Finalmente a alta montanha! A entrada nos Pirenéus faz-se com a subida mítica de Hautacam que já proporcionou um grande duelo entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard. Quem será o mais forte amanhã?
Percurso
A partida de Auch leva a 120 quilómetros relativamente planos, serão a fase mais fácil de toda a etapa, apenas uma curta contagem de montanha de 4ª categoria, nada de especial para o que estará reservado para os derradeiros 60 quilómetros. Tudo começa com o Col du Soulor (11,8 kms a 7,6%), logo seguido do Col des Bordères (3,3 kms a 8,1%), duas subidas já com rampas muito duras, a espaços acima dos 10%. Atingido o topo da segunda subida, restam 35 quilómetros para o fim.
Seguem-se 20 quilómetros muito rápidos, até ao sopé da grande subida do dia, uma das mais míticas do Tour, o Hautacam! Serão 13 500 metros de muita dureza, a uma inclinação média de 7,9%. Com um início “suave” (raramente ultrapassa os 7%), a maior dureza está no seu miolo com 3 quilómetros acima dos 10% de média!
Táticas
Chegou a hora da verdade, a alta montanha! O Tour de France começa a decidir a parte de amanhã, naquilo que esperamos ser uma grande etapa. Os primeiros 120 quilómetros planos deverão ser feitos a alta velocidade, não seria de estranhar ver a Visma a pegar na corrida ainda antes da chegada das subidas, sabem que têm de endurecer bastante a corrida para ter alguma hipótese. Pela UAE Team Emirates a fuga até pode chegar, no entanto se Tadej Pogacar quiser vencer aí vão-se meter ao trabalho, o esloveno tem contas a ajustar com esta subida.
A perda de João Almeida será importante para Pogacar, o esloveno fica com Adam Yates e Jhonatan Narvaez como últimos gregários, o que comparado com a Visma que no apoio a Jonas Vingegaard deverá ter Simon Yates, Matteo Jorgenson e, quems sabe, Sepp Kuss é pouco. A equipa neerlandesa tem corrido de uma forma bastante ofensiva, acreditamos que volte a fazer o mesmo, tem sido uma estratégia de pressão constante.
Favoritos
Tadej Pogacar tem contas a acertar com esta subida. Há 3 anos foi descarregado por Vingegaard e, desde aí, subiu o nível e, este ano, não foi batido pelo dinamarquês em subidas longas. Apesar da queda de hoje, a mesma não teve consequências graves, pelo que estará a 100%. A falta de João Almeida será notória, no entanto Pogacar sabe o que tem de fazer para vencer em Hautacam.
Se há alguém capaz de bater o esloveno é Jonas Vingegaard. Até agora, esteve capaz de seguir o seu grande rival, finalmente chegamos ao seu terreno predileto, é aqui que tem de fazer diferença. A Visma terá de estar forte, principalmente Simon Yates e Matteo Jorgenson. Vingegaard já foi feliz nesta subida, quererá repetir a façanha.
Outsiders
Florian Lipowitz chega ao seu terreno! Após alguma perda de tempo em chegadas mais explosivas, o alemão encontra-se algo atrasado na geral, no entanto isso também pode significar que terá alguma liberdade. Não deverá ficar amarrado a Primoz Roglic, tem feito a sua corrida. Se estiver tão bem como no Dauphiné é um perigo.
Para Felix Gall também chegou o momento da verdade. Alguma perda de tempo natural, o austríaco não é nada explosivo, chega à alta montanha onde já se destacou noutras edições do Tour. Os sinais que demonstrou na Suíça foram encorajadores, vimos a sua melhor versão em muito tempo. É um ciclista muito combativo.
Mattias Skjelmose já esqueceu a geral, é a nossa aposta da fuga. O dinamarquês está afastado o suficiente para integrar a fuga e, num grupo dianteiro será dos mais fortes. Longe de ser um puro trepador, o franzino ciclista é alguém muito completo e que sabe dosear muito bem o seu esforço ao longo das subidas.
Possíveis surpresas
Remco Evenepoel – deverá correr na defensiva, foi assim que fez nas etapas do ano passado. Sabe que vai sofrer quando chegarem os ataques dos principais favoritos.
Matteo Jorgenson – poderá ser usado como a primeira peça atacante da Visma, não acreditamos é que tenha muita liberdade por parte da UAE Team Emirates. Mesmo assim, será um ciclista importante no desfecho da corrida.
Primoz Roglic – ninguém sabe o que esperar do veterano esloveno, até agora muito discreto e, também, muito vago nas suas declarações. Apesar de tudo esperamos vê-lo em crescendo de forma.
Tobias Halland Johannessen – a moral está em alta na Uno-X e o norueguês poderá tentar novo brilharete. Já está no top-10, vai tentar defender-se e, quem sabe, tentar ainda mais, é um ciclista ambicioso.
Emmanuel Buchmann – é uma aposta arrojada, mas o alemão tem estado bastante bem, dentro do nível que tem apresentado nos últimos anos. Numa Cofidis que precisa de resultados, o experiente trepador pode tentar a sua sorte.
Ben O’Connor – esteve perto na etapa 10 mas foi demasiado ao choque e a subida final também não era para as suas características. Com subidas mais longas, o australiano poderá gerir melhor o seu esforço, apesar de nem sempre o fazer da melhor maneira.
Michael Storer – o ciclista da Tudor já esteve em 2 fugas, quando houver etapas de montanha é a aposta da equipa. Focado em vencer uma etapa, deverá continuar a tentar.
Lenny Martínez – é quase certo que estará na fuga mas também gastará mais energias que muitos pois estará a pensar na classificação da montanha. É um dia muito importante.
Santiago Buitrago – arredado da geral depois de uma queda, o colombiano parece já estar melhor, hoje tentou estar na fuga do dia. Amanhã o terreno é ideal para si, quando está em fuga costuma ser bastante letal.
Thymen Arensman – não tem sido muito regular, foi bom vê-lo na luta na etapa 10. Num dia com subidas mais longas estará mais à vontade, sabe gerir muito bem o seu esforço, não fosse ele um ciclista completo.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Sergio Higuita e Cristian Rodriguez.