficientes para ultrapassar as subidas. A Intermarché-Wanty pode pressionar, Biniam Girmay passa bem estas dificuldades e pode ter uma oportunidade clara para vencer. A chave da corrida estará na Alpecin-Deceuninck, a equipa neerlandesa tem duas grandes opções de vitória, acreditamos que primeiramente apostará em Mathieu van der Poel, a sua grande figura.

Mas também não será fácil controlar o pelotão, pelo que integrar a fuga do dia pode ser a estratégia correta. Este pode ser o tipo de etapa em que vemos cerca de 30 ciclistas em fuga, o pelotão a relaxar um pouco, tendo mais um “dia de descanso” pensando nas muitas etapas de alta montanha que aí vêm. Para muitos tipos de ciclistas as oportunidades começam a escassear, esperamos um início rapidíssimo, não será assim tão fácil a formação da fuga do dia.

 

Favoritos

Mathieu van der Poel está a ser um dos protagonistas deste Tour. O neerlandês já venceu uma etapa, esteve perto noutras ocasiões e tem mais uma chance para o fazer. É a última oportunidade em bastantes dias, Van der Poel dará tudo para estar na luta, poucos o conseguem seguir neste tipo de subidas. Tanto pode vencer no pelotão como na fuga onde até será mais difícil, todos os olhos estarão em si.

Em caso de sprint, a Alpecin-Deceunincktem em Kaden Groves um dos principais candidatos. Para um sprinter, o australiano sobe muito bem e, depois de um dia de descanso, deverá estar mais fresco para atacar esta oportunidade. Tem-se destacado neste tipo de etapas noutras Grandes Voltas, inclusive com triunfos.



Outsiders

Já com 10 dias de competição feitos, a forma de Wout van Aert estará mais apurada. O belga já fez alguns testes à condição física e até conseguiu um pódio numa chegada rápida, o melhor sprint em muito tempo. Este é o terreno ideal para Van Aert e já vimos que a Visma está disposta a colocar ciclistas em fuga. Ter um apoio na frente seria fundamental.

A Intermarché-Wanty tem tentado muito, amanhã pode ser o dia de Biniam Girmay. O eritreu tem estado bastante regular mas não tem conseguido uma grande exibição, o que também se justifica pelos sprints mais fáceis. Quando está bem, Bini passa com facilidade este tipo de subidas e, com uma equipa totalmente focada em si, terá a confiança para repetir o triunfo conseguido em 2024.

Magnus Cort Nielsen tem estado totalmente apagado neste Tour mas todos sabemos que é um ciclista muito cirúrgico. Se há etapa que pode ganhar é esta, terreno ondulante e um final plano, ideal para o dinamarquês. Muito combativo, Cort não costuma falhar quando tem as suas oportunidades e a Uno-X tem colocado sempre ciclistas em fuga.

 

Possíveis surpresas

Tadej Pogacar – o esloveno tem corrido mais na defensiva e acreditamos que o volte a fazer mas se estiver num dia em que quiser dinamitar a corrida vai fazê-lo. Entre os favoritos é o mais rápido.

Remco Evenepoel – não irá vencer em duelo direto mas pode aproveitar a marcação direta para tentar escapar, como tentou ontem. Este terreno estilo clássica é perfeito para as características do campeão olímpico.

Arnaud de Lie – esteve pela primeira vez em evidência na etapa 8, conseguindo um importante pódio. Nos seus dias este é o terreno ideal para o Touro que tem tido uma temporada para esquecer. Terá aquele resultado sido o click para o que resta de Tour?

Axel Laurance – o antigo campeão do Mundo sub-23 adapta-se muito bem a este tipo de terreno, passa bem as subidas e tem uma boa ponta final. Foi 9º no duro Mur de Bretagne, o que lhe dará confiança para amanhã.

Tobias Lund Andresen – num dia mais duro é a aposta da Picnic. O jovem dinamarquês é um ciclista muito completo e, tendo menos oportunidades, quererá aproveitar.

Jake Stewart – o britânico vem de vencer no Dauphiné e, depois de apoiar Pascal Ackermann, chegou a sua hora. Não é um ciclista ganhador mas alguém que está sempre bem colocado e entre os primeiros.



Danny van Poppel – mais que um sprinter, o campeão neerlandês gosta de dias duros. Se a corrida não for muito atacada terá hipóteses de vencer numa chegada ao sprint.

Romain Gregoire – após algum destaque nos primeiros dias, o francês volta a ter uma etapa ao seu jeito, ao estilo clássica. Será mais “fácil” vencer a partir da fuga do que no pelotão, é muito explosivo para estas colinas.

Quinn Simmons – Capitão América já tentou por várias vezes, muito combativo, irá voltar a tentar até conseguir o objetivo. Não tem medo de atacar de longe.

Julian Alaphilippe – será muito provável o antigo campeão do Mundo estar numa possível fuga mas vencer será muito complicado. A qualidade ainda lá está mas já não é a mesma de outros tempos e Alaphilippe continua a correr mais com o coração do que com a cabeça.

Simone Velasco – o italiano é um especialista de clássicas e deste tipo de terreno. A Astana tem tido um Tour muito discreto, está na hora de aparecer nas fugas.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Jonas Abrahamsen e Clement Champoussin.



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