Depois da montanha, uma rara oportunidade para os sprinters. Após muito sofrimento, os homens rápidos têm uma última chance para brilhar neste Tour. Quem será o mais rápido?
Percurso
No meio da montanha, uma etapa acessível. Saída de Bollène, cerca de 55 quilómetros num falso plano em ligeira subida, com o sprint intermédio a estar localizado nesta fase do percurso. Atingido o Col du Pertuis (3,7 kms a 5,1%) seguem-se 45 quilómetros mais rápidos, um falso plano mas em descida que leva à segunda e última contagem de montanha o dia, o Col de Tartaiguille (3,9 kms a 3,5%). O topo desta subida fica a 43 quilómetros do fim e o terreno torna-se muito mais acessível até à chegada a Valence.
Falando dos quilómetros finais, há 4 rotundas a serem ultrapassadas por ambos os lados entre os os 4 e 2 quilómetros para o fim, numa longa linha reta. A única curva no percurso acontece a 900 metros da chegada, uma reta da meta bem larga e longa.
Táticas
Um dia tranquilo antes do regresso da montanha, uma rara oportunidade para os sprinters, talvez a única para os verdadeiros especialistas da velocidade, já que as que restam terão dificuldades maiores que as da etapa 17. A Lidl-Trek tem mais um dia muito importante na luta pela classificação por pontos e a Soudal Quick-Step sem Remco Evenepoel vai apostar as fichas todas em Tim Merlier. Também há muitas equipas com sprinters que ainda não ganharam, poderão ajudar na perseguição aos fugitivos, pelo que uma chegada em pelotão compacto é muito provável.
Favoritos
Jonathan Milan já venceu por uma vez mas amanhã terá ainda mais pressão do que se não tivesse ganho. O italiano vê Tadej Pogacar cada vez mais próximo e sabe que só a vitória interessa amanhã, de forma a ganhar um maior conforto. A Lidl-Trek não tem estado perfeita na preparação do sprint mas o seu comboio é muito experiente, com Simone Consonni a ser fundamental.
Tim Merlier pode não ter um grande comboio mas também tem mostrado que não precisa dele. O campeão da Europa sabe posicionar-se como poucos, consegue surfar de roda em roda como poucos, e isso já lhe valeu triunfos espetaculares. Sem Evenepoel, terá mais apoio mas num final simples nem será tão importante como a ponta final que tão bem tem estado.
Outsiders
Kaden Groves tende a melhorar com o passar das Grandes Voltas, não é um sprinter puro mas recupera bastante bem a sua condição física. Já não conta com Mathieu van der Poel, será um fator importante, mas num leque de sprinters já mais reduzido e num final tão acessível não se deverá notar tanto. Procura o objetivo de carreira de vencer no Tour.
Jordi Meeus tem estado muito discreto, apenas um top-10, precisa de aparecer para justificar a sua presença. O belga é um ciclista de grandes vitórias, não vence muitas vezes, mas quando acontece é nas competições mais importantes. Já o fez na terceira semana do Tour, pelo que sabe que é capaz. Ter Danny van Poppel ao seu lado é fundamental.
Teremos Wout van Aert na disputa da etapa? O belga ainda só imiscuiu num sprint e foi 2º batido apenas por Milan. Agora, com mais uma semana de competição, mais desgaste acumulado deverá estar ainda mais perto da velocidade dos puros velocistas. Sabe-se posicionar como poucos, é importante para preservar energias.
Possíveis surpresas
Biniam Girmay – o eritreu não está na forma do ano passado e este está longe de ser um final ideal para as suas características. Ainda não mostrou capacidade para derrotar os sprinters puros, veremos se com mais dias nas pernas será possível.
Phil Bauhaus – a sua regularidade já lhe valeu alguns resultados interessantes. O alemão tem algum apoio na parte final e numa Bahrain-Victorious ainda à procura da vitória o mesmo deve continuar a aparecer.
Pascal Ackermann – nunca sabemos o que esperar de si, tanto faz um grande sprint como arrisca com um sprint longo e fica cedo arredado. É um ciclista do momento, precisa de estar bem.
Alberto Dainese – mais uma caixinha de surpresas. Já com várias vitórias em Grandes Voltas, quase todas na parte final das mesmas, só lhe falta vencer no Tour para completar a trilogia. É muito rápido, não podemos descorar a sua capacidade.
Arnaud de Lie – tem melhorado com o passar do Tour mas uma etapa e final tão acessíveis não o favorece. Um pódio já seria um lugar positivo para o belga da Lotto.
Dylan Groenewegen – muito discreto ao longo das 16 etapas já realizadas, o neerlandês não tem correspondido à crença que a Jayco tinha em si. Está a ser o espelho da época. Apesar disso, quando menos se espera pode aparecer, é um sprinter ainda com muita qualidade.
Pavel Bittner – a Picnic irá apostar no checo para as etapas planas, é a sua última chance para brilhar. Depois de tanto sofrimento nas montanhas quererá aprecer.
Stian Fredheim – o jovem norueguês está a ter a sua temporada de afirmação entre a elite, até já conseguiu um top-10 neste Tour. Muito talentoso e numa equipa confiante, podemos esperar mais.
Arnaud Demare – longe vão os tempos em que discutia e vencia etapas na Volta a França. O gaulês é a principal aposta da Arkea mas nunca equipa a precisar de pontos não deverá ter muito apoio, podem sprintar cada um por si.