A última etapa de montanha do Tour, a última chegada em alto! Dia de muitas decisões na competição francesa, numa etapa que, à última hora, acaba de ser encurtada. Voltará a fugar a ganhar ou teremos triunfo de Tadej Pogacar?
Percurso
A última etapa de alta montanha do Tour 2025 tem apenas 95 quilómetros mas muita dureza. A abrir está logo o sprint intermédio e, a partir daí, poucos são os metros planos. O Côte d’Héry-sur-Ugine (11,3 kms a 5,2%) logo seguido do Col des Saisies (13,8 kms a 6,4%) fazem a primeira sequência difícil da etapa, feita em cerca de 25 quilómetros. 17 quilómetros em ligeira subida até ao início oficial da única combinação de subidas do dia, primeiro com o Col du Pré (12,6 kms a 7,8%, com os últimos 7,6 kms a 9,2%) e depois com Cormet de Roselend (5,8 kms a 6,5%), com esta a estar a 50 quilómetros da chegada.
Longa descida, praticamente 30 quilómetros a grande velocidade até ao sopé da última grande montanha do Tour, a ascensão de La Plagne (19,3 kms a 7,2%). Esta é uma subida ao estilo dos Alpes, sem grandes variações de inclinação, sempre a rondar as pendentes médias, mas a destacar temos um miolo mais duro, com quilómetros acima dos 8,5%.
Táticas
Depois do desfecho da etapa de hoje, não há muito a dizer. Dificilmente a Visma|Lease a Bike vai ter sucesso com os seus ataques de longe, Tadej Pogacar está muito forte e, mesmo que fique isolado rapidamente, conseguirá responder porque Jonas Vingegaard também não está em modo superlativo. O facto da etapa ser curta pode convidar a ataques mas será que vão voltar a tentar para ser, novamente, derrotados? Está muito mais emocionante a luta pelo 3º lugar e, consequentemente, pela juventude.
Deste modo, e tal como aconteceu hoje, acreditamos que a fuga possa ter sucesso. A primeira sequência de subidas será decisiva para a formação da escapada, pois é de prever que a Lidl-Trek tente controlar a corrida até ao sprint intermédio. Esta é, também, a última oportunidade para os puros trepadores tentarem sair do Tour com algo positivo, será um dia muito atacado, nem que seja apenas pelos fugitivos.
O encurtamento da etapa torna a corrida mais aberta, não será tão fácil para uma fuga conseguir ganhar espaço suficiente para discutir a corrida entre si, “bastam” os quilómetros iniciais serem muito rápidos. Desta forma, os homens da geral ganham mais preponderância para uma possível vitória.
Favoritos
Sepp Kuss está de volta às boas exibições, há muito tempo que não víamos o norte-americano a andar tão bem. A Visma pode já não acreditar muito em Vingegaard e por isso virar atenção para vencer a etapa na fuga. Kuss está a subir muito bem e, tendo liberdade, será um perigo em qualquer fuga onde esteja inserido.
Não seria de estranhar ver Felix Gall estar na fuga outra vez. O austríaco adora estas etapas de alta montanha, com subidas longas, e com o top-10 separado por diferenças tão grandes não tem nada a perder ao atacar. Agora com a etapa mais curta, esta justificação ainda é mais plausível. Dá-se bem nas subidas dos Alpes.
Outsiders
Michael Storer tentou estar na fuga de hoje mas não o conseguiu. Amanhã é a última oportunidade para si, mais uma razão para estar na frente e dar tudo para vencer a etapa. A Tudor tem-se focado muito nas fugas, o australiano deverá ter apoio para estar na frente e isso será fundamental para este tipo de dias.
A estratégia da Red Bull-BORA-hansgrohe falhou hoje, amanhã será melhor colocar pressão nos rivais e voltar a lançar Primoz Roglic ao ataque. O esloveno está muito forte, estamos a ver a sua melhor versão no Tour em muito tempo, hoje aguentou bastante com os favoritos mesmo depois de ter estado em fuga.
Uma das questões para amanhã é se Tadej Pogacar quererá vencer. Se o esloveno quiser, irá colocar a UAE Team Emirates ao serviço e, no final, vai rematar com a vitória. 18 dias perfeitos, ainda não passou por dificuldades e vencer a última etapa de montanha seria o marcar de posição, confirmando, também, a conquista da classificação da montanha.
Possíveis surpresas
Jonas Vingegaard – o dinamarquês é o único capaz de derrotar Pogacar mas até agora ainda não o fez descolar. Hoje a crença terá diminuído ainda mais, mas acreditamos que volte a tentar, ainda para mais numa etapa curta e sem nada a perder.
Oscar Onley – o britânico teve um dia muito importante hoje, ganhou tempo considerável e está, cada vez, mais perto do pódio. É o tudo ou nada para Onley, está a fazer um Tour de sonho.
Florian Lipowitz – o líder da Red Bull-BORA-hansgrohe foi do céu ao inferno na etapa de hoje. Amanhã é um novo dia, deverá correr na defensiva para manter o seu lugar na geral. Tem de ser mais calculista.
Tobias Johannessen – deverá ser mais calculista mas com a vantagem que tem para os ciclistas atrás de si pode arriscar. Já o fez noutras etapas de montanha, o norueguês está recuperado do episódio do Ventoux e é muito combativo.
Thymen Arensman – mais uma etapa de montanha e mais uma vez na fuga. O neerlandês tem estado incansável nos dias de montanha, já venceu uma etapa nos Pirenéus e seria incrível fazer o mesmo nos Alpes.
Ben O’Connor – especialista de subidas nos Alpes, foi assim que conquistou 2 triunfos no Tour. Pode pagar a fatura do grande esforço de hoje, mas nesta altura de uma Grande Volta a condição física conta muito e o australiano está habituado.
Einer Rubio – estamos na praia do colombiano, hoje foi um dos mais fortes. Uma última tentativa amanhã naquela que é a melhor aposta da Movistar depois do abandono de Enric Mas.
Santiago Buitrago – mais um colombiano na lista. Buitrago já sabe o que é vencer nas terceiras semanas das Grandes Voltas, pode ter guardado algumas energias depois de não ter conseguido estar na frente.
Ben Healy – quase 10 minutos perdidos hoje, mais atrasado na geral, o que pode significar liberdade. O irlandês é perito em fugas, não o podemos ver na frente, mas também é certo que já teve um Tour bastante desgastante.
Sergio Higuita – mais um dia com um bom resultado sem tentar integrar a fuga. Talvez esteja a correr apenas para um bom resultado na geral, mas devia ter mais ambição.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Adam Yates e Matteo Jorgenson.