Chega ao fim mais uma edição do Tour e os Campos Elísios voltam a ser o palco da consagração e da disputa da última vitória em etapa. Num percurso mais duro, com passagem pela subida de Montmartre, conseguirão os velocistas sobreviver às dificuldades?
Percurso
Dia final do Tour, longe de ser a consagração habitual. Partida de Mantes-la-Ville e duas contagens de montanha de 4ª categoria até à chegada a Paris onde os ciclistas farão 3 voltas no tradicional circuito em torno dos Campos Elísios. A 48 quilómetros do fim, os ciclistas saem desse circuito e aparecem as novidades, com outro circuito a ser feito por 3 vezes.
O Côte de la butte Montmartre (1100 metros a 5,9%) é a grande dificuldade, acrescida de ser feita em grande parte em paralelo, sendo que o seu miolo tem a parte mais dura, com rampas acima dos 7%. Na última passagem restam apenas 6 quilómetros para a chegada, num terreno em descida até ao quilómetro final, quando os ciclistas voltam a estar nos Campos Elísios.
Táticas
Apesar de não ser a habitual parada do pelotão até Paris, acreditamos que seja um dia tranquilo, para as habituais fotos e festejos até à entrada dos Campos Elísios. Aí vai-se iniciar uma nova corrida, principalmente com o segundo circuito. As primeiras passagens deverão servir para endurecer a corrida, a última será atacada, de forma a deixar os sprinters que ainda restarem para trás. Se o grupo certo conseguir fugir na subida final a Montmartre, será muito difícil de alcançar pois o terreno é muito rápido até ao regresso aos Campos Elísios.
Favoritos
Wout van Aert já sabe o que é vencer nos Campos Elísios. Já o fez com o antigo traçado, porque não pensar com o novo? O belga tem tentado bastante, no entanto tem falhado sempre nos momentos certeiros. Última oportunidade para não sair do Tour de mãos a abanar e, sem a presença de Mathieu van der Poel, ganha outra preponderância. A Visma deverá endurecer a corrida ao máximo mas deixar os puros sprinters para trás.
Mesmo depois do desgaste de hoje, Kaden Groves tem de ser um dos principais candidatos. Só alguém com grande disponibilidade física consegue fazer o que o australiano fez hoje, muito forte durante toda a corrida, inclusive nas subidas. Amanhã é mais um dia importante e todos os sprinters sonham em vencer nos Campos Elísios.
Outsiders
Esta é uma oportunidade de ouro para Tobias Lund Andresen. O norueguês é muito mais que um sprinter, passa bem as pequenas dificuldades, já tem resultados interessantes nas clássicas. Num percurso com alguma dureza sairá beneficiado e o 3º lugar na etapa 17 mostra que ainda está com boas pernas.
Axel Laurance é um ciclista que tem tentado bastante e que pode ser aposta em vários cenários. Apesar de ser um ciclista rápido, não nos admirávamos de ver o francês a atacar, sabe que terá mais hipóteses de vencer dessa forma do que num grupo mais numeroso. A INEOS tem corrido de uma forma muito ofensiva, também poderá ajudar a endurecer a corrida.
Jordi Meeus é alguém que também já venceu nos Campos Elísios. Quando está bem, o belga consegue passar sem grandes dificuldades estas colinas e, se ainda está em prova é porque está motivado para tal. Sentiu que perdeu uma grande oportunidade na etapa 17, quererá redimir-se do erro que cometeu.
Possíveis surpresas
Jonathan Milan – com a camisola verde garantida de forma virtual pode correr com menos pressão. Se a corrida for muito atacada não terá muitas hipóteses, caso contrário é um dos principais candidatos.
Biniam Girmay – não é o mesmo de 2024, quando passava este tipo de subidas sem grandes dificuldades. Apesar de tudo continua a ser muito regular e ainda procura a vitória que lhe tem escapado.
Tim Merlier – o campeão da Europa não terá tarefa fácil, quando a estrada inclina sente sempre algumas dificuldades. Terá uma equipa totalmente no seu apoio, pode ser fundamental para recolagens.
Arnaud de Lie – não mostrou a sua melhor versão nas últimas duas etapas, descolando sempre bastante cedo. Podem ter sido apenas dias maus, pois tem um traçado ideal para as suas características.
Paul Penhoet – nas provas do calendário francês consegue estar sempre na disputa deste tipo de etapas. Se aguentou até aqui estará confiante de um bom resultado para salvar o Tour da Groupama-FDJ.
Thibau Nys – se Milan ficar para trás, o talentoso belga pode ter a sua oportunidade. Também pode ser alguém usado para marcar ataques, é um ciclista muito explosivo para este tipo de terreno.
Julian Alaphilippe – é quase certo vermos o francês a atacar nas ruas de Paris, se isso não acontecer algo estará errado. O problema é que não tem a capacidade de outros anos e dificilmente conseguirá ficar isolado e fugir até à meta.
Tadej Pogacar – se estivesse 100% motivado não tínhamos dúvidas que iria atacar e até poderia chegar isolado. Neste cenário é mais duvidoso mas estamos a falar de Pogacar e vencer de amarelo nos Campos Elísios seria um sonho.
Jonas Abrahamsen – um dos melhores roladores do pelotão, não lhe podem dar um metro. Se ataca na parte final poderá ser difícil de apanhar.
Jhonatan Narváez – a UAE Team Emirates pode dar liberdade aos seus ciclistas e este é um perfil perfeito para as características do equatoriano, a fazer lembrar as clássicas. É muito rápido em grupos restritos e está a subir melhor que nunca.
Quinn Simmons – um dos grandes combativos do Tour. Deverá estar focado no apoio a Milan, não acreditamos que tenha muita liberdadem senão tinha aqui uma boa hipótese para surpreender os principais velocistas.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Sam Watson e Kasper Asgreen.